O termo “contador” mudou de concepção ao longo do tempo, o que leva muitas pessoas a pensar que já existia contador no Brasil desde os primórdios. Veja o que diz Moraes, em seu dicionário do século XVIII (p. 317):
O que calcula. Oficial da Fazenda Real, segundo o método da arrecadação antiga.
Ou seja, tratava-se de um cargo público. “Contadoria” era definida como a repartição que competia aos contadores.
Já a definição de Aulete é bem mais extensa. Sobre “Contabilidade” (p. 389), ele registra:
Cálculo, computação. Escrituração da receita e despesa de uma repartição do Estado, de casa comercial, industrial, bancária, de qualquer administração pública ou particular. A arte de arrumar os livros comerciais ou de escriturar contas.
O “contador” (p. 389) seria:
O que conta. Funcionário da repartição de contabilidade que verifica as contas.
Um aspecto curioso é que Aulete também traz o verbete “Contadora”:
Mulher que conta as resmas nas fábricas de papel.
Já Figueiredo, no verbete “contador” (p. 507), registra o sentido de “aquele que conta” e, no de “contabilidade”:
Arte de fazer contas comerciais ou burocráticas. Cálculo. Repartição onde se escrituram receitas e despesas. Escrituração de receitas e despesas.
Machado de Assis, em suas Crônicas de 5 de janeiro de 1896, usa o termo:
Não sei responder; provavelmente houve espiões, se é que o amor da contabilidade exata não levou o velho Siqueira a inscrever em cadernos os donativos que fazia.
(Pode ser impressão minha, mas percebo que Assis utilizava o termo nos seus últimos escritos. Não encontrei “contador” e “contabilidade” em seus contos ou romances.)
Referências
Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.
Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.
Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.
Assis, M. de. (1896). Crônica (5 de janeiro). In Obra completa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário