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05 abril 2025

Grandes nomes da contabilidade dos EUA: William Beaver


William Beaver (1940-2024) é um dos principais nomes da pesquisa contábil ligada aos mercados de capitais, tendo contribuído de forma contínua e significativa desde os anos 1960. Formado pela Universidade de Notre Dame e doutor pela Universidade de Chicago, esteve inserido em um ambiente acadêmico de destaque ao lado de nomes como Fama, Jensen e Scholes. Seu trabalho inicial, que investigou a capacidade de índices financeiros preverem falências, deu origem a uma ampla literatura sobre distress financeiro. Posteriormente, suas pesquisas sobre o impacto dos anúncios de resultados no comportamento das ações consolidaram a escola de pensamento que conecta contabilidade e mercados de capitais.

Beaver utilizou a teoria da eficiência de mercado como base para muitos de seus estudos e sempre procurou aplicar suas conclusões à prática contábil. Defendeu que a simples existência da divulgação de informações é mais relevante para o mercado do que sua forma ou posição nos demonstrativos contábeis. Participou de comitês da SEC e do FASB, influenciando debates importantes, como o sobre contabilidade para variações de preços nos anos 1980.

Foi também um dos principais articuladores da reforma na formação doutoral em contabilidade, introduzindo métodos analíticos e empíricos rigorosos e maior integração com áreas como economia e finanças. Lecionou durante anos na Universidade de Stanford. Recebeu diversos prêmios da AAA e do AICPA, além de ter presidido a American Accounting Association em 1988.

Faleceu em 2024. 

Beaver revolucionou a maneira como percebemos a pesquisa na contabilidade. 

(Fonte: verbete escrito por George Foster para The History of Accounting) (Foto: aqui)

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Arthur Andersen


Arthur E. Andersen (1885-1947) foi um dos nomes mais influentes da história da contabilidade nos Estados Unidos. De origem humilde, começou como assistente por 25 dólares semanais e se formou à noite na Universidade Northwestern, onde posteriormente tornou-se professor. Diante da falta de material didático, escreveu seu próprio livro, *Complete Accounting Course*, que serviu como base para o ensino contábil em várias instituições.

Em 1913, abandonou a academia para fundar sua própria firma de contabilidade no Meio-Oeste americano. Com uma postura visionária e inconformada, Andersen desafiou as práticas tradicionais da época. Insistia em contratar graduados universitários em tempo integral — o que era visto como radical — e buscava formar profissionais que soubessem pensar além dos números. Introduziu o conceito de especialização por setor e desenvolveu o primeiro programa de treinamento unificado da profissão, reunindo funcionários de diferentes localidades para formação em Chicago.

Para Andersen, a contabilidade deveria priorizar o bom senso e a realidade econômica dos negócios, em vez de apenas seguir normas e tradições. Ele acreditava que uma boa contabilidade ajudava não só no cumprimento da legislação, mas também na gestão eficiente das empresas.

Embora inicialmente combatido pelo establishment contábil, suas ideias tornaram-se, após sua morte em 1947, a base dos princípios de auditoria e das normas contábeis modernas. Sua firma, que começou pequena, cresceu e se tornou uma potência global, com centenas de escritórios em dezenas de países. A empresa quebrou em razão do escândalo da Enron, no final do século XX. 

(Baseado no verbete de John Ruane, The History of Accounting). Foto: wikipedia

FIFRS versus FAF

Na sexta-feira, postei sobre as demonstrações contábeis da Fundação IFRS. Agora, fiz um breve comparativo entre as duas principais entidades reguladoras da contabilidade internacional. A Fundação IFRS é responsável pela elaboração de normas adotadas em mais de uma centena de países, enquanto a FAF comanda a produção de normas contábeis no maior mercado de capitais do mundo.

As 86 páginas do relatório da Fundação IFRS estão repletas de texto — com uma diagramação questionável do ponto de vista da legibilidade, incluindo diversas páginas de difícil leitura — além de conterem muitas, muitas fotografias. Por outro lado, o relatório contábil da FAF, com apenas 21 páginas, não apresenta fotografias. A entidade internacional é auditada pela Grant Thornton, enquanto a FAF é auditada pela BDO.

A tabela abaixo apresenta um comparativo entre os números das duas fundações, convertidos para US$ milhões (taxa de câmbio de 1 libra = 1,25 dólar):

Dado o crescimento substancial da Fundação IFRS, parece que a entidade está se aproximando do porte da FAF.

