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Mostrando postagens com marcador PCAOB. Mostrar todas as postagens
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22 julho 2025

Botic é o novo nome do PCAOB

George R. Botic foi nomeado Membro do Conselho do Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) pela Securities and Exchange Commission em setembro de 2023 e empossado em 25 de outubro de 2023. Seu mandato atual expira em 24 de outubro de 2028.

O Conselheiro Botic é Contador Público Certificado e atua no PCAOB desde 2003. Antes de sua posse como Membro do Conselho, ele foi Diretor da Divisão de Registro e Inspeções (DRI) do PCAOB, que inclui os programas de inspeção de Firmas de Redes Globais, Firmas Não Afiliadas e Firmas de Auditoria de Corretoras, bem como o programa de registro. Ele supervisionava o registro e a inspeção de todas as firmas de auditoria domésticas e estrangeiras que auditam companhias abertas cujos valores mobiliários são negociados nos EUA, assim como todas as auditorias de corretoras.

Antes de ser nomeado Diretor da DRI em 2018, Botic atuou como Diretor do Escritório de Assuntos Internacionais do PCAOB e como Assessor Especial do ex-Presidente James R. Doty. De 2003 a 2014, ocupou diversos cargos na DRI, incluindo o de Diretor Adjunto. No início de sua carreira, foi gerente sênior na PricewaterhouseCoopers.

Botic é bacharel em Ciências Contábeis pela Shepherd University e mestre em Contabilidade pela Virginia Tech.

Nessa página está como membro do BoardMas aqui é dito que é o novo Chair. Solução interna, portanto, que atuou com o ex-Doty. 

21 julho 2025

As realizações de Williams no PCAOB


 Sobre a mudança no PCAOB, do Going Concern

Faltando reconhecimento específico para Williams e mais focado em como o PCAOB está ótimo agora, o comunicado de imprensa está cheio dos maiores feitos do PCAOB sob sua gestão, como:

  • Garantir acesso completo para inspecionar e investigar empresas sediadas na China pela primeira vez na história e instaurar ações de fiscalização recordes contra empresas chinesas.

  • Lançar um esforço concentrado para melhorar a qualidade das auditorias, o que ajudou a obter melhorias significativas nas taxas de deficiência entre as firmas de auditoria.

  • Aumentar a transparência nos relatórios de inspeção e publicá-los quase um ano antes, permitindo que investidores, comitês de auditoria e outros tenham acesso a informações valiosas mais rapidamente.

  • Tomar mais ações formais para modernizar normas e regras do que qualquer outro Conselho desde a criação do PCAOB, finalizando sete projetos que cobriram 24 regras e normas.

  • Aplicar sanções recordes, enviando uma mensagem clara de que haverá consequências severas para quem colocar os investidores em risco. [Nota do editor: As maiores sanções nos últimos anos foram por “cola”, ou seja, funcionários de auditoria compartilhando respostas de treinamentos internos, muitas vezes enquanto suas firmas recebiam notas perfeitas, com zero deficiências, nas inspeções do PCAOB.]

  • Colaborar com os funcionários para tornar o PCAOB um local melhor para se trabalhar, levando a um aumento de 30 pontos percentuais no número de funcionários que recomendariam o PCAOB como um ótimo lugar para trabalhar.

  • Reimaginar o relacionamento com as partes interessadas, reconstituindo o Investor Advisory Group e o Standards and Emerging Issues Advisory Group e criando o primeiro Office of the Investor Advocate independente.

  • Conceder o maior valor de bolsas de estudo por mérito a estudantes de contabilidade na história do PCAOB.

Não mencionado no comunicado de imprensa está o que o Wall Street Journal relatou: ela deixou o cargo a pedido do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), Paul Atkins. Eles não têm muito mais informações do que isso, mas certamente isso será esclarecido em algum momento.

20 julho 2025

Mudança no PCAOB

Erica Williams, presidente da Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), anunciou que deixará o cargo em 22 de julho, após ter sido pressionada a renunciar pelo novo presidente da SEC, Paul Atkins. Nomeada em janeiro de 2022 e reconduzida em 2024, Williams liderou com mão firme, implementando reformas agressivas em auditoria e impondo penalidades recorde — cerca de US$ 84 milhões em multas — mais que o triplo do total anterior da PCAOB.


