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31 agosto 2025

Má conduta científica


Um artigo da Enago aponta os 10 tipos mais comuns de má conduta científica: 

  1. Desvio de ideias (Misappropriation of Ideas) – apropriar-se indevidamente de conceitos ou planos não divulgados, sem dar crédito.

  2. Plágio – uso de palavras, resultados ou métodos de outrem sem citação apropriada.

  3. Autoplágio (Self‑plagiarism) – republicação de conteúdo próprio sem a devida referência à fonte original.

  4. Impropriedade na autoria (Impropriety of Authorship) – atribuir autoria a quem não contribuiu substantivamente, ou omitir colaboradores relevantes.

  5. Não conformidade com normas regulamentares (Failure to Comply with Regulatory Requirements) – desconsiderar exigências legais ou de ética.

  6. Fabricação de dados (Fabrication) – inventar resultados ou dados inexistentes.

  7. Falsificação de dados (Falsification) – manipular ou omitir dados de forma a distorcer resultados.

  8. Falha em apoiar pesquisas de validação (Failure to Support Validating Research) – negar acesso ou não contribuir para a replicação oficial.

  9. Resistência a tentativas de validação (Failure to Respond to Unsuccessful Validation Attempts) – ignorar críticas ou falhas encontradas por terceiros.

  10. Comportamento inadequado diante de suspeita de má conduta (Inappropriate Behavior in Connection to Suspected Misconduct) – encobrir, retaliar ou desviar-se dos procedimentos diante de indícios de má conduta.

Educação sem internet

O que seria da educação atual sem a internet? Uma possível resposta está no experimento natural de Green Bank

De muitas maneiras, Green Bank foi um experimento não intencional em pedagogia. Enquanto o restante do país se apressava em levar tecnologia para as salas de aula, Green Bank permaneceu preso em 1999. Sem Wi-Fi, os 200 alunos da escola não podiam usar Chromebooks ou livros digitais, nem realizar pesquisas online. Os professores não conseguiam acessar programas de educação individualizada ou utilizar o Google Docs para reuniões de equipe. Até tarefas rotineiras, como as provas padronizadas exigidas pelo estado, tornaram-se desafiadoras, com os alunos revezando-se em um pequeno laboratório de informática cabeado para fazer os exames.

“A capacidade de individualizar o aprendizado com um iPad ou laptop — isso é basicamente impossível”, disse a professora Darla Huddle, que já lecionou na Pensilvânia. A escola utiliza o currículo Eureka Math, que também possui uma ampla plataforma digital com vídeos interativos e instrução personalizada, mas esses recursos adicionais não estão disponíveis nas salas de Green Bank.

“Sem o componente online do nosso currículo funcionando plenamente, isso prejudica bastante a nossa instrução”, afirmou a professora Sarah Brown, que já trabalhou em escolas na Carolina do Norte. “Parece muito antiquado porque a tecnologia que usamos está muito ultrapassada.”

Ao longo dos anos, surgiram propostas para que a escola tivesse Wi-Fi sem interferir no observatório. Uma ideia era instalar LiFi, que emite Wi-Fi de curto alcance por meio de lâmpadas, mas a tecnologia era instável e cara. Outra proposta era erguer um enorme monte de terra atrás da escola para impedir que o sinal se propagasse até os telescópios, mas isso destruiria os campos de futebol.

Enquanto essas discussões se arrastavam, os alunos ficaram ainda mais atrasados em matemática e leitura, com Green Bank registrando consistentemente as menores notas da região. “Nossas crianças não são diferentes das demais do condado”, disse a diretora Melissa Jordan. “A única diferença, na minha opinião, é a falta de acesso a tecnologias envolventes.”


 

Contextualizando, é uma pequena comunidade onde fica um famoso observatório com um radiotelescópio (foto). Em razão dos equipamentos, a área tem restrição ao uso de eletrônicos, que podem interferir nas observações astronômicas. 

Rir é o melhor remédio

A Ilha Volvo (Volvo Island) está localizada perto da fronteira do Canadá. Veja a localização pelo Google Maps:

A curiosidade é que a "ilha" não tem habitante e somente um automóvel, um Volvo:


 

Regulação, divulgação e clima

Reguladores em todo o mundo passaram a exigir que empresas de investimento forneçam informações sobre aplicações em combustíveis fósseis a partes interessadas externas. Neste artigo, examinamos se tais divulgações impactam os portfólios de investimento e/ou as políticas de investimento das empresas que as realizam. Utilizando como base um mandato de divulgação da Califórnia de 2016, que exigia que algumas seguradoras norte-americanas revelassem seus investimentos em combustíveis fósseis em um site público, constatamos que as seguradoras que divulgaram reduziram esses investimentos em aproximadamente 20% em relação às que não divulgaram. Apesar desse resultado médio, observamos variações significativas nas mudanças dos portfólios de investimento. Identificamos que seguradoras pressionadas por partes interessadas externas, incluindo acionistas públicos e ativistas ambientais, têm maior probabilidade de se desfazer dos ativos. Em contraste, o fortalecimento do poder regulatório californiano não se mostrou relacionado ao desinvestimento. Mesmo após a reversão do mandato de divulgação, verificamos que as seguradoras que divulgaram não retornaram às suas posições anteriores em combustíveis fósseis, sugerindo que o impacto gerou uma mudança de comportamento de investimento de longo prazo.

