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14 maio 2025

Novo papa e doadores

O texto mostra os desafios do novo papa na questão financeira. 

O que o Papa Leão XIV representa para os doadores? - Muitos observadores do Vaticano jamais imaginaram que veriam o dia em que um americano seria eleito papa. E então Leão XIV apareceu na sacada da Basílica de São Pedro.

Em retrospecto, a elevação do cardeal Robert Francis Prevost, nascido em Chicago, faz muito sentido — tanto por sua capacidade de mobilizar a vital base de doadores americanos quanto por sua liderança espiritual. (Apesar de, em seu primeiro discurso ontem, ele não ter mencionado os Estados Unidos, nem dito uma palavra em inglês.)

Por que isso importa?: Os americanos podem já não estar indo à missa em massa, mas continuam sendo uma potência quando se trata de doações.

E o novo papa é visto como uma liderança estável, capaz de dar continuidade às reformas contábeis iniciadas por seu antecessor. Francisco nomeou Prevost, de 69 anos, em 2023 para um dos principais cargos do Vaticano, dando-lhe influência sobre os rumos futuros da Igreja. “Ele preenchia todos os requisitos”, disse o veterano analista do Vaticano John Allen ao The New York Times.

Antes do conclave, vários grupos de doadores disseram ao DealBook que estavam apreensivos com a votação para a sucessão, esperavam continuidade fiscal e temiam que um novo papa desfizesse os esforços de Francisco para trazer mais transparência às operações do Vaticano. (Alguns especialistas também previram ao DealBook que um candidato com uma visão forte de negócios poderia se tornar um papável competitivo.)


As finanças do Vaticano estão em desordem. Embora Francisco tenha ordenado auditorias internas mais rigorosas, o déficit do papado ainda cresceu significativamente na última década, e o fundo de pensão enfrenta passivos de cerca de 2 bilhões de euros (US\$ 2,25 bilhões), segundo o Wall Street Journal.

Nos últimos dias de seu pontificado, Francisco tentou fortalecer os laços com os doadores. Em fevereiro, enquanto se recuperava de uma pneumonia, foi criado um comitê de alto nível para arrecadar fundos para a Cúria — a hierarquia administrativa do Vaticano — a fim de cobrir os déficits orçamentários.

A aposta de Francisco era que os doadores se mostrariam tão dispostos a financiar a burocracia da Igreja quanto as diversas missões e causas sociais espalhadas pelo mundo.

A política merece atenção. Os católicos dos EUA tendem a se inclinar mais para o Partido Republicano, e tinham uma visão amplamente positiva de Francisco — mesmo que ele tenha entrado em conflito com o presidente Trump em questões como imigração.

Vale observar como eles irão enxergar o novo papa: em fevereiro, uma conta nas redes sociais em nome de Prevost expressou críticas ao vice-presidente JD Vance, compartilhando um artigo que classificava a interpretação que o vice-presidente faz da doutrina cristã como “equivocada”.

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