Sua saída ocorre em meio a tentativas políticas de dissolver a PCAOB e transferir suas funções para a SEC, mas os esforços foram barrados pelo Senado. Williams defendeu sua estratégia como crucial para dissuadir infrações futuras e alertou para os riscos de reduzir os padrões de auditoria, destacando que investigações podem se estender por anos, independentemente da mudança de governantes. Sob sua liderança, a PCAOB também intensificou a fiscalização de firmas chinesas, modernizou padrões e aprimorou a transparência das inspeções.

O fato dela ter participado do governo Obama certamente não ajudou.  

14 julho 2025

KPMG, PCAOB, BBVA

Parece digno de uma novela coreana. A Europa criou uma regra de rodízio das empresas de auditoria. Essa regra exige que a cada dez anos, na maioria dos países, exista um mudança na empresa que faz a auditoria: 

Desde 1990 o banco espanhol BBVA era auditado pela empresa Deloitte. Em 2017, o banco mudou a empresa de auditoria para a KPMG, seguindo as regras estabelecidas. Nesse ano, a empresa de auditoria estava enfrentando o escândalo do PCAOB

Para quem já esqueceu, o escândalo foi o seguinte: o PCAOB é entidade criada pela Sarbox com objetivo de fiscalizar a qualidade dos trabalhos das empresas de auditoria. Como a KPMG estava sofrendo com a fiscalização da entidade, adotou uma medida questionável de contratar funcionários do PCAOB para compor seus quadros de funcionários. O grande problema é que os funcionários levaram segredos do regulador para a fiscalizada; sendo mais claro, os ex-empregados do PCAOB trouxeram documentos que ajudavam a KPMG a melhorar seu desempenho na fiscalização.

Em um desdobramento interessante, descobriu-se que um dos ex-funcionários do PCAOB, Brian Sweet, usou seus contatos no PCAOB para favorecer a KPMG na disputa da auditoria do BBVA e isso parece ter dado uma vantagem na disputa do contrato de auditoria. 

Não se sabe qual o nome do funcionário da KPMG Espanha que esteve envolvido. E também se sabe que Brian Sweet, o ex-PCAOB e ex-KPMG, também usou dados sobre as auditorias do Santander. 

04 junho 2025

Em defesa do PCAOB


Um artigo de Karthik Ramanna e Nemit Shroff, publicado em 2 de junho de 2025 no ProMarket, alerta para os riscos da proposta do Congresso dos EUA de eliminar o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) e transferir suas funções para a Securities and Exchange Commission (SEC). Criado após os escândalos da Enron e WorldCom, o PCAOB atua como auditor dos auditores, garantindo a qualidade das auditorias de empresas listadas nos EUA, inclusive em mais de 50 jurisdições internacionais. Sua estrutura como entidade sem fins lucrativos foi crucial para obter acesso inédito a auditorias na China e Hong Kong, algo improvável se estivesse sob controle direto do governo. A dissolução do PCAOB comprometeria acordos internacionais, reduziria a transparência financeira e enfraqueceria a capacidade dos EUA de fiscalizar empresas estrangeiras, especialmente em setores estratégicos como inteligência artificial e semicondutores. Além disso, o PCAOB é financeiramente eficiente, com orçamento inferior a US\$ 400 milhões anuais, e tem sido eficaz na prevenção de fraudes contábeis. Os autores concluem que sua eliminação seria um erro estratégico que enfraqueceria a liderança global dos EUA.

12 março 2025

E com você, novamente: multa das Big Four


A KPMG apareceu de novo nas manchetes e não pelos motivos certos.

A Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), órgão criado pela Lei Sarbanes-Oxley para supervisionar auditorias de empresas públicas listadas nos Estados Unidos, anunciou sanções contra nove filiais da KPMG por violarem regras e padrões da PCAOB, incluindo requisitos de controle de qualidade.

Na berlinda: Brasil, Canadá, Itália, Israel, Reino Unido, México, Coreia do Sul, Suíça e Austrália.

Todas receberam multas por: falhas relacionadas a padrões de controle de qualidade, não atendimento aos padrões exigidos pela PCAOB (e nem os próprios!), supervisão e implementação falhas de processos de controle interno, omissão na divulgação de quem realmente participou da auditoria.

Ainda, quatro filiais, incluindo a brasileira, apresentaram falha na comunicação com comitês de auditoria.

E o Brasil conseguiu um destaque extra: foi a única filial a não cumprir obrigações de relatórios anuais, deixando de divulgar corretamente certos documentos obrigatórios.

O prejuízo total? US$ 3,375 milhões.

