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04 abril 2013

Instituição de Ensino e Plágio

O que tem em comum Tom Jobim, o presidente Putin, o filho de Kadhafi, Chris “Cauda Longa” Anderson e a revista Fortune? Todos já foram acusados de plágio.

Na universidade, o plágio é considerado um dos maiores problemas. Alguns sugerem uma punição severa, mesmo que a cópia seja de algumas linhas, com a reprovação ou a retirada de circulação do artigo publicado. Em certas instituições de ensino, somente após receber um certificado de originalidade é que o aluno recebe o título de graduado.

Apesar da existência de softwares que permitem a descoberta do plágio, o problema continua a acontecer.

Mas o que fazem as universidades? Elas possuem uma política clara sobre o assunto? Uma pesquisa de Marcelo Krokoscz, publicada na Revista Brasileira de Educação (e sugerida por Alexandre Alcantara, grato) faz um estudo comparativo entre as diversas instituições. Krokoscz escolhe três instituições de ensino classificadas como as melhores de cada continente e pesquisa para saber se existe uma política institucional contra o plágio. Usa, para fins comparativos, informações da USP, Unicamp e UFSC. O resultado é assustador. Enquanto as universidades dos EUA, Europa, Ásia e Oceania possuem medidas institucionais sobre o assunto, medidas preventivas e corretivas, as instituições brasileiras restringem sua política em algumas soluções preventivas e, no caso da USP, algumas medidas corretivas. E tão somente. Isto significa dizer que o problema do plágio não é atacado pelas nossas universidades, sendo objeto de algumas ações individuais.

Sendo avaliador de artigos científicos e professor universitário convivo com o plágio rotineiramente. No último semestre solicitei artigos para meus alunos. Mesmo avisando para não fazerem cópias, dos 30 trabalhos que recebi, cinco receberam nota zero por plágio. Isto apesar dos avisos em sala de aula e da minha fama de ser intolerante quanto ao assunto. Como avaliador, já tive a experiência de ler um texto para um periódico e ao final descobrir que o mesmo era uma tradução de um artigo publicado em língua inglesa.

Talvez seja necessário que os professores que acreditam que o plágio seja algo errado tenham um apoio das suas instituições de ensino. Que, pela pesquisa, parece não acontecer nos dias de hoje no Brasil.

Leia mais em: KROKOSCZ, Marcelo. Abordagem do plágio nas três melhores universidades de cada um dos continentes e do Brasil. Revista Brasileira de Educação. Volume 16, n. 48, 2011.

21 janeiro 2024

Plágio é relevante?

Tim Harford, sobre a acusação de plágio contra a economista e política britânica Rachel Reeves (foto):

Em casos de plágio acadêmico, a preocupação é novamente diferente. Os professores não estão preocupados com o plágio de alunos porque temem que alguém seja privado de direitos autorais, mas porque o plágio prejudica o processo educacional: ele tenta o aluno a não se preocupar em estudar e torna difícil para o professor avaliar as realizações do aluno.


Por esses motivos, é arriscado oferecer uma opinião geral sobre os prós e os contras da cópia, mas, de qualquer forma, vou fazer isso de maneira imprudente: Acho que nos preocupamos demais com isso. A longo prazo, os estudantes plagiadores estão prejudicando a si mesmos e, portanto, devemos desencorajá-los a plagiar pelo mesmo motivo que os desencorajamos a beber em excesso ou a fazer sexo sem proteção: para seu próprio bem. (...)

Não concordo com ele. Em muitos casos, o plágio revela o caráter da pessoa e devemos preocupar com ele na área acadêmica. Se todos forem condescendes, os plagiadores passarão pela academia sem serem incomodados e receberão, como recentemente ocorreu com a ex-reitora de Harvard, Claudine Gay, que cometeu plágio ao longo de sua trajetória acadêmica. 

Harford acha que Reeves não será menos preparada em gerenciar as finanças britânicas, se um dia for Chanceler, tendo ou não sido original. Acho que isto diz respeito a qualidade de integridade. 

07 julho 2020

Fraude Acadêmica

Situação 1 - Ao avaliar projetos de iniciação científica, descobriu que dois deles tinham plágio. Isto constou do relatório do parecerista, mas a nova gestão da universidade optou por aprovar os dois, pois buscava o aumento no número de projetos, em relação à gestão passada. 

