Translate

Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta "rio tinto". Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta "rio tinto". Ordenar por data Mostrar todas as postagens

11 agosto 2009

Negócio da China

Chineses acusam Rio Tinto de inflar preço do ferro em US$ 100 bilhões
James T. Areddy, The Wall Street Journal, de Xangai
The Wall Street Journal Americas *- 10/8/2009

Uma agência chinesa que monitora os segredos de Estado do país acusou a mineradora Rio Tinto PLC de usar "artifícios" durante seis anos para obter informações ilegalmente, levando as siderúrgicas do país a pagar um total de US$ 100 bilhões a mais pelo minério de ferro. É uma possível indicação de como o governo chinês pretende direcionar sua acusação contra um grupo de funcionários da Rio Tinto detidos pelas autoridades.

As acusações contra a mineradora anglo-australiana foram publicadas em relatórios durante o fim de semana no site em chinês da Administração Nacional de Segredos do Estado da China, que diz ser filiado ao Departamento de Segredos de Estado do Partido Comunista do país. Os relatórios foram escritos por autoridades de departamento do serviço secreto estatal que integram diversas organizações mantidas pela China para monitorar e proteger seus segredos de Estado.

Embora as acusações não sejam de ordem legal, elas parecem refletir a atitude de Pequim, que acredita seriamente que sua economia foi prejudicada pelos altos preços do minério de ferro importado, vital para a fabricação do aço.

Durante seis anos, a Rio Tinto teria se dedicado a "conquistar e comprar, conseguir informações, explorá-las uma a uma e conseguir as coisas por meios escusos", levando a um excesso de US$ 102 bilhões, ou 700 bilhões de iuanes, nos pagamentos das siderúrgicas chinesa pelo minério, segundo um dos relatórios. "A grande quantidade de informações e dados relativos à indústria siderúrgica do nosso país encontradas nos computadores da Rio Tinto, e os danos gigantescos causados à nossa segurança e aos nossos interesses econômicos nacionais são óbvios e evidentes", conclui o relatório. O relatório foi escrito por Jiang Ruqin, que em outros documentos governamentais já foi qualificado como chefe do Departamento de Proteção Secreta da cidade de Huai'an, na Província de Jiangsu.

Um segundo relatório analisa o caso a partir de uma perspectiva mais ampla e diz que ele exemplifica os perigos que o setor empresarial chinês enfrenta com a ameaça de espionagem e seu dever de preservar segredos de Estado.

Agentes da Segurança do Estado em Xangai prenderam, no mês passado, quatro funcionários da Rio Tinto, e relatórios chineses oficiais os acusam de roubar segredos de Estado. As detenções ocorreram em uma época de relações difíceis entre a Rio Tinto e a indústria metalúrgica chinesa, quase toda estatal. O caso gerou temores entre executivos estrangeiros acerca do risco de se envolver em negociações de contratos de vulto no país.

Uma porta-voz da Rio Tinto não quis comentar sobre esse novo acontecimento no caso e repetiu uma declaração da empresa de 17 de julho afirmando que seus funcionários não estiveram envolvidos em suborno algum, e que agiram com integridade em todas as ocasiões. Um dos quatro detidos, Stern Hu, é cidadão australiano e os outros três são chineses.

Pequim ainda não entrou com uma ação oficial contra a Rio Tinto ou seus funcionários, nem apresentou detalhes sobre as alegações de suborno. Mas a publicação dos relatórios no fim semana sugere o tipo de argumentos que poderão ser citados pela acusação, baseados no crime de roubo de segredos nacionais — acusação que acarreta penalidades criminais.

Na China, a definição de "segredo de Estado" é tão ampla que pode abranger praticamente qualquer informação ainda não divulgada oficialmente.

O alto custo atribuído aos prejuízos é o que mais chama a atenção. O relatório que o menciona não diz de que modo a quantia foi calculada. Segundo uma anotação, "espiões econômicos" roubaram o equivalente a US$ 73 do bolso de cada cidadão chinês.

Essa quantia parece refletir de que modo os preços de referência, definidos pela Rio Tinto nas negociações com as siderúrgicas chinesas, são praticados em toda a indústria do aço. A quantia de US$ 100 bilhões é muito superior à que a própria Rio Tinto já divulgou como o faturamento gerado por seus negócios na China nos últimos anos. Segundo o relatório anual da Rio Tinto para 2008, o grupo produtor de minério de ferro contribuiu, ao todo, com cerca de US$ 16,5 bilhões em faturamento – e a China foi o maior mercado.