Isto é muito interessante, pois mostra que forçar a divulgação tem impacto sobre a ação das empresas. É lógico que a amostra está restrita à Califórnia, mas é um estado rico, que dita tendências. 

O artigo é do Journal of  Accounting and Economics 

Public Sector Financial Accountability Index

O Public Sector Financial Accountability Index foi desenvolvido pela IFAC (International Federation of Accountants), em parceria com o CIPFA (Chartered Institute of Public Finance and Accountancy). Trata-se de uma ferramenta que coleta, verifica e analisa os métodos e estruturas de relato financeiro utilizados por governos federais e centrais ao redor do mundo.

Há uma tendência de os governos adotarem o regime de competência, embora muitas jurisdições ainda utilizem um modelo híbrido ou parcial. Diversos países adotam as normas de competência do IPSAS (International Public Sector Accounting Standards), ainda que um número considerável o faça com adaptações locais.

A situação em 2020 era a seguinte:


Em verde, estão os países que utilizam o regime de competência (30%). Em marrom, os países que adotam um regime parcial (40%). O regime de caixa, representado pela cor vermelho-escura, é adotado por Alemanha, Índia e Noruega (30%). Já em cinza, aparecem os países para os quais não há informação disponível. 
Os países que adotam o IPSAS sem modificação são minoria. No mapa acima, estão representados na cor azul e incluem Nicarágua, Casaquistão, Quênia, Paquistão e Sérvia. O IPSAS modificado para o contexto local corresponde aos países em azul-escuro, como Mongólia, Turquia e Colômbia. Entre os que possuem padrões nacionais baseados na IFRS, destacam-se Austrália e Inglaterra. Já os padrões nacionais com referência ao IPSAS incluem Brasil, Rússia, México, Espanha e Suécia. Os padrões nacionais distintos — com regime de competência ou não — abrangem Argentina, Estados Unidos, Canadá, China, Índia e grande parte da Europa.

Serviços postais e tarifas


A União Postal Universal das Nações Unidas, que reune os serviços de correios dos diversos países do mundo, indicou que 25 países membros suspenderam seus serviços postais para os Estados Unidos. A lista inclui Reino Unido, Austrália, Japão e China, mas não o Brasil. 

O governo Trump quer que as tarifas sejam pagas por quem envia os bens. Esta vontade é para evitar que os novos valores sejam considerados como impostos de importação sobre empresas e consumidores dos Estados Unidos. 

Posse e propriedade: caso real da família de Shakespeare


O escritor William Shakespeare foi casado com Anne Hathaway. Eles tiveram uma filha, a mais velha e principal herdeira, chamada Susanna Hall. A Susanna casou com John Hall e ambos tiveram uma filha, Elizabeth Hall. Ou seja, Elizabeth foi a única neta legítima sobrevivente do escritor e casada com Thomas Nash. 

Esquematicamente:

William + Anne => Susanna + John => Elizabeth + Thomas Nash 

Shakespeare, enquanto vivo, comprou uma casa em Stratford-upon-Avon, por 60 libras, um valor elevado. Mas a casa era construída em madeira e tijolos, com 20 cômodos, 10 lareiras, um terreno com dois celeiros e um pomar. A segunda maior residência de Stratford. 


No seu testamento, Shakespeare deixou seus bens, incluindo a casa, para sua filha Susanna. Susanna ainda era viva quando o marido de Elizabeht, Thomas, fez um testamento deixando a casa para seu primo Edward, que não tinha nenhuma relação familiar. Ele tinha então 59 anos e sua esposa 34. 

Quando Nash morreu, Edward quis obter a casa prometida. Mas Elizabeth e Susanna eram vivas. Documentos foram descobertos nos papeis do Arquivo Nacional do Reino Unido mostrando parte do processo. 

Edward argumentava que o testamento de Thomas havia sido validado na corte de propriedade de Canterbury e que Elizabeth, como viúva e executora, tinha o dever de cumprir os termos do documento e entregar a casa para ele. Elizabeth respondeu que as terras e propriedades tinham sido concedidas a ela e a sua mãe por “meu avô William Shakespeare”.  

Afinal, a casa era um ativo de Edward? Ou seria de Elizabeth?  

Propaganda em um pedido de noivado


Há uma suspeita de que o anúncio do noivado de Taylor Swift com Travis Kelce, compartilhado em suas redes, pode ser, na verdade, uma publicitária disfarçada de postagem pessoal. Ambos aparecem vestindo roupas da Ralph Lauren — ele com polo e bermuda, ela com um vestido de linho que já esgotou. O New York Times também destacou o visual com manchete como “The Ralph Lauren Look of Taylor Swift and Travis Kelce’s Engagement Photos”, o que sugere uma relação comercial, em vez de uma escolha espontânea.

Dois eventos reforçam a hipótese: o pedido de casamento ocorreu duas semanas antes e, na entrevista com Jason Kelce, um livro sobre Ralph Lauren aparece claramente ao fundo do estúdio

No mundo moderno, dos influencers, nada é por acaso.

Consumo de caloria


Segundo dados recentes, a Bélgica lidera globalmente o ranking de ingestão calórica média disponível por pessoa, com aproximadamente 3.900 kcal diárias, resultado de alimentos altamente calóricos como pão, queijo e outros produtos densos em energia. Essa medida refere-se à quantidade de alimentos disponíveis para consumo, e não ao que efetivamente é ingerido — o número pode ser inflado por desperdício ou perdas domésticas. Esse consumo elevado coincide com altas taxas de obesidade, com cerca de 59,5 % da população adulta estando acima do peso ou obesa.

