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08 setembro 2025

UKEB irá avaliar o impacto de uma norma contábil

O UKEB (UK Endorsement Board) está adotando um critério para avaliar o impacto da adoção de uma norma contábil. Isto parece ser inédito e muito bom para evitar que um país, no caso o Reino Unido, adote uma norma ruim. 

O UKEB está pensando em avaliar os efeitos na alocação de capital. O documento do Board contém os critérios, o que inclui, por exemplo, um acompanhamento do efeito sobre o modelo de Gordon. Se uma norma reduzir o custo do capital, podemos inferior, a princípio, que é uma boa norma. 

Mas o próprio documento é realista quanto o alcance da medida, já que é muito difícil de isolar o efeito de uma norma: 

A falta de inferência causal na literatura é atribuída a:

a) Falta de um grupo de controle: os pesquisadores enfrentam dificuldades em identificar um “grupo de controle”, ou seja, um grupo comparável de empresas que não aplicaram/aplicam as IFRS. Isso ocorre porque a adoção das Normas Contábeis IFRS geralmente exige a aplicação por todas as empresas listadas em uma determinada jurisdição ao mesmo tempo, o que torna praticamente impossível identificar um grupo de controle de empresas com informações públicas disponíveis e características semelhantes.

b) Fatores de confusão: fatores de confusão dificultam o isolamento do efeito das IFRS:
i. em nível macro, isso se deve muitas vezes a regulações financeiras introduzidas ao mesmo tempo que as IFRS. Por exemplo, no momento da adoção em 2005, muitas jurisdições iniciaram reformas relacionadas ao mercado de capitais para apoiar a adoção das IFRS. As estimativas de estudos sobre a adoção das IFRS em 2005 provavelmente capturam também o efeito dessas reformas concomitantes; e
ii. em nível micro, os desenhos de pesquisa normalmente não isolam o efeito dos requisitos contábeis do desempenho econômico subjacente de uma empresa e da aplicação que a própria empresa faz dos referidos requisitos. 

c) Dificuldades em identificar o período correto de tratamento: a identificação de um período apropriado de tratamento nem sempre é simples. É plausível, por exemplo, que os mercados financeiros antecipem mudanças nas normas contábeis e precifiquem essas mudanças antes que uma nova norma entre em vigor. Portanto, a magnitude ou até mesmo o sinal do coeficiente associado a uma variável do período pós-adoção pode não capturar totalmente o efeito das IFRS.

d) Desenho de pesquisa: alguns artigos utilizam desenhos de pesquisa que não produzem estimativas causais. Por exemplo, alguns estudos baseiam-se em modelos simples de regressão por Mínimos Quadrados Ordinários (OLS), que não são adequados para estabelecer causalidade.

e) Viés sistemático em direção às grandes empresas: a maioria dos estudos foca no impacto das IFRS no custo de capital das grandes empresas. Empresas menores são frequentemente excluídas dessas análises, já que bases de dados comerciais geralmente têm cobertura muito mais limitada dessas companhias, o que gera viés sistemático nos resultados. Por exemplo, se empresas maiores experimentarem um benefício marginal mais elevado com as Normas Contábeis IFRS, as conclusões podem superestimar de forma incorreta os efeitos da adoção dessas normas.

Um grande avanço. Mas fica a pergunta: se chegarem a conclusão que a norma aumenta o custo do capital, o regulador deixará de endossá-la?