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24 abril 2025

Verde e Dívida nos Brics


Eis o resumo

Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre práticas de inovação verde e desempenho ESG na estrutura de dívida de empresas nos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), considerando o nível de governança desses países. Utilizamos regressão multinível em uma amostra de 854 empresas desses cinco países emergentes de 2009 a 2019. Os resultados mostram que inovação verde, construção sustentável e certificação ISO14001 estão negativamente relacionadas com a dívida da empresa. O desempenho ESG reduz restrições financeiras e eleva a dívida para patrimônio líquido e prazo longo, quando seus respectivos países têm melhor qualidade de governança. O estudo preenche uma lacuna na literatura ao abordar as implicações da inovação verde e do desempenho ESG na dívida corporativa no contexto dos BRICS. Portanto, os resultados podem contribuir para verificar o impacto das práticas de inovação verde nas dívidas das empresas para identificar quais recursos elas estão utilizando para financiar projetos ambientais e se aspectos de governança ajudam a reduzir as restrições de recursos. As evidências encontradas neste estudo fornecem suporte aos gestores em suas estratégias de dívida, em um cenário onde as demandas estão crescendo para alinhar as ações corporativas aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Como as pessoas estão usando a IA?

Muito interessante a pesquisa. Um ponto que sempre foi destacado é que a IA deixaria para o ser humano a criatividade. Mas na lista, em nono, a criatividade. Quando colocado em grandes temas, apareceu o seguinte: 
Quase um terço das pesquisas é apoio profissional e pessoal. 

Valor do animal de estimação

Um estudo recente descobriu-se que ter um animal de estimação tem um impacto aproximadamente equivalente na felicidade a passar tempo com amigos ou parentes humanos. Dois pesquisadores ingleses pesquisaram mais de 2500 famílias no Reino Unido. Os participantes foram convidados a dar uma nota da sua vida, sendo 1 corresponde a nada satisfeito e 7 completamente satisfeito. 

Os autores obtiveram outros dados, que foram controlados no momento de estudar o efeito de um animal de estimação, para isolar o impacto na nota dada. A pesquisa concluiu que a presença de animais de estimação geram um impacto na nota dada para satisfação da vida. Veja que os participantes não foram questionados se os animais produziam felicidade, retirando um viés nas resposta. 

Como já se sabe que dinheiro ajuda na felicidade, os autores concluiram que a presença de um animal de estimação corresponde a ter uma renda extra de 70 mil libras.

Via aqui. O trabalho está aqui

23 abril 2025

Dupla listagem da JBS


A JBS informou na terça-feira (22) que seu conselho de administração aprovou convocação para 23 de maio de assembleia extraordinária de acionistas sobre o plano de dupla listagem de ações, segundo fato relevante ao mercado.


A companhia, maior produtora de carnes do mundo, pretende listar ações na bolsa de Nova York, algo que deve dar à empresa uma base mais ampla de investidores e de capital. Atualmente, a listagem primária da JBS está no Brasil.

(...) O anúncio foi feito após o pedido da dupla listagem ter sido aprovado pela SEC, o regulador de mercados dos EUA. A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).(...)

Na assembleia do dia 23, a JBS afirmou que a pauta envolverá os assuntos que incluem a contratação da KPMG para elaboração do laudo de avaliação do valor das ações da JBS SA e aprovação do laudo que calculou em R$ 44,78 bilhões o valor de patrimônio líquido contábil da JBS SA.

Segundo comunicado da JBS, os acionistas minoritários terão total poder de decisão sobre a dupla listagem.

A JeF, holding da família Batista, e a BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar, o que deixará a decisão a cargo de detentores de pouco mais de 30% do free float da companhia.

No passado, a empresa tentou fazer esse movimento, mas não obteve sucesso. A empresa é uma das maiores empresas brasileiras, seja pelo valor de mercado ou por receita. Mas confesso que não entendo a posição do BNDESPar, que usa dinheiro público, de abster da votação. Ele deveria ter uma posição se o fato é positivo ou não. 

Multa da Comunidade Europeia


A Comissão Europeia multou a Apple e a Meta, a empresa-mãe do Facebook e do Instagram, por violarem a legislação comunitária sobre Mercados Digitais. Bruxelas anunciou nesta quarta-feira que aplicará uma multa de 500 milhões de euros à empresa de tecnologia [Apple] por não permitir que os desenvolvedores se comuniquem diretamente com os usuários em sua loja de aplicativos. A outra multa, no valor de 200 milhões de euros, aplicada à dona das redes sociais [Meta], está relacionada ao modelo conhecido como "consentir ou pagar", pois a multinacional não fornecia aos usuários outra opção senão ceder seus dados ou pagar pelo uso de suas plataformas.

Fonte: aqui

A Natureza da Firma – Por que Empresas Existem?

Na década de 1930, Ronald Coase, em sua obra seminal "A Natureza da Firma", questionou algo fundamental para a economia: por que as empresas existem se o mercado é tão eficiente na alocação de recursos? Coase, posteriormente laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1991, destacou os custos de transação como peças-chave nesse quebra-cabeça econômico.

A teoria de Coase explora como as empresas surgem para reduzir os custos envolvidos na utilização do mercado. Enquanto o mercado, com seu sistema de preços, coordena ações dispersas entre indivíduos desconhecidos, as firmas internamente coordenam atividades através de ordens diretas e decisões centralizadas. Essa estrutura permite economias internas, como a eliminação dos custos de busca de fornecedores, negociação de contratos e supervisão constante.


O argumento possui exemplos concretos: a Apple, por exemplo, opta por desenvolver internamente certos componentes do iPhone para manter o controle de qualidade e inovação, enquanto a Amazon inicialmente terceirizava sua logística, mas internalizou operações para ganhar em controle e eficiência.

No entanto, há limitações para o crescimento das firmas. Coase observa retornos decrescentes à medida que as empresas se expandem, aumentando os custos gerais de gestão e a dificuldade na alocação de recursos. Assim, o tamanho ideal de uma firma equilibra os benefícios de redução de custos transacionais com os desafios de uma organização interna complexa.

A teoria de Coase não apenas questiona a suposta eficiência total do mercado, mas também redefine a firma como uma resposta econômica racional aos custos relativos de transação. A compreensão desses princípios fundamentais é essencial para analisar não apenas a economia das empresas, mas também os modelos de coordenação econômica em escala global.

No contexto da terceirização dos serviços de contabilidade, os conceitos de Ronald Coase sobre os custos de transação oferecem uma perspectiva esclarecedora. Para empresas de menor porte, terceirizar a contabilidade muitas vezes é mais eficiente, pois não há volume suficiente para justificar a manutenção de um departamento contábil interno. Externalizar esses serviços reduz os custos de transação associados à busca por especialistas, negociação de contratos e revisão contínua. À medida que a empresa cresce, no entanto, a complexidade contábil aumenta, exigindo uma análise mais detalhada dos custos e benefícios de manter serviços internamente versus terceirizar. 

Resenha: A Grande Falácia


Este é um livro bastante rigoroso de duas autoras londrinas que expõem o funcionamento da indústria da consultoria. Com mais de 200 páginas, são listados os problemas de empresas como McKinsey, BCG, EY, Deloitte, PwC, KPMG e outras. Alguns casos lembram uma peça de teatro do absurdo, mas o domínio dessas empresas sobre contratos públicos e privados merece atenção.

Devo ressaltar dois pontos negativos sobre o livro. Primeiramente, apesar de ter sido escrito a partir da Inglaterra e incluir relatos da África do Sul, Alemanha nazista, Coreia do Sul e outros países, não há nenhum relato sobre fatos do Brasil, o que parece estranho. Aqui nós conhecemos o impacto dos conselhos dados por essas empresas aos governos e empresas nacionais, incluindo o caso da Sadia e o recente exame de suficiência, onde uma prova ficou abaixo do padrão adequado para um profissional contábil. Nada é mencionado sobre as fundações de apoio de universidades ou os consultores de gestão que influenciam empresas como a Ambev. Há duas referências a Angola, três a Ruanda, três ao Chile, mas os casos brasileiros foram deixados de lado pelas autoras.

Em segundo lugar, o alerta para os problemas das consultorias é importante, mas a visão apresentada parece muito maniqueísta. Existem casos em que as consultorias contribuíram para melhorar a eficiência empresarial, mas o livro foca exclusivamente nos aspectos negativos das consultorias.

Apesar desses pontos, é uma leitura recomendada para quem deseja obter insights críticos sobre as grandes consultorias globais.