O Brasil está em 34o da lista com 40 países.  

 

Os 10 chatbots mais usados

 

O gráfico ilustra o uso de ferramentas de IA. Disparado o GPT, com 46,6 bilhões de visitas, seguido do DeepSeek (2,7) e outras ferramentas. Observe como o gráfico mostra de forma clara o domínio do GPT. 

Um boné, um executivo e uma criança


Durante o US Open 2025, o tenista polonês Kamil Majchrzak tentou presentear um jovem fã com seu boné autografado após uma vitória, mas o objeto foi arrebatado por um homem adulto, identificado posteriormente como Piotr Szczerek — um milionário e CEO polonês. O momento foi flagrado e viralizou, causando ampla indignação nas redes sociais. Em resposta ao ocorrido, Majchrzak usou suas redes para pedir ajuda na localização do garoto e, em seguida, entregou pessoalmente um novo boné autografado, encerrando o episódio de forma positiva

O homem que tomou o boné, em razão da repercussão, desativou suas redes sociais. Nos dias de hoje, ações como esta podem destruir a carreira de alguém. Para a empresa, negociar com uma empresa que tem um executivo agindo desta forma não é bem visto. 

O episódio lembra um recente caso de um show e dois executivos . 

29 agosto 2025

IA e investimento


Um documento da Deloitte explora o impacto da inteligência artificial (IA) na gestão de investimentos, destacando seu potencial para remodelar a indústria. Ele detalha como a IA pode aprimorar a tomada de decisões de investimento, oferecendo suporte em áreas como due diligence, gestão de riscos e negociação quantitativa, ao sintetizar grandes volumes de dados de forma eficiente. 

O texto aborda as eficiências operacionais que a IA pode proporcionar, automatizando tarefas como relatórios financeiros e gestão de contratos, e auxiliando na gestão de portfólio. O relatório enfatiza a importância da governança da IA e das práticas de gestão de dados para mitigar riscos como imprecisões e preconceitos, sublinhando a necessidade de supervisão humana e estratégias de talento alinhadas. 

O documento, em PDF, pode ser obtido aqui. Nada de revolucionário no conteúdo, mas pode ser um bom ponto de partida para discussão. 

Ciência, Bluesky ou X

A Ars Technica relata que o Bluesky se tornou a “plataforma de escolha” da comunidade científica, apoiando-se em um estudo de David Shiffman e Julia Wester (n=813) publicado na Integrative and Comparative Biology. Segundo a pesquisa, para usos profissionais como networking, divulgação de artigos e atualização de área, o Twitter/X deixou de ser útil e agradável, enquanto o Bluesky entrega interações mais relevantes.

O próprio Shiffman informa que, em 2025, o Bluesky gerou ≈100× mais tráfego ao blog Southern Fried Science do que o Twitter, atribuindo a virada às mudanças de algoritmo e moderação sob Elon Musk, que teriam ampliado desinformação e hostilidade. A reportagem ressalta que a migração não é total, mas a percepção predominante é de que a antiga “Science Twitter” se realocou para o Bluesky, que hoje concentra mais engajamento e uma comunidade científica mais ativa do que o X e outras alternativas.

Diferença entre China e Estados Unidos


 Do comentário de Noah Smith sobre o livro de Dan Wang, Breackneck:

Os EUA, tradicionalmente, são governados por advogados, enquanto o Partido Comunista Chinês tende a ser dirigido por engenheiros. Engenheiros querem construir mais coisas; advogados querem encontrar um motivo para não construir. 

Não conheço o assunto o suficiente para opinar, mas creio que a comparação é interessante.  

P.S. Atualizando, um gráfico que diz tudo:

E a evidência do Brasil é que seguimos a lógica dos Estados Unidos: enquantos os cursos de direito estão lotados de alunos, as engenharias são evitadas a todo custo. Reforçando, Smith adiciona outro gráfico:

Mais do que ser advogado ou não, o importante é saber se o advogado está sendo treinado para bloquear o desenvolvimento. 

28 agosto 2025

Rir é o melhor remédio


Visitantes do renomado destino turístico Lago de Como, na Itália, agora podem levar para casa um souvenir inusitado: ar engarrafado. A empresa ItalyComunica vende latas de ar de 400 ml por cerca de €9,90 (US$ 11), descritas como “ar puro do lago mais bonito do mundo” e acompanhadas de uma composição química que destaca 78% de nitrogênio e 21% de oxigênio. 

A iniciativa foi idealizada por Davide Abagnale, que buscava criar “algo original, divertido e até provocativo” e fácil de transportar na mala. O produto só está disponível em pontos de venda locais — não é comercializado online. Embora a ideia pareça peculiar, ela não é inédita: souvenirs semelhantes já foram vendidos em outras localidades, como no Reino Unido, Canadá e Pequim — especialmente durante a pandemia e como uma resposta a poluição. 

Fonte: aqui

Eu olhei e o texto original foi publicado em novembro, não em abril. Fico imaginando uma pessoa abrindo a latinha do ar e aproveitando sua aquisição.   

