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Mostrando postagens com marcador ativo cultural. Mostrar todas as postagens
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05 setembro 2025

Ativos Culturais repugnantes são ativos?


O turismo sombrio parece existir na Alemanha. Uma notícia (via blog de Al Roth) informa que algumas pessoas que visitam Berlim procuram o local onde ficava o bunker de Hitler. Hoje, o local é somente um estacionamento, mas mesmo assim não desestimula os turistas. O governo sempre resistiu em transformar o local em atração turística, mas, em 2006, uma placa informativa foi colocada no espaço. Dez anos depois, um museu de história de Berlim construiu uma réplica completa do bunker. 

O Nobel Al Roth propôs o conceito de mercados repugnantes. Mesmo que a sociedade tenha aversão a certos tipos de atividades, podendo proibir ou reprimir sua existência, o mesmo existe. A prostituição, a venda de órgãos humanos, o mercado de ingressos para eventos, o aumento de preços após um desastre são exemplos. O turismo sombrio também seria um exemplo. Mesmo com todo esforço de reprimir a demanda, sempre haverá pessoas interessadas em consumir o produto. 

Aqui uma dificuldade para o contador: seria o local um ativo cultural? Creio que a resposta envolve uma discussão sobre ética do reconhecimento. 

16 maio 2025

O desafio de mensurar um objeto histórico


Eis o texto original:

Uma rara cópia original da Magna Carta de 1300 foi identificada nos arquivos da Faculdade de Direito de Harvard. Comprada em 1946 por apenas 27,50 dólares (equivalente a cerca de 477 dólares atualmente), ela foi arquivada incorretamente por décadas e durante muito tempo foi considerada apenas uma réplica. Agora, confirma-se que o pergaminho de pele de carneiro é um dos apenas sete exemplares originais ainda existentes, emitidos pelo rei Eduardo I naquele ano.

Historiadores britânicos descobriram sua importância após encontrarem uma imagem digital em alta resolução na internet. Em seguida, usaram luz ultravioleta e imagem espectral para comparar os textos físicos e verificar sua autenticidade. Eles acreditam que o documento foi enviado originalmente para o distrito parlamentar de Appleby-in-Westmorland, na Inglaterra, e mais tarde adquirido por livreiros de Londres de um herói de guerra da Força Aérea Real, antes de ser vendido para Harvard.

Assinada pela primeira vez em 1215 pelo rei João, a Magna Carta estabeleceu o princípio de que ninguém — nem mesmo um monarca — está acima da lei. A versão de 1300, conhecida como Confirmação das Cartas, reafirmou esses direitos e ajudou a lançar as bases do direito constitucional, incluindo a Constituição dos Estados Unidos.

(Da newsletter 1440). Imagem aqui

Veja a dificuldade de mensuração de um ativo histórico. Em sua origem, o custo histórico de 27,50 dólares poderia hoje equivaler a apenas 477 dólares, se corrigido monetariamente — cerca de 17 vezes o valor original. No entanto, o que o torna um objeto historicamente valioso são suas características. O fato de ter sido considerado uma réplica levou o documento a ser tratado, durante décadas, como um ativo de baixo valor. A descoberta de que o documento não apenas era original, mas também raro, tornou o processo de mensuração de seu valor muito mais complexo.

Do ponto de vista contábil, esse caso evidencia os limites do custo histórico como base de mensuração. Afinal, o exemplo mostra como a contabilidade tradicional pode não refletir a relevância histórica, cultural ou de mercado de um ativo. Mesmo o valor justo pode ser difícil de determinar em situações de raridade extrema e ausência de transações comparáveis. Isso levanta discussões sobre a utilidade das informações contábeis nesse tipo de contexto.


18 julho 2023

Competição de cavalo de pau

Dizem que os finlandeses são os povos mais felizes do mundo. É um título controverso. Mas a Finlândia parece ser a terra da competição de cavalos de pau e isto é levado a sério. 

Em 2017 um documentário mostrou a subcultura do hobbyhorsing. E este ano foi realizado um campeonato na cidade de Seinäjoki. Assisti o vídeo e confesso que não entendi nada. Mas deve ser um problema meu, já que pelas imagens é possível notar uma grande quantidade de pessoas participando do adestramento com cavalos de brinquedo. 

Será que este tipo de atividade poderia ser considerado um ativo cultural? 

04 agosto 2022

Valor do Coliseu


A empresa de auditoria Deloitte, através da sua filial italiana, atribuiu um valor para o Coliseu. Segundo um estudo (via aqui), divulgado no site da empresa de auditoria, o monumento icônico da cidade de Roma tem um valor de 77 bilhões de euros. Somente sua contribuição com a economia italiana é de 1,4 bilhão por ano, segundo a Deloitte. 

A contribuição para o PIB é o parâmetro mais fácil de ser calculado. Em 2019, mais de 7 milhões de pessoas visitaram o Coliseu. Mas além do valor material, representado pelos benefícios econômicos que traz, o Coliseu tem um valor hedônico, representado, segundo a Deloitte, pelo prazer da proximidade e da vista. 

Mas o principal é o valor do Coliseu como ativo social, que no relatório da Deloitte recebeu a denominação de Valor do Ativo Social. 

na avaliação de um ativo icônico tão importante do patrimônio cultural do mundo, não se pode limitar a considerar apenas os benefícios financeiros que isso pode produzir, mas também o valor relacionado à importância que a sociedade reconhece na existência do bem, por todos os benefícios emocionais gerados por suas características únicas de ativos "icônicos", com mais de 2000 anos de história, o chamado valor da existência. Este valor de existência foi estimado, conforme sugerido pela literatura, referindo-se a quanto a comunidade estaria disposta a pagar (o chamado "Desejo de pagar") para preservar o bem, através do uso de técnicas de avaliação reconhecidas para a avaliação de ativos culturais e com base em uma pesquisa dedicada. 

A partir da pesquisa realizada para estimar o valor social do Coliseu, surgiu claramente a importância reconhecida pela sociedade. 97% dos entrevistados acreditam que a existência do Coliseu é muito importante ou importante. 87% dos entrevistados acreditam que o Coliseu representa a atração cultural mais importante em nosso país; 92% concordam que o Coliseu deve ser preservado em todas as circunstâncias. Além disso, mais da metade (52%) considera o Coliseu o principal fator na decisão de visitar Roma, apesar da imensidão do patrimônio histórico e cultural de nossa cidade. Finalmente, cerca de 30% dos entrevistados acreditam que apenas os italianos devem pagar pela conservação do Coliseu, enquanto que pelos 70% restantes, visitantes e em todo o mundo devem contribuir para a preservação do Coliseu, confirmando o valor reconhecido globalmente em nosso icônico ativo. 

Através do método do Método de Avaliação Continente, que se baseia na Disposição a Pagar detectada pela pesquisa realizada, foi estimado um valor de existência de 75,7 bilhões de euros, que foi adicionado ao valor relacionado às receitas geradas por ele (o chamado. valor da transação econômica) de 1,1 bilhão de euros, leva a um valor geral do Coliseu como ativo social de 76,8 bilhões de euros.