A PwC teve a filial de Singapura multada em US$ 1,5 milhão, devido a uma falha em procedimentos e políticas relacionadas à independência.

03 março 2025

PCAOB absorvido pela SEC?

Logo após o escândalo da Enron, o Legislativo dos Estados Unidos começou a discutir o que poderia ser feito para evitar que a situação se repetisse. Um esforço conjunto dos dois maiores partidos políticos daquele país e das duas casas de representantes resultou em um novo conjunto de regras, que incluía algumas novidades, como a assinatura das demonstrações pelo principal executivo da empresa e a fiscalização do trabalho das empresas de auditoria.

A questão da fiscalização representava, de fato, uma grande mudança. Havia a crença de que a reputação seria suficiente para garantir que as auditorias fossem cuidadosas em sua tarefa. Se o trabalho não fosse adequado, a reputação da auditoria sofreria no mercado e o auditor perderia clientes. Isso parece bastante lógico em um mundo ideal. Na prática, porém, há um custo muito alto para trocar de auditor, e essa mudança é um processo bastante demorado. Ademais, nem sempre há interesse na substituição.

Apesar de a auditoria sofrer com eventuais quedas na qualidade, parece que o simples medo de perder reputação não era suficiente para manter o trabalho do auditor dentro de um padrão aceitável. No conjunto de medidas adotadas, foi criada uma entidade responsável pela fiscalização do trabalho dessas empresas: o PCAOB.

Mais de vinte anos depois, o PCAOB já foi alvo de escândalos envolvendo seus funcionários, desenvolveu um sistema de fiscalização que resultou em algumas multas e se impôs perante o mercado.


Agora, um novo governo, que nomeou um novo presidente para a SEC, a comissão que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, dá sinais de mudança. O nomeado deu a entender que defende a eliminação do PCAOB. As tarefas atualmente desempenhadas pelo PCAOB seriam assumidas pela própria SEC, o que representaria uma mudança na direção da contabilidade dos Estados Unidos.

Talvez, neste momento, fosse importante recorrer ao mundo acadêmico e verificar as evidências disponíveis sobre o trabalho realizado pela entidade. Quem sabe ali se encontre uma resposta mais adequada para essa questão.

23 fevereiro 2025

Com o governo Trump, PCAOB perde força


Nos Estados Unidos, o escândalo da Enron, no início do milênio, resultou na criação do PCAOB. Basicamente, a nova entidade deveria funcionar como reguladora e fiscalizadora das empresas de auditoria, sendo uma reação do legislativo aos problemas contábeis de então.

O PCAOB iniciou um trabalho de impor regras às empresas e de fiscalizar a qualidade do trabalho realizado. Apesar do aparente poder, é importante destacar que o PCAOB é subordinado à SEC, a comissão que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos. Mais de vinte anos depois, o órgão alcançou algum poder e obteve certos feitos. Nesse período, impôs regras, mas também sofreu reveses, como no caso de ex-funcionários que deixaram a entidade para trabalhar — e revelar planos de fiscalização — em uma grande empresa de auditoria.

Em novembro de 2024, o PCAOB sentiu-se forte o suficiente para impor regras no mercado, buscando obter informações sobre os recursos humanos na área de auditoria. Naturalmente, as empresas de auditoria não ficaram satisfeitas, mas as regras precisavam ser aprovadas pela SEC.

Com a chegada de Trump ao poder, parece que medidas como essa tornaram-se impopulares entre os detentores do poder. Antes de serem analisadas pela SEC, as mudanças propostas pelo PCAOB foram retiradas, sem qualquer explicação ou justificativa.

O caso do PCAOB evidencia que impor regras rigorosas enfrenta desafios políticos e regulatórios. 

31 outubro 2023

Novamente o escopo do auditor

Nos Estados Unidos, a supervisão do trabalho dos auditores é realizado pelo PCAOB, uma entidade criada após o escândalo da Enron. O Conselho está agora avançando para um campo polêmico de aumentar a responsabilidade dos auditores em situação que existe o não cumprimento de leis e regulamentos por parte dos seus clientes. Ou seja, mais deveres para os auditores, basicamente a capacidade de detectar atos ilegais. 

A proposta já tem a oposição das empresas de contabilidade, talvez pelo modelo não ter sido projetado para atender a proposta. E desafiam as práticas existentes de auditoria. E tornaria a defesa do profissional, em casos de processos, mais complicada. 