Situação 2 - Cinco alunos foram reprovados na disciplina por plágio. O aluno X entrou com recurso e a comissão de recurso não levou em consideração um documento do curso sobre o assunto (na verdade desconhecia o documento) e afirmou que a atitude do aluno, apesar das "similaridades", não poderia caracterizar má fé.

Situação 3 - O aluno colocou no seu currículo Lattes que estava cursando a instituição, indicando inclusive um orientador. No momento da entrevista, isto foi comentado, mas mesmo assim o aluno foi aprovado no processo seletivo.

Todos os casos são reais. Recentemente a questão da manipulação de currículo esteve em discussão pelo fato de que um potencial indicado a um cargo relevante no governo federal tenha manipulado seu currículo. Ao verificar o currículo, descobriu-se que o candidato não somente mentia no currículo, como tinha feito plágio na sua dissertação de mestrado.

Não é a primeira vez que alguém "importante" mente no seu currículo. Temos muitos exemplos disto, não somente no Brasil, mas também em outros países (aqui alguns exemplos). Assim, críticas ao currículo Lattes, um instrumento brasileiro da vida acadêmica no Brasil, não procede, na minha opinião.

Talvez o problema seja cultural. Para uma professora da USP da área de letras, no exterior há mais orientação para que as pessoas não cometam erros de plágio. Mas tenho dúvidas sobre este ponto, já que seria necessário um estudo mais profundo, não baseado em "experiência" (aqui fraude em Harvard).

No mesmo artigo há uma rápida discussão para saber se nos dias atuais o problema é mais grave ou não. Alguns argumentam que no passado a comunidade acadêmica sabia mais facilmente os textos produzidos. Mas não se tinham verificadores de plágio, como alguns softwares usados pelas universidades. Além disto, temos dois problemas adicionais: (a) temos hoje plataformas que podem construir textos que fazem uso de palavras rebuscadas e desconexas (vide Lero-Lero, conforme dica da professora Ducineli, grato); (b) o principal ponto hoje talvez seja a "tradução de textos de outras línguas" que não são descobertos pelos softwares de plágio, como o Turnitin. Com respeito ao segundo ponto, é muito difícil nos dias de hoje achar isto, quando o trabalho é feito em língua portuguesa e boa parte das referências são em língua inglesa. Mas temos ferramentas e sites que trabalham com isto.

Voltemos aos casos relatados no início da postagem. Em todos casos, há problemas institucionais sérios aqui. Quem reprova cinco alunos por plágio é visto como um maluco ou alguém muito apegado a forma.  Minha experiência tem mostrado que ocorre muito mais frequentemente que imaginamos.

(P.S. Li o livro da imagem. É um libelo ao roubo...)

17 fevereiro 2011

Plágio

Grandes editoras ciêntíficas estão se preparando para lutar contra o plágio. Os editores, incluindo Elsevier e Springer, estão prontos para a implantação de software em seus Journals que fará a varredura para encontrar papers com blocos idênticos ou parafraseada de textos que aparecem em artigos já publicados. O movimento segue testes-piloto do programa de identificação de plágio que já confirmaram elevados níveis de plágio em artigos submetidos para algumas revistas, de acordo com uma pesquisa informal realizada pela Nature de nove editoras ciência. Incrivelmente, um Journal relatou rejeitar 23% das submissões aceitas após a verificação de plágio. Além disso, a reportagem afirma que o crescimento exponencial de doutorados na China está gerando um aumento substancial de plágio de artigos publicados no ocidente. (Pedro Correia, grato)

Fonte: Nature

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26 abril 2010

Plágio

"CITAÇÃO não é plágio. Copiar e colar é PLÁGIO. Mas, qual o limite para o plágio? A Lei não especifica limite, logo, cópia de um único parágrafo sem citação da fonte em um texto de 200 páginas, É PLÁGIO." (Jorge Scarpin, Contabilidade e Finanças)

Concordo com Scarpin. Na realidade, uma frase igual deve ser considerada plágio.

09 agosto 2007

Plágio

Quem trabalha com pesquisa e educação sabe que existe um fantasma rondando: o plágio e a falsificação de dados científicos. Isto é muito parecido com o que ocorre numa empresa com a fraude contábil. Alguém resolve criar algo que não existe ou modificar uma realidade para ajustar aos seus objetivos.

Na área acadêmica, isto pode ocorrer em trabalhos científicos submetidos em periódicos e congressos, assim como num mero trabalho de disciplina. Apesar deste problema e do fato de já ter passado por situações constrangedoras, acredito que ainda este é o modelo para pesquisa científica e educação.

No caso de um periódico, o processo de parecer torna-se importante para identificar problemas nas pesquisas. Trabalhos elaborados com base em informações distorcidas ou que foram manipuladas pode significar conclusões sem fundamentos que somente serão descobertas com a nova pesquisa no mesmo assunto feito por outro autor.

A existência do plágio tem sido constantemente noticiada (aqui por exemplo).

A internet facilitou e dificultou o plágio. Hoje é possível pegar muitas pesquisas na rede e reproduzir num trabalho acadêmico sem a citação. Além disto, é inegável que a internet aumentou o número de trabalhos disponíveis para os pesquisadores (temos uma grande quantidade de informação). Mas também é possível descobrir mais rapidamente a existência do plágio "mal feito" (aquele onde o autor simplesmente transcreve um texto obtido via Google).

Uma pequena notícia (aqui) mostra a dificuldade deste processo: um economista alemão de 63 anos foi descoberto depois de uma carreira de 34 anos com trabalhos em ética, estatística, meio-ambiente, ...

07 julho 2011

Plagius

Ou “Invadindo o mundo da tecnologia da informação – Parte 4”. Por Isabel Sales.

Discussões sobre plágio não são recentes no mundo acadêmico. Esse não é apenas um tópico da moda, não é tratado de forma leviana e muitos pós-graduados já perderam o título por ignorarem as implicações de atitudes antiéticas.

Os principais jounals já utilizam em uma pré-verificação ferramentas de análise dos arquivos antes mesmo que sejam encaminhados para os avaliadores. Atualmente existem várias ferramentas de análise de similaridade entre textos, hoje falarei sobre o Plagius, um programa que examina documentos em busca de plágio, que adquiri por R$ 29,90 aqui. Existe uma versão profissional que, dentre outros aspectos, verifica arquivos em lote.

Eu fiz alguns testes e tenho as seguintes críticas: o programa não reconhece citação direta. De tal modo, esses trechos serão detectados como plágio. Outrossim, as referências não são tratadas de forma distinta, o que pode ocasionar o mesmo erro. Ademais, só é realizada a análise de textos em português (o que considero aceitável. Um programa de plágio que tenha algum tipo de Google Translator embutido, para realizar uma busca mundial, demandaria uma complexidade que talvez não fosse justificada por seu benefício. Mas não deixa de ser um desenvolvimento simpático).

O interessante é que o programa apresenta um relatório final com as porcentagens de possíveis plágios. Você pode revisar o seu trabalho, verificar os trechos com ocorrência, assim como ir às fontes que apresentem o tal texto copiado.

Tenho várias indicações para esse programa. Desde a aplicação mais óbvia em que você analisa o trabalho de um de seus alunos ou orientandos (ou de quem você participará em uma banca examinadora) até àquela em artigos que você colaborou apenas em algumas seções e quer ter certeza de que o trabalho em que você está colocando o seu nome está sem problemas dessa natureza.

Conheço algumas pessoas que passam trechos dos trabalhos no Google, de uma forma bem cansativa e trabalhosa. O Plagius é um excelente software para poupar o seu tempo e reforçar a luta contra o plágio de uma forma mais embasada e coordenada.


Se você perdeu as postagens anteriores:
Parte 1 (Agregador de Feeds): aqui
Parte 2 (Dropbox): aqui
Parte 3 (JabRef): aqui

07 maio 2019

Plágio difícil de ser detectado

Você pode publicar uma mesma pesquisa em língua portuguesa e em língua inglesa? Já tinha escutado - não me lembro de quem - no passado que sim, não seria um problema. Nunca fiz isto, mas um fato ocorrido agora alerta para este problema. A revista Biomolecules retirou um artigo, de 2018, sobre o efeito do chá, pelo fato dos autores já terem publicado anteriormente o mesmo artigo, em língua chinesa.