04 abril 2025

Sucupira e a punição para os pesquisadores brasileiros

A Plataforma Sucupira, mantida pela CAPES, é o sistema responsável por coletar informações dos programas de pós-graduação no Brasil. Seu objetivo deveria ser ajudar na avaliação e acompanhamento dessas instituições.

A plataforma impõe uma carga significativa aos programas. O volume de dados exigido é imenso — há campos que comportam até 40 mil caracteres, e muitos desses espaços acabam se tornando uma âncora para quem os preenche, pois a extensão máxima acaba sendo interpretada como um padrão a ser atingido. Ao final, o relatório produzido é um compilado enorme de textos, indicadores e outras informações.

Adicione uma pitada a mais: o software é muito ruim. Coisas estranhas acontecem ao longo do preenchimento. No último quadriênio, foi solicitado destacar a produção mais relevante. Mas a produção de 2024 não estava disponível e somente semanas depois do encaminhamento é que a coordenação podia informar isso.  E tome regras e normas.

Mas será possível que um avaliador, dentro de prazos limitados, leia e analise de forma cuidadosa tudo isso? A resposta mais honesta e evidente é não. E, então, qual o sentido de tudo isso? Durante meses, inúmeras pessoas — docentes, coordenadores, técnicos — são desviadas de suas funções principais para se dedicar ao preenchimento de relatórios. Quantas horas de pesquisa científica, orientação e produção de conhecimento estão sendo sacrificadas para alimentar um sistema que, ao fim, corre o risco de não ser lido em sua totalidade?

Esse modelo, mais do que um instrumento de avaliação, se configura como um entrave à atividade científica, burocratizando excessivamente processos que deveriam ser orientados por confiança, qualidade e incentivo à excelência.

Algo precisa ser revisto aqui. 

Fundação IFRS: maior e com boa saúde financeira

A Fundação IFRS divulgou suas demonstrações contábeis anuais. O relato mostra uma entidade do terceiro setor que está cada vez maior, mas que ainda preserva uma boa saúde financeira. Como já havia ocorrido no ano passado, o documento piorou em termos de layout, com letras reduzidas, muitas vezes sobrepostas a fundos coloridos ou a fotos. Péssimo para quem deseja ler o texto, ao contrário das versões de 2020 e 2021, por exemplo.

Mas eis alguns números interessantes:

Desde a criação do ISSB, a Fundação mais que dobrou de tamanho em número de funcionários. Se há um aumento no escopo do trabalho da entidade, mais funcionários podem ser uma má notícia para a contabilidade: mais produção de documentos, alguns sem tanta relevância. Ao final de 2024, eram 369 funcionários, bem mais que os 156 de 2020. A decisão de repartir o ISSB por seis cidades do mundo — todas no primeiro mundo — também contribui para essa expansão. 

As receitas também cresceram. Antes, estavam na casa dos 30 milhões de libras; agora, estão próximas dos 70 milhões. O tema da sustentabilidade parece ter um atrativo substancial para os doadores. Uma consequência indireta é que o peso da contribuição das grandes empresas de auditoria (Big Four) diminui, o que é positivo.

Deixei para o final as doações realizadas pelo Brasil. Basicamente, os doadores são o Itaú, a Petrobras, o Ibracon e a B3. Mas, em 2024, houve uma redução significativa do dinheiro brasileiro — e a explicação é o Itaú. Desta vez, a instituição financeira não fez o cheque para a entidade. No passado, o ex-diretor Broedel fazia parte da burocracia da Fundação. Com sua saída do Itaú, pouco amistosa, nem mesmo a Fundação foi poupada. 

Mas fica a pergunta: por que a B3, o CFC ou outra grande empresa nacional não contribuem com a entidade do terceiro setor? Falta de credibilidade? Amarras burocráticas? Efeito carona? 




Rir é o melhor remédio


Impostos e Trump

Dependência Emocional do Chat


Uma pesquisa inovadora conduzida pela OpenAI em parceria com o MIT Media Lab trouxe à tona insights sobre como o uso de chatbots de inteligência artificial, como o ChatGPT, pode influenciar o bem-estar emocional e social dos usuários. O estudo, que combina análises de interações reais e experimentos controlados, destaca tanto os benefícios quanto os desafios associados ao uso de IA em contextos afetivos.

(...) Os pesquisadores enfatizam que, embora os chatbots não sejam projetados para substituir relações humanas, seu estilo conversacional e capacidades em expansão podem levar os usuários a utilizá-los dessa forma. Isso levanta questões importantes sobre como equilibrar inovação tecnológica com o bem-estar dos usuários.

Fonte: aqui