Aqui um texto crítico sobre o assunto. 

15 maio 2023

PCAOB encontra problemas nas auditorias na China

O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) dos Estados Unidos divulgou recentemente seus resultados de inspeções de auditores chineses. A taxa de não conformidade nas inspeções foi de 100%. Isso significa que, em todas as 12 empresas auditadas por auditores chineses, foram encontradas falhas significativas nas auditorias que colocam em risco a precisão e a integridade das demonstrações financeiras dessas empresas. O PCAOB não pode forçar as empresas chinesas a cooperar com suas inspeções, o que torna a situação mais complicada.


O conflito entre os reguladores americanos e chineses em relação às auditorias de empresas chinesas, com ações na bolsa dos Estados Unidos, e auditadas por auditores chineses, não é novo. Os reguladores americanos acreditam que o acesso limitado a informações financeiras por parte dos auditores chineses coloca em risco a confiabilidade das demonstrações financeiras das empresas. No entanto, a China argumenta que as auditorias devem ser realizadas de acordo com as leis e regulamentações chinesas e que o acesso a informações financeiras sensíveis deve ser restrito.

11 novembro 2022

Auditorias de empresas chinesas com ações negociadas na bolsa

Segunda a Bloomberg (via aqui), as autoridades na área de auditoria nos Estados Unidos concluíram a primeira fase da inspeção de empresas chinesas com ações negociadas no mercado acionário americano. Funcionários do PCAOB estiveram em Hong Kong, cumprindo um cronograma previsto entre os dois países. Mas ainda não é possível afirmar se existe ou não aprovação da contabilidade das empresas, já que este é um estágio inicial do trabalho do PCAOB.

O trabalho começou em setembro e logo no início as autoridades chinesas solicitaram a ocultação de nomes, endereços e salários, informou a Bloomberg. Mas os funcionários que estavam fazendo a inspeção de auditoria tiveram acesso aos documentos.

O trabalho do PCAOB é previsto na legislação dos EUA desde 2002, mas a China e Hong Kong negavam o acesso às informações. Uma nova lei, de 2020, forçou um compromisso das autoridades chinesas, já que existia o risco de deslistagem das empresas asiáticas da bolsa.

29 agosto 2022

Acordo entre EUA e China permitirá a atuação do PCAOB

São poucas as vezes que uma questão contábil adquire uma importância estratégia, envolvendo duas potências. Este é o caso da inspeção das auditorias que empresas chinesas, com ações negociadas nas bolsas dos Estados Unidos. 

Desde a criação do PCAOB, fruto do escândalo da Enron e da Sarbox, esta entidade dos EUA faz inspeção regular no trabalho das empresas de auditoria. Isto envolve qualquer ativo negociado nos Estados Unidos. Somente dois países no mundo não aceitavam a inspeção do PCAOB, dificultando a verificação da qualidade da auditoria: China e Hong Kong. 

O problema foi sendo levado ao longo do tempo, mas recentemente o governo dos Estados Unidos ameaçou com a retirada de 200 empresas asiáticas do pregão. Sem uma inspeção da qualidade da auditoria, não seria possível continuar a negociação. 

Sexta feira foi anunciado o que parece ser um acordo para permite a fiscalização. Isto fez com que o preço das ações das empresas chinesas tivessem um aumento. O impasse de décadas pode ser resolvido e há um cronograma dos trabalhos iniciarem em setembro, em Hong Kong. 

Da parte chinesa existia uma preocupação com a segurança nacional. O acesso a documentos poderia ser sensível, sob a ótica chinesa. O anúncio informa que não ocorreu nenhuma concessão especial para que a China aceitasse os termos. Como o número de empresas é grande e o tempo sem inspeção também, o PCAOB poderá precisar ter um grande número de inspetores na Ásia para verificar a qualidade das auditorias e isto pode levar meses. O PCAOB pode selecionar a seu critério qual empresa ou auditoria irá investigar. Isto inclui entrevistas com os auditores. 

Obviamente, como isto é um assunto delicado, envolvendo não somente a contabilidade, como as relações internacionais, não será surpresa se ocorrer algum tipo de recuo de uma das partes. 

Fonte: aqui, aqui, aqui, aqui

13 agosto 2022

Auditoria força a saída da NYSE de estatais chinesas

Um desdobramento esperado do impasse sobre a auditoria de empresas chinesas com ações negociadas na Bolsa dos Estados Unidos: quatro estatais anunciaram que irão sair da bolsa. 