Este é um caso de plágio difícil de descobrir, que geralmente passa desapercebido os softwares de plágio. No passado, como avaliador de uma revista na nossa área, descobri casualmente um plágio deste tipo. Já no final de uma avaliação de um artigo, fui verificar em um texto um a dúvida, e percebi que quase todo trabalho era uma mera tradução de um artigo originalmente publicado em língua inglesa.

27 outubro 2015

Os Erros Graves de um projeto de pesquisa

Há dias participei da comissão examinadora de seleção do programa de pós-graduação. Neste período li muitos projetos e escutei muitos candidatos apresentarem sua proposta. Durante este processo, listei os pecados capitais de um projeto de pesquisa. Evitá-los aumenta sua chance de ser aprovado. Naturalmente esta é uma lista pessoal, mas pode ajudar o candidato futuro a ter um projeto mais adequado.

Erro 1 – Plágio e autoplágio – O plágio é bastante condenável na nossa área. Um projeto com plágio pode significar que seu autor não tem apreço em dar o crédito devido a quem foi pioneiro na área. E que pode apropriar-se do texto alheio, da pesquisa alheia e fazer outras práticas condenáveis eticamente. Imagine um professor analisando uma proposta com plágio e considerando a possibilidade de no futuro seu potencial orientando ser acusado de comportamento aético e sofrer, também, as consequências? Realmente não é nada animador. O autoplágio é a citação do próprio autor e pode ser um sinal de preguiça.

Erro 2 – Português ruim – O projeto é o cartão de visita do candidato. Ele tem tempo de rever o texto, de pedir opinião a terceiros, contratar um revisor ou até digitar o texto num programa que possui revisão de gramática e ortografia. Um orientando que escreve errado geralmente dá muito trabalho ao orientador, que terá que preocupar com corrigir a língua portuguesa em lugar de prestar atenção nos achados da pesquisa.

Erro 3 – Citação fora das normas – É parecido com o erro anterior. O orientador não terá muito tempo para ficar corrigindo ou verificando se as citações estão dentro das normas. Espera-se que o futuro aluno já saiba destas coisas básicas. O cuidado com as regras será importante quando no trabalho final de curso as regras de espaço, citação e outros serão considerados na comissão examinadora. Além disto, se o edital do concurso de seleção solicitar que o projeto esteja em espaço 2, apresentar em espaço 1 não será bem visto.

Erro 4 – Não aproveitar a oportunidade – O projeto de pesquisa é uma oportunidade para o candidato vender sua imagem de bom candidato. Se as normas exigem no máximo cinco páginas, apresentar duas é um erro: ou você não teve tempo, ou não sabe o que quer fazer, ou não fez uma pesquisa prévia suficiente para submeter o projeto ou não conhecer o assunto ...

Erro 5 – Trabalho com pouco esforço – Uma proposta de pesquisa onde o candidato consegue fazer em alguns dias dificilmente será bem aceita, comprometendo sua aprovação futura ou impedindo sua publicação. Além disto, o candidato pode estar mostrando que não conhece o assunto proposto para pesquisa ou que é preguiçoso. Qualquer uma das alternativas não é algo agradável.

Erro 6 – Proposta que já possui resposta – Muitos temas de pesquisa já foram realizados exaustivamente na academia. Mais um trabalho sobre o mesmo assunto realmente não acrescenta muito para um programa de pós-graduação. Outro lado da moeda é uma proposta que não tem resposta ou que a resposta não será possível durante os anos de curso. Aqui, um pequeno parágrafo indicando a relevância da pesquisa proposta ou sua originalidade é uma boa solução, desde que o candidato não exagere nos termos.

Erro 7 – Chavões – Começar uma proposta com uma afirmação sobre globalização não. Ou citando um autor nacional que comentou a finalidade da informação contábil. Sua proposta deve ser diferente das demais, sobressaindo diante da mesmice dos textos acadêmicos, chamando a atenção de um potencial orientador. O avaliador deve ter lido inúmeros projetos e artigos sobre o tema e certamente não quer perder seu tempo com globalização ou finalidade da informação contábil.