Uma medida de evidenciação baseada no site da empresa


O resumo:

Propomos uma nova medida de divulgação das empresas baseada em seus sites corporativos, que são amplamente acessíveis e contêm uma grande quantidade de informações. Para uma amostra de companhias abertas dos EUA, construímos nossa medida de divulgação utilizando dados históricos de websites, validando-a ao correlacioná-la com medidas já existentes de divulgação e de assimetria de informação, além de explorar seus determinantes. Em seguida, aplicamos nossa medida ao estudo da divulgação de empresas privadas nos EUA e da conformidade de empresas francesas com uma exigência de divulgação não financeira. Nossas aplicações ilustram que a medida baseada em websites fornece um complemento útil às medidas existentes de divulgação, que são mais estreitamente focadas nos investidores dos mercados de capitais públicos.

O artigo completo pode ser baixado aqui  

Lei de Murphy na Contabilidade


A Lei de Murphy afirma que “tudo que pode dar errado, dará errado”, e aparece em expressões alternativas como “se algo pode dar errado, vai dar errado” ou “o que pode falhar, falhará”. Alguns exemplos cotidianos: o sinal fica vermelho quando você está com pressa, a torrada cai com o lado da manteiga virado para baixo, ou a loja está fechada justamente no dia da sua visita. E o balanço não fecha, apesar de todo o cuidado. 

A existência da Lei de Murphy tem um aspecto positivo: alerta a todos que é necessário ser conservador nas nossas expectativas. Se planejamos chegar em dez minutos em um local, considerando que o sinal pode ficar vermelho várias vezes, pode ser melhor considerar um tempo adicional. 

Já escreveram até um livro contando a história da Lei de Murphy:


 O caso da postagem anterior parece um típico exemplo da aplicação. 

Europa regula - 2


Parece um automóvel que saiu de fábrica com problema. Eis a notícia:

O International Accounting Standards Board (IASB) anunciou, nesta quinta-feira (21), a emissão de emendas à IFRS 19 Subsidiárias sem Obrigação Pública: Divulgação. Essa atualização conclui o trabalho planejado pelo Conselho para modernizar a norma, visando simplificar as obrigações de divulgação contábil para subsidiárias que não possuem responsabilidade pública.

A IFRS 19, originalmente emitida em maio de 2024, oferece uma solução prática para subsidiárias elegíveis, permitindo-lhes aplicar as Normas Contábeis IFRS com um conjunto de divulgações simplificado. A versão inicial, no entanto, contemplava apenas as normas e emendas emitidas até fevereiro de 2021.

Um ano e alguns meses de sair com a norma, o Iasb emendou a norma. Só bastou assinar a declaração de incompetência.  

Imagem: aqui 

Europa regula


Do WSJ:

Mas a falta de dinamismo econômico da Europa tem raízes mais profundas também. Impostos e regulações aumentaram de forma inexorável; o volume de regulamentos da União Europeia dobrou desde 2010. Regras extensas protegem prédios antigos, empresas estabelecidas e consumidores envelhecidos, limitando a criação de novas infraestruturas e indústrias. Como afirma a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni: “A América inova, a China imita, a Europa regula.” 

Lembrando que as principais entidades reguladoras contábeis estão na Europa: IFRS (Londres), ISSB (ok, com outras cidades também, mas a sede central é em Frankfurt), IFAC (Genebra), Iosco (Madri) ...

Big Four, públicos conflitantes e mercados complexos

O resumo: 

Como as empresas globais [leia-se Big Four] gerenciam públicos conflitantes em mercados complexos? As quatro grandes firmas de auditoria expandiram tanto em tamanho quanto em escopo a ponto de precisarem se relacionar simultaneamente com diferentes públicos, por vezes em questões controversas. Isso é particularmente relevante diante de sua atuação em planejamento tributário agressivo, em paralelo a suas obrigações profissionais tradicionais, o que gera um conflito entre a discrição oferecida a clientes “offshore” e a responsabilidade oferecida a outros stakeholders. Isso exige uma duplicidade estratégica — envio de sinais diferenciados para públicos distintos. Sugerimos que as firmas utilizam o fracionamento organizacional em estruturas jurídicas e geografias para viabilizar essa duplicidade. Testamos essa hipótese com um conjunto único de dados sobre estruturas de propriedade e número de funcionários das Big 4 em todas as localidades, mostrando que suas organizações são fortemente segmentadas. Demonstramos que elas utilizam essa diferenciação geográfica e legal para enviar sinais contrastantes: aos stakeholders “onshore”, um sinal de transparência, e aos “offshore”, um sinal de discrição. Essa dualidade lhes permite atuar em questões controversas com públicos conflitantes.

O artigo pode ser acessado aqui 

Eis o número de funcionários pela população:


 

Competitividade tributária


O ranking International Tax Competitiveness Index 2024, elaborado pela Tax Foundation, avalia os países da OCDE segundo eficiência e simplicidade na arrecadação. Estônia lidera pelo 11º ano consecutivo, graças ao imposto único de 20% sobre renda pessoal e corporativa, cobrado apenas na distribuição de lucros, o que incentiva reinvestimentos e reduz dupla tributação. O país também evita impostos sobre herança e riqueza, simplificando o sistema e atraindo startups e capital estrangeiro. Letônia (2º) e Lituânia (5º) confirmam a força do modelo báltico, caracterizado por regimes de taxa única e baixa complexidade. Já grandes economias, como Alemanha (16º), EUA (18º), França (36º) e Itália (37º), enfrentam desvantagens: estruturas complexas, altos encargos trabalhistas e regimes de tributação internacional que elevam custos de conformidade. O estudo ressalta, contudo, que “competitividade tributária” prioriza mobilidade de negócios e fluxos de investimento, mas não necessariamente objetivos como redução da desigualdade, sustentabilidade fiscal ou manutenção de estados de bem-estar robustos.