A saída da bolsa de Nova York não significa o fechamento de capital, mas o cancelamento das negociações no mercado dos Estados Unidos. Outras empresas, como Alibaba e Baidu, estão esperando o desdobramento. 

Washington têm exigido há tempos acesso completo aos registros contábeis de empresas chinesas listadas nos EUA, mas Pequim proíbe a inspeção estrangeira de documentos de auditoria por empresas de contabilidade locais, citando preocupações de segurança nacional.

06 abril 2022

China recua e problema da auditoria pode ser resolvido


Os reguladores dos Estados Unidos ameaçaram excluir as empresas chinesas de negociar ações caso a auditoria não esteja de acordo com as regras que inclui uma maior fiscalização do trabalho por parte do PCAOB. Eis uma notícia que pode alterar este cenário:

A China vai emendar as suas leis de sigilo de auditoria, visando impedir que cerca de 270 empresas chinesas sejam excluídas do mercado de capitais dos Estados Unidos, numa concessão significativa à pressão exercida por Washington.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), que regula os mercados financeiros do país, disse este fim de semana que vai mudar as leis de confidencialidade que impedem as empresas chinesas listadas no exterior de fornecer informações financeiras confidenciais a reguladores estrangeiros.

Isto vai facilitar a “cooperação regulatória transfronteiriça, incluindo inspeções conjuntas (…) para proteger os investidores globais”, segundo a CSRC.

O país asiático proibia reguladores estrangeiros de inspecionar a contabilidade das empresas locais, citando preocupações com a segurança nacional.

A CSRC disse que as regras existentes, que foram atualizadas pela última vez em 2009, estão desatualizadas.

A decisão visa impedir que empresas chinesas cotadas na Bolsa de Nova Iorque sejam excluídas em 2024.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) disse, no mês passado, que as empresas da China tinham três anos para fornecer documentos de auditoria detalhados, o que levou a uma forte queda das suas ações.

Existem cerca de 270 empresas chinesas listadas nos EUA, com uma capitalização de mercado combinada equivalente a mais de 2 biliões de euros.

O índice Nasdaq Golden Dragon China, que reúne ações dos principais grupos chineses, perdeu cerca de metade do seu valor no ano passado.

A decisão de Pequim poderá levar à criação de uma estrutura para os reguladores dos EUA obterem acesso aos arquivos de auditoria das empresas.

A proposta, que foi colocada em consulta pública até 17 de abril, elimina a exigência de que a inspeção da contabilidade das empresas chinesas cotadas no exterior seja conduzida principalmente por reguladores chineses.

Pequim está a tentar recuperar a confiança dos investidores, depois de uma campanha regulatória lançada pelo Governo chinês ter atingido as principais empresas privadas do país, incluindo Alibaba, Didi, Evergrande ou Meituan, abalando os mercados financeiros globais.

A CSRC disse que o seu presidente, Yi Huiman, e o presidente da SEC, Gary Gensler, realizaram três reuniões, desde agosto passado, sobre “cooperação de supervisão de auditoria” e que houve um “progresso positivo”.

Gensler disse, na semana passada, que apenas o cumprimento total das regras de inspeção de auditoria dos Estados Unidos permitiria que as empresas chinesas continuassem cotadas na praça financeira de Nova Iorque.

Nos últimos anos, os empresários do setor privado da China, que estão em grande parte excluídos do sistema financeiro estatal chinês, acederam a milhares de milhões de dólares no exterior.

A relação entre os EUA e a China deteriorou-se rapidamente, nos últimos anos, principalmente devido a disputas no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.

03 novembro 2021

Fiscalização das auditorias das empresas chinesas: 2024 prazo limite


Com o escândalo da Enron, o legislativo dos Estados Unidos aprovou normas para fiscalização do trabalho dos auditores das empresas com ações negociadas na bolsa. Foi criado o PCAOB e muitas jurisdições estrangeiras, incluindo o Brasil, passaram a permitir que a entidade fiscalizasse os auditores. Duas exceções: China e Hong Kong.

Em 2020, novamente o Congresso dos Estados Unidos aprovaram uma nova norma. Pela lei, as ações de uma empresas serão proibidas de serem negociadas se uma jurisdição impedir que o PCAOB inspecione a auditoria por três anos consecutivos. A SEC regulou a norma e deve iniciar antes do final de 2021. Isto significa que em 2024 o prazo deve finalizar para as empresas chinesas com ações no mercado dos EUA.