Erro 8 – Falta de relação entre as partes – O projeto tem, de certa forma, uma introdução e desenvolvimento. A pergunta da pesquisa deve ter relação com o objetivo. As referências com o que se pretende estudar deve ter relação com a proposta. E assim por diante.

Erro 9 – Referências defasadas ou esquecidas – Se você estiver propondo um trabalho sobre convergência, além de não necessitar escrever sobre a globalização, use trabalhos que foram realizadas nos últimos anos. Mas não se esqueça dos trabalhos seminais da sua pesquisa. Este é um erro facilmente detectado pela comissão examinadora: basta dar uma olhada nas referências e verificar o ano de sua publicação.

Erro 10 - Deixar de citar um expoente da universidade na qual você está pleiteando vaga – Um dos projetos que li comentava um determinado assunto e fazia algumas citações, mas esquecia de pesquisas muito próximas que foram feitas por um dos professores do meu programa. Isto é péssimo, pois é natural que você tenha interesse no programa por algum motivo, além da comodidade ou o diploma. A maioria dos candidatos não tem a curiosidade de conhecer os professores do programa no qual estão pleiteando vaga.

17 janeiro 2019

Plágio ajuda na liberação do Roundup

Em 2017, a Comunidade Europeia decidiu permitir, novamente, o uso de glifosato (ou Roundup, seu nome comercial, ou Mata-Mato). Esta substância está presente em produtos usados na agricultura e existe uma controvérsia se seu uso causa ou não câncer nos seres humanos. A decisão dos países europeus estava baseada em um relatório redigido pelo Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos ou BfR. Esta entidade fez um levantamento de evidências científicas sobre o produto e concluiu que não há um comprovação de que o produto seja cancerígeno.

Dois pesquisadores, Stefan Weber e Helmut Burtscher, afirmam que o relatório feito pelo BfR plagiou um artigo escrito pela indústria agroquímica.  Ou seja, não foram os cientistas que trabalham para o BfR que escreveu boa parte do relatório que embasou a decisão, mas um consórcio de empresas do setor agroquímico.

Na terça feira, dia 15 de janeiro, foi divulgado um estudo que comparou a avaliação feita pelo BfR e um relatório feito pela Monsanto e outras entidades interessadas no assunto. O estudo divulgado no dia 15 descobriu que os pesquisadores do BfR plagiaram o relatório do setor agroquímico. Parágrafos inteiros do texto, descrevendo estudos, relevância e confiabilidade, foram retirados do outro texto, perfazendo um total de 50,1% do texto do BfR como sendo plágio. Assim, a base para decisão da Comunidade Europeia tem sua origem em um relatório feito pelo setor interessado na liberação do glifosato. Segundo Weber e Burtscher, isto afeta a validade da conclusão de que o produto não representa um risco para os seres humanos.

Apesar do plágio, não é possível ainda dizer que o produto realmente apresenta um risco para a saúde das pessoas que estão expostas. Alguns estudos afirmam que sim; outros, que somente em casos de elevada exposição. A segunda opção parece ser o mais correto, mas somente com mais estudos será possível afirmar sobre os riscos do produto. De qualquer forma, o plágio no estudo levanta dúvidas sérias sobre o assunto.

Mais aqui

01 fevereiro 2012

Ciência Honesta

Andrew, em Suggested resolution of the Bem paradox, discute a questão da proliferação de pesquisas de baixa qualidade na ciência moderna. Isto inclui plágio, mas também manipulação de dados e citações.

Talvez este problema não seja somente da ciência moderna, mas sempre existiu. A questão é que isto possui uma série de consequências: perda de tempo e dinheiro para quem tenta replicar os achados, desgaste com a divulgação dos problemas, atraso no progresso científico, etc.