O Brasil, como não faz parte da OCDE, não está na pesquisa. Mas os últimos colocados são: Portugal, França, Itália e Colômbia.  

O estudo originalmente foi publicado em outubro de 2024 

Tendências Culturais e IA

Mostramos que modelos de inteligência artificial (IA) generativa — treinados com dados textuais que são inerentemente culturais — apresentam tendências culturais quando utilizados em diferentes línguas humanas. Aqui, focamos em dois conceitos fundamentais da psicologia cultural: orientação social e estilo cognitivo. Primeiro, analisamos as respostas do GPT a um amplo conjunto de medidas em chinês e em inglês. Quando usado em chinês (em comparação ao inglês), o GPT apresenta uma orientação social mais interdependente (versus independente) e um estilo cognitivo mais holístico (versus analítico). Segundo, replicamos essas tendências culturais no ERNIE, um modelo de IA generativa popular na China. Terceiro, demonstramos o impacto prático dessas tendências culturais. Por exemplo, quando usado em chinês (em comparação ao inglês), o GPT tende mais a recomendar anúncios com uma orientação social interdependente (versus independente). Quarto, análises exploratórias sugerem que prompts culturais (por exemplo, instruir a IA generativa a assumir o papel de uma pessoa chinesa) podem ajustar essas tendências culturais.

 Cultural tendencies in generative AI - Jackson Lu, Lesley Luyang Song & Lu Doris Zhang - Nature Human Behaviour, forthcoming via aqui. 

Imagem: aqui

27 agosto 2025

Rir é o melhor remédio

Deducação no imposto de renda. 


Banalidade de um documento incriminador


A notícia da semana passada, mas o assunto é interessante:

O Estadão (via Agência Estado) revela que uma carta manuscrita, apreendida na casa do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto durante a Operação Ícaro, passou a ser tratada como confissão de um esquema de propinas que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão para agilizar ressarcimentos de ICMS-ST. Datado de 3 de março, o documento tem três páginas escritas a caneta vermelha, descreve “novas liberações de imposto” e busca “orientação espiritual”, com o auditor dizendo ser “muito perigoso” continuar, o que, para o MP, corrobora a autoria e a consciência do crime. A peça fundamenta o pedido de conversão da prisão de Artur para preventiva. 

Às vezes, o que parece trivial — um bilhete, uma planilha, um e-mail automático, uma nota fiscal — vira peça-chave porque conecta pontos dispersos. Quando peritos e promotores cotejam esse item com metadados (datas, IP, geolocalização), agendas, mensagens e fluxos financeiros, ele deixa de ser “banal” e passa a amarrar o enredo: mostra quem falou com quem, quando, sobre o quê e com que efeito (ex.: liberação de pagamento logo após uma reunião). Essa triangulação transforma um indício isolado em evidência robusta de nexo causal e dolo

Robôs para a população idosa da Coréia


A Rest of World relata que a Coreia do Sul distribui robôs de companhia Hyodol — bonecos com chatbot baseado em ChatGPT e sensores — para idosos que vivem sozinhos, a fim de reduzir solidão e apoiar cuidadores sobrecarregados. No distrito de Guro, 412 unidades foram entregues desde 2019; no país, são mais de 12.000. Os robôs lembram medicação e refeições, detectam falta de movimento e enviam alertas; registros de voz são analisados por IA da Microsoft para sinalizar humor e riscos. Cuidadores dizem que os Hyodols funcionam como “olhos e ouvidos” entre visitas, embora aumentem tarefas de manutenção e levantem dilemas de privacidade. O programa recebeu investimento inicial de 200 milhões de won; cada robô custa 1,6 milhão de won (~$1.150). A escassez de cuidadores (déficit de 190 mil em 2023, projetado para 1,55 milhão até 2032) e pressões orçamentárias explicam a adoção. A empresa prepara expansão global (piloto em Nova York em 2023; meta nos EUA em 2026). 

A Coreia tem uma população cada vez mais envelhecida, onde o salário é alto para pagar. É uma solução tecnológica que também pode reduzir os gastos públicos.  

Uso de IA ou manipulação


Eis o fato: 

Will Smith, ator e rapper e sua equipe usaram IA para “turbinar” um vídeo de um minuto do tour Based on a True Story publicado no YouTube e no Instagram. Nas cenas de plateia, fãs aparecem com rostos distorcidos, mãos “derretidas” e cartazes improváveis — como um agradecendo à faixa “You Can Make It” por ajudar alguém a “sobreviver ao câncer” e outro com texto embaralhado (“From West Philly to West Swiggy”). A matéria compara o clipe a registros “reais” da turnê, que mostrariam público modesto, e cita o relato de um espectador em Frankfurt dizendo que o local estava meio vazio. O vídeo não traz rótulos de conteúdo gerado por IA, apesar das políticas do YouTube e da Meta exigirem sinalização. A equipe de Smith não respondeu até o fechamento.  

Isto se parece com manipulação contábil. Ambas distorcem a percepção de desempenho para influenciar decisões de terceiros — no vídeo, inflar engajamento; na contabilidade, suavizar resultados ou riscos. A diferença substantiva está no arcabouço: manipulação contábil afeta demonstrações reguladas e auditáveis, com consequências legais; já a manipulação de imagens recai sobretudo em normas de publicidade/plataformas e sanções reputacionais.

