No final de 2024, um episódio trágico marcou o setor de saúde norte-americano: o CEO da UnitedHealthcare foi baleado em Nova Iorque, a caminho de uma conferência de acionistas. Cinco dias depois, a polícia prendeu um suspeito que carregava consigo um manifesto contra o sistema de saúde. De acordo com as investigações, ele teria agido movido pela crença de que o setor é parasitário e dominado pela ganância. Hoje, aguarda julgamento, podendo inclusive enfrentar a pena capital.
Mas, e a contabilidade? Se de fato foi o autor do crime, parece não ter sequer olhado as demonstrações financeiras da UnitedHealthcare. O grupo liderado pela vítima registrava uma margem líquida de 6,11% — um resultado modesto dentro do mundo corporativo. Outras empresas do setor operam com margens até menores. Os números, frios e objetivos, narram uma realidade muito diferente daquela construída na mente do suspeito.
O episódio revela algo incômodo: ainda que a contabilidade se esforce em mostrar a realidade econômica, sua linguagem raramente convence quem já está tomado por convicções.
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