Este é um problema sério que talvez não seja possível ter uma solução única. Baseado em Andrew e na minha experiência como professor e pesquisador, algumas sugestões são necessárias:

a) Colocar a disposição do leitor (e do avaliador do artigo) os dados primários das pesquisas. Isto ajudaria a inibir a invenção de informações e permitiria verificar a existência de erros de cálculos;
b) Mudar o sistema de mensuração dos programas de pesquisa e ensino de pós-graduação. O sistema de incentivo existente hoje premia o pesquisador pela quantidade, não pela qualidade;
c) Ser rigoroso com quem comete este tipo de erro. Isto deve ser feito para todos os estágios do processo de pesquisa e ensino. Um aluno que escreve um artigo com plágio deve ser reprovado; um artigo publicado num periódico e que posteriormente constatou a existência de plágio, deve ser retirado de circulação; um artigo submetido num periódico para publicação onde se constatou plágio, deve ser divulgado para os pares tal fato para impedir que o mesmo seja publicado num periódico desavisado;
d) Incentivar o uso de métodos mais relevantes de análise, para evitar a existência de fatos como correlações espúrias. Andrew sugere o uso de multilevel modeling .
e) Incentivar o uso de working paper
f) Mais importante: vivemos país onde a desonestidade não é punida (incentivada?) e a “esperteza” é valorizada, em grandes e pequenas situações (furar uma fila, ultrapassar pelo acostamento, usar energia sem pagar e muitos outros exemplos). Nunca conseguiremos fazer uma ciência “honesta” num ambiente destes.

figura, aqui

27 maio 2019

Plágio é crime ... em Montenegro

Montenegro, um pequeno país da Europa, anteriormente ligado a Iugoslávia, instituiu uma lei onde plágio é considerado crime. Junto com a lei, aprovada pelo parlamento, foi criado um Comitê de Ética nacional e se reconheceu que plágio é um crime. Prêmios, notas, cargos e títulos obtidos por uma pessoa tendo por base um trabalho com plágio serão considerados nulos e sem efeito. Mas não somente isto: outras penalidades, como repreensão, podem ser aplicadas.

Ilustração, aqui

05 abril 2013

10 dicas para identificar o plágio

Além dos programas de caçam plágio, um leitor poderá desconfiar que um texto seja plagiado a partir de algumas dicas. Apresento, a seguir, uma lista incompleta de alguns dos indícios:

1. O nível do texto é superior à capacidade do autor – Isto pode ocorrer quando você conhece quem escreveu o texto. Se o trabalho que você estiver lendo tiver uma qualidade muito acima do que você esperaria daquela pessoa, isto pode ser um sinal de plágio;
2. O texto mudou de estilo e de qualidade – O texto segue um estilo normal e, de repente torna-se muito técnico. O novo trecho tem grande chance de ter sido copiado de alguém. Outra situação próxima a esta é a mudança brusca de assunto.
3. A análise dos dados para num ano sem uma explicação plausível – Li um artigo este ano em que os autores fizeram uma análise de algumas demonstrações financeiras no ano de 2010. Não existia nenhuma razão de fazer a análise para 2010 se existiam informações disponíveis de 2011.
4. Citações difíceis de serem obtidas – Existem algumas obras que dificilmente as pessoas conseguem acesso, como artigos antigos e livros com edições esgotadas.
5. Não existe vínculo entre as partes – Alguns textos parecem Frankenstein: as partes não estão interligadas, a análise de dados não tem uma coerência com o referencial teórico e assim por diante.
6. Citações defasadas – Quando não existe nenhuma obra recente sobre o assunto no trabalho: isto pode ser um sinal de que o autor buscou em terceiros sua citação.
7. Tradução em citações literais – Alguns textos possuem citações literais de obras em outras línguas. Em geral que faz ele próprio a tradução, informa que a tradução é própria.
8. Tema pouco usual na literatura acadêmica brasileira – Há meses fui convidado a avaliar um artigo encaminhado para um periódico nacional. O assunto era pouco usual na nossa literatura, assim como a abordagem usada – baseada excessivamente em modelagem. O texto era uma tradução de um artigo publicado em língua inglesa.
9. Gráficos com baixa resolução – Se no trabalho aparecer uma figura, um gráfico, uma tabela ou fórmula com baixa resolução visual desconfie. Pode ter sido usado o Control C + Control V.
10. A formatação difere das regras pré-estabelecidas – Eis um caso típico: foi solicitado expressamente para usar as normas da ABNT na citação e o texto traz citações pelas normas da APA. Qual a razão para o autor desobedecer as normas?

03 março 2011

Plágio

O gráfico mostra a tese do ex-ministro da defesa da Alemanha, Karl-Theodor zu Guttenberg. Em vermelhor escuro, o plágio total; em vermelhor mais claro, plágio disfarçado.

06 maio 2019

Plágio

A escritora brasileira Cristiane Serruya, que escreve em inglês, foi acusada de plágio, inclusive Nora Roberts. A notícia saiu em diversos locais. Um exemplo do plágio de Serruya:

“She was beautiful. A man didn’t get to be just shy of his thirtieth birthday without seeing some beautiful women, even if it was just on a movie screen. But this one, in the flesh, was one quick wow.” versus (Serruya's): “She was beautiful. A man didn’t get to be just shy of his thirty-seventh birthday without seeing some beautiful women, even if it was just on a movie screen. But that was not the case with Ludwig, who’d had more than his share of extraordinarily beautiful women. But this woman, in the flesh, was superlative.”

A escritora perdeu na justiça e seus livros estão proibidos de serem comercializados. O mais engraçado foi um e-mail de Serruya se defendendo [grifo do blog]:

Ela não foi encontrada para comentar a questão nesta quarta, mas em um e-mail para a assessora de imprensa de Nora Roberts [foto] ela disse que "nunca plagiou ninguém intencionalmente" e acusou ghost-writers que ela contratou no Fiverr pela sobreposição entre seus livros e os outros.

17 março 2011

Plágio

O aumento da incidência do plágio - apropriação indevida da obra intelectual de outra pessoa - em produções científicas vem preocupando pesquisadores em todo o mundo. No Brasil, embora não haja estudos que apontem o crescimento da prática, a falta de regras claras para a definição e a prevenção dessa conduta considerada antiética torna a questão bastante delicada. A avaliação é da pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Sônia Vasconcelos, que estuda o assunto. 

A professora, que participou nesta quarta-feira, 16, no Rio de Janeiro, de um seminário sobre o tema, promovido pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explicou que há levantamentos que apontam que a identificação de má conduta, entre elas, a ocorrência de plágio, triplicou entre a década de 1970 e 2007, tendo passado de menos de 0,25% para 1%, em estudos submetidos ao Medline, base de dados de produções da literatura internacional da área médica e biomédica. 

 (Fonte: Blog do Jomar)

14 janeiro 2020

Ministro da economia da Sérvia

O ministro da economia da Sérvia obteve seu doutorado na Faculdade de Ciências Organizacionais (FOS) da Universidade de Belgrado em 2013. O trabalho era sobre criação de valor nas situações de reestruturação e privatização. Na mesma época da defesa, Mali tinha também submetido uma tese na Faculdade de Economia, mas não está claro se tratava do mesmo trabalho ou de outro, original.

Em 2014, um site afirmou que pelo menos um terço da tese tinha sido plagiado, inclusive usando textos da Wikipedia. No mesmo ano, uma editora informou que um artigo de Mali tinha parágrafos não citados de outro autor. Em 2015, Mali tem um trabalho retirado da revista "Organization and Management", que depois republicou o texto, com a correção.

No final de 2016, uma comissão de ética da FOS concluiu que pela não contestação da contribuição científica do trabalho. Mas um acadêmico contestou e afirmou que o trabalho é um plágio, solicitando a anulação do doutorado.

Já em 2017, o relato da comissão de ética foi rejeitado e outra comissão foi formada. Mali não foi a única figura pública que teve problemas com plágio. Mas o seu caso prosseguiu com uma série de investigações e relatórios. Para encurtar, em dezembro de 2019, a Universidade de Belgrado cassou o doutorado de Mali por plágio.

12 janeiro 2010

Plágio

Plagiadores alegam falta de tempo
Gazeta do Povo - 11/1/2010

Pesquisas em duas universidades apontam que o problema está no aluno e no professor. Um tem preguiça de fazer e o outro, de corrigir

Duas pesquisas realizadas em instituições de ensino superior, uma de âmbito estadual e outra de abrangência nacional, apontam o mesmo motivo como causa principal para o plágio e a compra de trabalhos na internet pelos acadêmicos: a falta de tempo – ou ao menos a sensação de que existem mais tarefas do que o dia comporta. Isso tanto para alunos, que preferem tomar um atalho para o fim do semestre, quanto para professores, que acabam não dispensando a devida atenção aos estudantes.

Pesquisa realizada com 276 alunos do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em 2007, constatou que 41% admitem já ter copiado ou comprado trabalhos na internet. Dentre os 42% que disseram por que fazem isso, dois em cada três justificaram a prática pela simples falta de tempo. A prática nem sempre passa despercebida do outro lado.

Dos 585 professores de contabilidade e administração de todo o país entrevistados também em 2007 pelo pesquisador Pedro Luengo Garcia, do Centro Universitário São João do Boa Vista (Unifae), 83% disseram já ter se deparado com trabalhos que não foram elaborados pelo aluno. A receita que os próprios entrevistados oferecem para combater essa prática exige tempo e esforço do professor: acompanhar o desenvolvimento do aluno. Eles deram respostas discursivas e Garcia tabulou a recorrência desse conceito em 20%.

“Nosso curso é voltado à formação de profissionais. Mas alguns que entram no mercado logo acham que a carga excessiva de trabalho justifica uma conduta antiética”, percebe a professora Nelma Zubek, que coordenou a pesquisa na UEPG. Essa percepção vale para outras áreas majoritariamente técnicas e é um alerta sobre a maneira como os alunos vêm sendo introduzidos na vida acadêmica, observa.

Esse comportamento prejudica o aprendizado, segundo 67% dos entrevistados. Mas para muitos, isso não é o suficiente para parar. “Eles pensam ‘não vou ser pesquisador, não preciso saber fazer isso’, o que não é verdade. Na profissão, ele terá de embasar suas decisões na teoria”, diz Nelma.

Na visão dos pesquisadores, professores devem fazer um mea culpa por muitas vezes não orientar e não conhecer os estudantes. “Deveríamos fazer o aluno entender a importância do trabalho acadêmico, mas muitos colegas simplesmente não pensam assim”, pondera Nelma. E Garcia ressalta que, apesar de muitos receitarem o acompanhamento, poucos professores sabem dizer qual a capacidade dos seus alunos – apenas 6% citam esse tópico em suas respostas discursivas.

Correção

Apesar de residual no cômputo final, uma afirmação dos estudantes merece atenção: 3% dos que disseram por que já copiaram ou compraram trabalhos prontos o fez porque acredita que o professor não os corrige. Para eles, muitas tarefas servem para “encher linguiça”, nas palavras do contador Sandro da Silva.

Silva foi aluno da UEPG e participou da elaboração da pesquisa sobre plágio. Apesar de abordar o corpo de estudantes, durante o processo, alguns professores confessaram a Silva que faziam a correção de parte dos trabalhos por amostragem. “O aluno diz que copia porque não tem tempo, e o professor diz que não corrige porque também não tem. Então tem algo de errado nessa relação”, analisa.

Para testar se o professor lê ou não os textos pedidos, há alunos que costumam incluir “pegadinhas” entre dois parágrafos. Histórias sobre receitas de bolo espalhadas aos poucos pelas páginas são várias. Um estudante teria ido mais longe e usado palavras de baixo calão contra o professor – sem receber nenhuma reprimenda. “É o que ouvimos em nossas entrevistas, não temos como afirmar que realmente aconteceu”, pondera.

“Dar trabalho por dar, para fechar nota, e coisas assim, é um incentivo para que o aluno copie e compre, porque ele sente que seu esforço não é valorizado e percebe que não vai ser pego se usar dessas ferramentas”, acredita Garcia. Se for para aplicar esse tipo de avaliação, orienta, o professor deve pedir trabalhos objetivos e específicos e entregue um retorno sobre o resultado ao aluno.

07 março 2016

Plágio

Já sabíamos de plágio na música, na propaganda ou na ciência. Mas a notícia agora é o plágio nas palavras cruzadas.
 Na figura do lado esquerdo uma cruzadas publicada em 2001 no New York Times. Do outro lado, cruzadas publicada no USA Today em 2010. E parece que este não é o único caso relatado.