A China importou quase 445 milhões de toneladas de minério de ferro em 2008, segundo dados da alfândega chinesa. Uma agência governamental do país avaliou uma tonelada do minério em US$ 76 no primeiro semestre do ano, 43% abaixo da média do ano passado. Nos últimos anos a China tem reclamado dos preços internacionais do minério, mas de modo geral continuou pagando as mesmas quantias, segundo autoridades do setor.

A detenção dos funcionários da Rio Tinto em 5 de julho ocorreu depois que a mineradora e uma associação de siderúrgicas chinesas apoiada pelo governo perderam o prazo limite para fixar um preço de referência do minério de ferro para 2008. Até agora a Rio Tinto se recusou a conceder as reduções de preços que essa associação deseja.

No entanto, o preço mundial do minério subiu muito desde então, e os dados do setor sugerem que as importações do minério pela China continuam elevadas, enquanto diversas usinas de aço do país compraram ferro por conta própria, no mercado à vista.

A ação contra os funcionários da Rio Tinto também aconteceu pouco depois que a empresa desistiu de vender uma participação significativa para uma siderúrgica estatal. Houve oposição ao plano na Austrália, onde há um crescente temor do público quanto a passar para mãos chinesas os preciosos recursos naturais do país.

Segundo analistas, o caso da Rio Tinto ressalta de que modo as ações de empresas estrangeiras que operam na China as expõem a possíveis riscos.

Na semana passada, o escritório de advocacia Allen & Overy divulgou um boletim aos clientes advertindo que "embora alguns considerem que o caso da Rio Tinto seja um evento isolado e politizado, as implicações desse caso podem ser sérias e de longo prazo".


Grifo meu. O caso parece muito mais uma questão de vingança pela não conclusão do negócio de aquisição de parte das ações da Rio Tinto. Breve novos casos envolvendo empresas brasileiras, em países não tão distantes.

19 novembro 2007

Rio Tinto e BHP

O processo de aquisição da Rio Tinto pela BHP pode sofrer uma reviravolta. Conforme noticiou o WSJ, a Rio Tinto preparar um contra-ataque, fazendo uma oferta pela BHP. Isto é conhecido no mercado como Pac-Man.

Uma grande vantagem de um processo de aquisição são as sinergias (ou seja, a possibilidade da junção aumentar o valor global da nova empresa. Em outras palavras, o valor final da nova empresa ser maior do que a soma dos valores individuais). Entretanto, conforme a própria reportagem informa, isto talvez não seja possível. Deve ser alertado que quase todo processo de aquisição tem sido justificado pela existência de sinergia. A seguir a reportagem (grifo meu):

Rio Tinto avalia fazer contra-oferta pela BHP em estratégia 'Pac-Man'
Por Jason Singer - The Wall Street Journal - 16/11/2007

A mineradora britânica Rio Tinto PLC, que resiste a uma oferta não negociada de US$ 131,57 bilhões feita pela rival australiana BHP Billiton, está avaliando virar a mesa, numa jogada conhecida como "Pac-Man", e lançar uma contra-oferta pela BHP, segundo pessoas a par da situação.

A Rio Tinto ainda está formulando a sua defesa depois que a BHP propôs na semana passada uma aquisição através de troca de ações — um negócio que, se concluído, será um dos maiores da história. A Rio Tinto rejeitou a oferta, considerando-a muito baixa.

Unidas, BHP e Rio, duas das maiores mineradoras do mundo, teriam amplo alcance mundial com operações nos cinco continentes e forte participação nos mercados de cobre, alumínio e minério de ferro.

A Rio Tinto, que tem sede em Londres, planeja apresentar sua defesa num dia de conferências com investidores marcado para 26 de novembro, disseram as mesmas pessoas. A apresentação será centrada no valor relativo dos bens da empresa ante os da BHP. As duas operam minas próximas umas das outras em muitas partes do mundo.

A BHP, que tem sede em Melbourne, na Austrália, continua a pressão e iniciou nesta semana uma turnê mundial para se reunir com acionistas e pedir seu apoio à fusão.