Pesquisa em relato integrado


 

 Eis o resumo: 

O objetivo deste trabalho é apresentar tópicos de pesquisa, para futuros estudos, voltados à experiência brasileira de uso do relato integrado (RI) na administração pública federal e aos possíveis impactos da obrigatoriedade de apresentação do documento, uma vez que o RI foi instituído de forma obrigatória no Brasil, em 2018. Trata-se de ensaio teórico, realizado com base em bibliografia aprofundada e em documentos legais e institucionais relacionados ao tema, com propósito descritivo, por meio de abordagem qualitativa. Os resultados demonstram haver possibilidade de discussão quanto ao uso do RI e aos respectivos reflexos no setor público federal brasileiro, a partir de cinco eixos analíticos seguintes: i) influências externas à organização; ii) aspectos institucionais; iii) pensamento integrado; iv) críticas ao RI; e v) obrigatoriedade do RI e críticas a tal regulamentação. Considerando a relevância do uso do RI no contexto brasileiro, a pesquisa contribui para melhor compreensão do uso da abordagem no setor público federal e para avanço de pesquisas relacionadas ao tema

A referência é a seguinte: Revista do TCU, Brasília, v. 155, n. 1, p. 300-326, jan./jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.69518/RTCU.155.300-326 

26 agosto 2025

Rir é o melhor remédio

Sem perigo de ficar desempregado. Me fez lembrar da observação - Tim Harford (?) - de que o jardineiro não seria afetado pela IA. 

Austrália propõe certificação para auditorias de baixo risco


Do Financial Review, eis que interessante: 

A Comissão de Produtividade quer que o governo apoie a proposta da CPA Australia para introduzir uma categoria de auditores registrados de empresas (Registered Company Auditors – RCAs) voltada a auditorias de baixo risco.

A sugestão, apresentada no relatório recente Building a skilled and adaptable workforce da comissão, faz parte de um conjunto de recomendações para reformar as regras de ingresso em profissões reguladas, que, segundo o documento, muitas vezes são inconsistentes, desnecessárias e onerosas.

Atualmente, a ASIC exige que os RCAs concluam:

  • pelo menos três anos de formação em contabilidade;

  • pelo menos dois anos de formação em direito;

  • um curso específico em auditoria;

  • além de comprovar experiência prática em competências de auditoria nos últimos três a cinco anos.

A CPA argumentou, em sua submissão à comissão, que essas exigências são excessivamente restritivas e “projetadas para auditorias grandes, complexas e de alto risco, como as de companhias abertas ou multinacionais”. Segundo a entidade, embora tais requisitos sejam adequados nesses casos, também existem obrigações legais para que RCAs executem auditorias de baixo risco, onde o nível atual de exigência encarece desnecessariamente o processo.

Não surpreende que, nos últimos 20 anos, o número de RCAs tenha caído de mais de 7.000 para cerca de 3.200, enquanto a demanda aumentou.

Como alternativa, a CPA sugeriu adotar o modelo de licenciamento em dois níveis utilizado na Nova Zelândia. Nesse regime, auditores que comprovem de 300 a 500 dias de experiência prática supervisionada em auditoria nos últimos cinco anos podem realizar atividades de asseguração de menor risco. 

Imagem aqui 

O que é importante no mundo de hoje

 

Com tanta coisa acontecendo no mundo, a existência de vários meios de comunicação anunciando tudo isso, e a notícia mais lida e comentada, segundo a Bloomberg, é... Taylor Swift.

25 agosto 2025

Rir é o melhor remédio

 Afinal, empregado é ativo ou passivo? 


 

 

Erro de romantizar as pequenas e médias empresas


As pequenas e médias empresas (PMEs) são frequentemente idealizadas como o coração da economia local e importantes geradoras de emprego. Os valores irão depender do que você considera como PME. 

No entanto, essa visão romântica oculta limitações estruturais: a fragmentação empresarial dificulta ganhos de produtividade, crescimento, inovação e a oferta de empregos de qualidade. Países mais avançados contam com um maior número de grandes empresas, que dinamizam a economia, exportam mais, investem em tecnologia e geram base fiscal robusta

No texto citado acima temos o exemplo da Espanha: apesar de representarem apenas 0,2 % do total de firmas, empresas como Inditex e El Corte Inglés respondem por 40 % do emprego e mais da metade do valor agregado empresarial. Além disso, trabalhadores em grandes empresas ganham até 47 % mais, contam com melhores benefícios e menor precariedade

Veja que na contabilidade o Brasil possui três padrões contábeis, sendo dois deles voltados para este nicho. Há aqui uma enorme quantidade de esforço de adaptar as normas contábeis adotadas por grandes empresas, sendo que na realidade a maioria delas quer entregar suas obrigações, pelo menor custo (informacional) possível.  

Pintura aqui 

Salários altos no setor público desperdiça talentos e reduz produtividade (incluindo no Brasil)


A remuneração para cargos públicos é mais alta em relação ao PIB per capita quanto mais pobre é o país. Em outras palavras, os funcionários públicos são mais bem pagos em países pobres. A compensação excessiva no setor público em países de baixa e média renda distorce os mercados de trabalho em duas dimensões: filas (busca de renda para conquistar os cargos) e má alocação (talentos e impostos desviados do setor privado).