Fonte: aqui. Foto: Annie Spratt

16 julho 2021

Mais sobre PCAOB


A destituição do chefe responsável pela fiscalização das empresas de auditoria nos Estados Unidos, Duhnke, ainda traz muita polêmica:

O Wall Street Journal na Quinta-feira afirma que a SEC está investigando se Duhnke violou alguma regra relacionada ao tratamento de reclamações internas no PCAOB. Duhnke foi removido abruptamente no início deste mês pelo novo presidente da SEC, Gary Gensler, dizendo que a medida “protegeria melhor os investidores” e permitiria que o regulador de auditoria cumprisse sua missão sob a Lei Sarbanes-Oxley. Duhnke foi criticado por não realizar reuniões do Grupo Consultivo para Investidores e do Grupo Consultivo Permanente do PCAOB. (...) 

Além disto, a ex-diretora de administração 

Sue Lee acusou Duhnke de discriminar sua etnia chinesa e usar termos como "gripe kung" e "gripe chinesa" na frente dela e que ele queria substituir os liberais no PCAOB pelos republicanos. A SEC e o PCAOB não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

A SEC contratou Pitt [ex-presidente da SEC] em julho de 2019 para avaliar as políticas e práticas de governança corporativa do PCAOB e recomendou as alterações apropriadas. O relatório de Pitt, que custou US $ 125.000 aos contribuintes e ainda não foi divulgado, poderia esclarecer se são necessárias reformas no PCAOB e esclarecer se a SEC tem uma base legítima para revisar a participação do conselho

14 julho 2021

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

10 julho 2021

Interferência no PCAOB


O PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) foi criado com a lei Sarbox para supervisionar o trabalho dos auditores nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB teve três "escândalos". 

O primeiro ocorreu logo após a criação, quando o governo, através da SEC, nomeou William Webster para ser o primeiro Chairman. Como advogado, Webster tinha trabalhado para o FBI e a CIA. Mas sua nomeação causou constrangimento, seja pelo critério de escolha. Sua aprovação na SEC foi apertada, por 3 votos a 2, mas logo após surgiu a notícia que Webster tinha trabalhado em um comitê de auditoria de uma empresa que estava sendo investigada por irregularidades contábeis. Webster terminou renunciando.

O segundo problema ocorreu quando alguns funcionários da entidade foram contratados por uma empresa de auditoria. A questão é que os funcionários levaram informações sobre a fiscalização que a auditoria seria submetida. As informações poderiam ajudar a auditoria a "melhorar" a qualidade do trabalho que seria investigado pela PCAOB. O resultado foi a condenação desses funcionários. Como resultado do problema, a SEC optou por renovar todo PCAOB, nomeando William Duhnke III em janeiro de 2018. 

A questão é que Duhnke tinha sido funcionário de um político republicano. 

O terceiro escândalo ocorreu agora, no mês de junho de 2021. A SEC informou no início daquele mês que estava removendo Duhnke e que iria também remover os outros membros do conselho. A mudança pode ser vista como uma politização do PCAOB. O novo presidente da SEC, Gary Gensler, que assumiu o cargo em abril, entendeu que o PCAOB deveria ter uma postura mais rigorosa em assuntos como a auditoria de empresas chinesas. A pressão partiu dos senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders. 

21 novembro 2020

Estado da Califórnia multa a KPMG


Ainda com respeito ao escândalo da KPMG, que tentou melhorar a qualidade das suas auditorias através da "contratação" de funcionários do PCAOB, o estado da Califórnia multou a empresa de auditoria. 

O motivo foi o fato do estado ter licenciado CPAs. O procurador-geral do estado aplicaram uma multa disciplinar contra a empresa. Durante a investigação da SEC, a KPMG admitiu que muitos dos seus CPA trapacearam no exame de educação continuada interno, colando respostas e manipulando a pontuação do exame. 

Segundo o procurador-geral:

“As auditorias de empresas públicas são particularmente importantes porque fornecem supervisão das empresas nas quais os americanos dependem para investir seu dinheiro suado em pensões e outros fundos de aposentadoria. Quando empresas como a KPMG optam por trapacear em vez de melhorar as práticas da empresa, isso prejudica todo o sistema. Eles serão responsabilizados. ”

Além da multa, a KPMG será obrigada a dar educação continuada em ética. (Imagem aqui)

14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui