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04 setembro 2025

Pilares de Esperança

“Pilares da Esperança” é um nome irônico dado às barras de aço de arranque — também chamadas de vergalhões de espera ou extensões de armadura — que ficam projetadas dos telhados das casas após a construção. Deixar essas barras expostas é uma solução prática, pois economiza tempo e dinheiro na hora de acrescentar um novo andar: a estrutura já está parcialmente preparada para a expansão. A “esperança” no nome reflete a expectativa e o otimismo de ampliar a casa no futuro, seja pelo crescimento da família ou pela melhora da situação financeira.

Crescendo no Reino Unido, nunca me deparei com a prática de deixar vergalhões expostos em casas. No entanto, ao viajar pela América Central e pela Ásia, fiquei surpreso ao ver essas hastes em muitas cidades e vilarejos. No começo, não entendia por que tantos prédios pareciam inacabados, deixando o horizonte um tanto desordenado. Só quando alguém me explicou sua finalidade tudo fez sentido.

As barras de aço no concreto combinam a resistência à tração do aço com a resistência à compressão do concreto, criando um método de construção extremamente eficaz e amplamente utilizado. Os vergalhões embutidos e projetados da estrutura existente fornecem uma conexão forte e estável entre a nova adição e o edifício já construído. Eles transferem as cargas e ancoram os dois juntos.

Os Pilares da Esperança são um exemplo evidente de futureproofing (preparação para o futuro). Outros exemplos em construções são instalações elétricas ou hidráulicas, em que se deixam canos tampados ou pontos de conexão elétrica previstos para trabalhos futuros. Laptops e desktops com slots de expansão vazios também seguem essa lógica, assim como a primeira edição de um software que já inclui um gerenciador de atualizações.

No desenvolvimento de software e na metodologia ágil, gosto da ideia do livro Rework: “Um meio-produto incrível é melhor do que um produto inteiro malfeito.” Não tenha partes do seu produto visivelmente inacabadas ou “em construção” para os usuários. Não deixe vergalhões aparentes em seu software. E evite resolver problemas que ainda não existem. Embora possa parecer útil acrescentar algo agora para facilitar uma função futura, o equilíbrio é delicado. Muitas vezes, opta-se por outro caminho e ficam pelo código alguns pilares da esperança — dívida técnica que poderá ter de ser paga mais tarde.

Se, à primeira vista, aquelas barras de aço aleatoriamente expostas nos telhados me pareceram caóticas e desordenadas, hoje, ao pensá-las como Pilares da Esperança, vejo nelas uma certa beleza — um horizonte que esboça as aspirações e o futuro desenvolvimento de famílias, casas e da própria cidade. 


Edit: Várias pessoas me disseram que deixar os vergalhões expostos no telhado faz com que o prédio seja considerado “inacabado” e, assim, não sujeito a impostos sobre a obra. Embora isso seja repetido em muitos lugares, não tenho 100% de certeza sobre a veracidade. Se você tiver experiência com isso, entre em contato! 

Fonte: aqui 

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