Em meus dois textos Massive Rent-Seeking in India’s Government Job Examination System e The Tragedy of India’s Government-Job Prep Towns, chamei atenção para a primeira dimensão, as perdas de busca de renda decorrentes das filas. Os jovens mais educados da Índia — justamente aqueles de que o país mais precisa na força de trabalho — muitas vezes dedicam anos de suas vidas decorando conteúdo para concursos públicos em vez de trabalharem produtivamente. Esses exames não cultivam habilidades práticas e cidades inteiras se especializaram na preparação para provas. Argumentei, usando um cálculo aproximado, que apenas as perdas decorrentes da busca de renda poderiam facilmente chegar a algo em torno de 1,4% do PIB ao ano. Mais tragicamente, um grande número de jovens educados acaba inevitavelmente desiludido. Por fim, como os salários são tão altos, o Estado não consegue ampliar o quadro de pessoal; a Índia possui todas as leis de um país rico, mas com cerca de um quinto dos servidores públicos per capita.

Dois artigos macroeconômicos quantificam a outra dimensão da perda: quem acaba em qual setor.

Em The unintended consequences of meritocratic government hiring, Geromichalos e Kospentaris (GK) analisam as consequências dos salários excessivamente altos no setor público da Grécia. Já em (MIS)Allocation Effects of an Overpaid Public Sector, Cavalcanti e Santos estudam o caso do Brasil.

Ambos os trabalhos modelam a alocação de trabalho entre os setores público e privado e destacam o custo de atrair trabalhadores de alta produtividade para os cargos governamentais.

GK resumem seus resultados para a Grécia:

Em muitos países, os funcionários públicos desfrutam de considerável estabilidade no emprego e esquemas de remuneração generosos; como resultado, muitos trabalhadores talentosos optam por atuar no setor público, privando o setor privado de empregados potencialmente produtivos. Isso, por sua vez, reduz os incentivos das empresas para criar empregos, aumenta o desemprego e reduz o PIB… [Ao calibrar o modelo para a Grécia], constatamos que uma queda de 10% nos salários do setor público resulta em um aumento de 3,8% na produtividade do setor privado, uma queda de 7,3% no desemprego e um aumento de 1,3% no PIB.

CS relatam distorções semelhantes no Brasil:

Nossos exercícios contrafactuais demonstram que o prêmio salarial público-privado pode gerar efeitos importantes de alocação e perdas significativas de produtividade. Por exemplo, uma reforma que reduzisse o prêmio salarial público-privado de seu valor de referência de 19% para 15% e que alinharia a aposentadoria dos trabalhadores do setor público à vigente no setor privado poderia aumentar a produção agregada em 11,2% no longo prazo, sem qualquer redução na oferta de infraestrutura pública.

 

Curiosamente, no modelo de GK não há desperdício com busca de renda (rent-seeking), pois assume-se que os trabalhadores conseguem prever perfeitamente os resultados dos exames e se direcionam diretamente para o setor privado ou público. No meu modelo para a Índia, em contraste, o desperdício surge justamente dos anos de preparação infrutífera para os concursos. GK também concluem que reduzir o número de cargos públicos pode aumentar a eficiência, enquanto minha visão é que, na Índia, os altos salários tornam paradoxalmente o setor público pequeno demais (limitando, em certa medida, a má alocação). CS também se concentram na questão da alocação mas, ao contrário de GK, estimam que as perdas com rent-seeking são enormes — cerca de três vezes a minha estimativa conservadora:

O custo agregado das candidaturas a cargos públicos, que denominamos custo de rent-seeking, é elevado na economia de referência… aproximadamente 3,61% do produto.

Em Índia, Grécia e Brasil, a narrativa converge: pagar em excesso os funcionários públicos distorce a educação, a busca por empregos e a dinâmica das empresas. O desperdício se manifesta em esforços socialmente improdutivos voltados a ingressar na elite do funcionalismo, enquanto o setor privado é privado de talentos de ponta, tornando-se menos produtivo e crescendo mais lentamente. Em suma, rent-seeking e má alocação, decorrentes de uma remuneração governamental excessivamente generosa, geram grandes perdas macroeconômicas. Como a compensação relativa tende a ser maior quanto mais pobre é a economia, salários elevados no setor público podem se tornar uma armadilha de desenvolvimento.

Fonte:  India, Greece, Brazil: How High Government Pay Wastes Talent and Drains Productivity - Alex Tabarrok 

Imagem: Marajá 

Mensuração dos custos climáticos torna-se mais sofisticada

Na medida em que a sociedade se interessa pelo impacto ambiental das mudanças recentes na Terra, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para estimar os custos climáticos. O LiDAR é uma dessas tecnologias.

Basicamente, a tecnologia — cuja sigla vem de Light Detection and Ranging — mapeia o solo com laser de alta resolução, por meio de drones e aeronaves, comparando imagens antes e depois dos eventos para identificar mudanças, mesmo que sutis, na superfície. Assim, os danos são quantificados mais rapidamente e com maior precisão do que pelas imagens de satélite.

No caso de Los Angeles, em janeiro de 2025, a tecnologia estimou a destruição de 16 mil estruturas, com perdas calculadas em 60 bilhões de dólares.

(Parabéns para o blogueiro, que não fez nenhum trocadilho do Lidar) 

Executiva mulher dura menos no cargo

Do Estado de S Paulo


(...) a pesquisa “Índice Global de Rotatividade de CEOs”, mapeamento global da consultoria especializada em lideranças Russell Reynolds com profissionais de 25 países, incluindo o Brasil. As informações do estudo, lançadas em julho, retratam a observação e a avaliação de 1.142 transições de gestores e gestoras de empresas de capital aberto nos últimos sete anos.

Segundo os dados mais recentes, no primeiro semestre de 2025, as mulheres representaram somente 9% das nomeações para CEO e contabilizaram apenas 11% entre os presidentes nomeados em todo o ano de 2024.

Os homens, uma vez nomeados, costumam permanecer na presidência por aproximadamente oito anos, enquanto as executivas permanecem por cerca de cinco anos, conforme a média observada desde 2018.

O resultado ocorre tanto quando a empresa vai bem, ou quando vai mal. Enquanto a demissão corresponde a 24% da saída dos homens, o percentual é de 32% nas mulheres.  

Eis a fonte: Ferreira, Shagaly. Gestão de mulher como CEO de empresa dura  anos a menos, 21 de agosto de 2025. Imagem aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

24 agosto 2025

História da contabilidade: balanço da Estrada de Ferro D. Pedro II

 Se um balanço de um banco parece tímido para os dias de hoje, o mesmo não se pode dizer do balanço da Estada de Ferro D. Pedro. Estamos no ano de 1860, logo no início do ano, dia 14 de Janeiro, quando é publicado no Correio Mercantil mais de uma página do relatório da empresa. Um print das duas páginas, para se ter uma noção da quantidade de informações, boa parte um descritivo das atividades:

Eu deixei marcado o trecho onde se encontra a informação do relatório do segundo semestre de 1859. Isto quinze dias depois de encerrado o semestre. Das sete colunas da primeira página, quase quatro são informações da empresa. Agora a página seguinte:

Aqui já aparece informações em quadros. Há dados físicos - carga transportada, por exemplo, e financeiros. O mais importante é a relação receita e despesa:

A apresentação é mensal e por tipo de receita e tipo de despesa. 
 

História da contabilidade: balanço do Banco do Brasil

 Eis que no dia 8 de janeiro de 1860, no Correio Mercantil, encontro publicado o balanço do Banco do Brasil:

Algumas observações: 

1. O balanço é de "dezembro de 1859". Ou seja, foi publicado oito dias depois da data de fechamento. Aqui tem um erro teórico, pois deve ser o balanço de 31 de dezembro de 1859 e não dezembro.

2. No ativo, há o caixa das filiais de São Paulo e Ouro Preto

3. Além do caixa, tem-se as barras de ouro

4. Era uma instituição bem capitalizada, com um capital que correspondia a quase 45% do ativo. 

 

História da contabilidade: Profissional não especializado

A ideia de que um profissional qualquer deve ser especializado em algo parece normal nos dias de hoje. Um contador faz a contabilidade, mas provavelmente conhece muito mais uma subarea, como auditoria ou tributos.

No passado, um trabalhador fazia de tudo um pouco. E a ausência da especialização abria mais possibilidades. Eis um anúncio que achei no Correio Mercantil de 8 de janeiro de 1860:

Cuida da saúde, inclusive homeopatia, pode gerir uma fazenda, fazer escrituração e outras coisas mais. 
 

Há espaço para pesquisa qualitativa?


Eis parte do resumo:

Foram analisadas 522 teses, das quais 364 utilizaram a estratégia de pesquisa quantitativa, o que corresponde a cerca de 70% das teses analisadas. Ainda, 114 teses utilizaram a estratégia qualitativa (cerca de 22% das teses analisadas) e 44 teses utilizaram a estratégia mista (cerca de 8% das teses analisadas). Assim, notou-se a maior procura pela estratégia quantitativa, desproporcional às demais e com incremento nos últimos anos, reforçando a ideia de formação de “ilhas” de conhecimento ou “tribos” de pesquisadores. Pode-se também inferir que tal predileção tem conexão com a ideia de produtivismo acadêmico. 

Faz sentido, já que a abordagem quantitativa é mais objetiva e direta. A pesquisa qualitativa, por sua vez, é de fato mais complexa. No entanto, percebe-se uma insatisfação por parte dos avaliadores: para eles, nada parece estar suficientemente adequado para merecer aprovação. Imagem aqui

IPO da Aramco, seis anos depois

As ofertas públicas iniciais costumam ser eventos extravagantes. Mas, mesmo para os padrões hiperbólicos desse tipo de operação, com banqueiros desesperados para despertar interesse, a família real saudita foi além quando colocou à venda ações da gigante do petróleo Aramco. Só que não funcionou na época — e não está funcionando agora.

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a véspera do IPO de 2019, um dos mais altos membros da realeza saudita advertiu que “aqueles que não subscrevessem” a oferta ficariam “roendo os dedos” de arrependimento. A avaliação de US$ 2 trilhões buscada pelos sauditas se materializaria “em poucos meses”. A mensagem era clara: compre agora ou fique de fora.

Wall Street não comprou — e não perdeu nada com isso. Nos últimos cinco anos e meio, as ações da Aramco tiveram desempenho inferior ao de todos os concorrentes. Hoje, a empresa recorre a dívidas para bancar seus dividendos; suas ações caíram ao menor patamar em cinco anos, e o volume negociado está em queda — um sinal de que investidores locais e estrangeiros estão evitando o papel.

Saudi Aramco Gets Wall Street’s Thumbs Down — Again — Javier Blas - Bloomberg.  

Na época, o blog acompanhou de perto a questão contábil da IPO da Aramco. Era uma empresa boa, por ser monopólio. Não parecia ser necessário captar dívida para pagar dividendos.