(...) As defesas Pac-Man são raras e arriscadas. Apelidada assim por causa do videogame em que o perseguido pode se virar e devorar os atacantes, foi usada pela primeira vez em 1982 por Thomas Pownall, ex-presidente da Martin Marietta Corp., que enfrentou com sucesso uma tentativa de aquisição da Bendix Corp.

Geralmente esse tipo de defesa fracassa. A petrolífera francesa Elf Aquitaine tentou comprar a TotalFina em 1999, mas perdeu a contenda e foi comprada pela concorrente franco-belga. Mais recentemente, essa tática foi empregada na indústria fonográfica quando a EMI Group PLC do Reino Unido e a Warner Music Group fizeram ofertas uma pela outra. Os dois acordos foram barrados pelas autoridades de defesa da concorrência e depois a EMI foi comprada por uma firma de private equity.

A Rio Tinto teria de convencer os acionistas de que em vez de receber ágio sobre a sua ação, a empresa deveria pagar um ágio aos acionistas da BHP. Os acionistas precisariam ser persuadidos de que a diretoria da Rio Tinto é melhor que a da BHP, e capaz de extrair mais reduções de despesas e outras sinergias. A BHP informou esta semana que uma fusão produziria US$ 3,7 bilhões em sinergias anuais.

No centro de qualquer fusão entre as duas empresas provavelmente estará a divisão petrolífera da BHP, que alguns acionistas já disseram que não combina com a mineradora. A Rio Tinto poderia fazer uma oferta pela BHP e concordar em vender a divisão de petróleo. O dinheiro da venda poderia então ser devolvido aos acionistas.


O Blog do WSJ cita alguns casos onde a estratégia Pac-Man não funcionou:

The Dangers of the Pac-Man Defense
Posted by Gregory Corcoran

British mining giant Rio Tinto, trying to fight off an unsolicited $137 billion takeover bid by Australian rival BHP Billiton, is considering turning the tables and launching a counter-bid for BHP, according to this WSJ article, citing people close to the matter.

The move is known as the Pac-Man defense, named for the popular 1980s video game. It is a tactic that hasn’t been seen round these deal-making parts in a while. And judging from a list of historic Pac-Man gambits, it is a highly risky maneuver.

1999 — In July, France’s Elf Aquitaine launches a 50-billion-euro ($50.97 billion at the exchange rate then) cash-and-stock counterbid to acquire TotalFina, which earlier in the month bid 42 billion euros of stock for Elf. The acrimonious battle ends with the surprise announcement in September that they had agreed to a friendly combination after TotalFina sweetened its all-share-bid for Elf by 9.2%, raising the value to 47 billion euros ($48.7 billion).

1998-99 — United Kingdom brewer Marston, Thompson & Evershed launches a daring 339 million-pound bid ($539.6 million at the exchange rate then) for Wolverhampton & Dudley Breweries, turning the tables on Wolverhampton’s hostile bid the prior November. Wolverhampton wins anyway.

1987-88 — In December, E-II, of Chicago, discloses a 4.6% stake in American Brands (now Fortune Brands) and later indicates it might try to acquire the diversified tobacco concern in a hostile transaction analysts valued at about $6 billion. American Brands, of Old Greenwich, Conn., responds with the first successful Pac-Man defense: a month later acquiring E-II, the debt-laden investment vehicle of investor Donald Kelly, for a sweetened $1.1 billion.

1984 — SEC commissioners say the Pac-Man defense is cause for “serious concern,” but they balk at endorsing any federal prohibition against the tactic. The commissioners acknowledge a Pac-Man defense can benefit shareholders under certain circumstances, but emphasize that management, in resorting to this tactic, must bear the burden of proving it isn’t acting solely out of its desire to stay in office.

1982 — T. Boone Pickens’ Mesa Petroleum attempts to acquire Cities Service, which turns around and places a tender offer to acquire Mesa’s own shares. The defense works, at least for the Cities’ shareholders. It put the aggressor “in play” with Cities approaching a majority share control of Mesa, thus weakening Mesa’s bargaining power. Cities also brings in Gulf Corp. as a white knight (a corporation that comes to the rescue of a takeover target) that offers $13-a-share more than the Mesa offer on the table.

1982 — The takeover battle between Martin Marietta and Bendix is perhaps the most celebrated instance of the Pac-Man defense, though it was a messy affair for stockholders. The two companies spent huge sums buying stakes in each other. In the end, Bendix was swallowed by a third company, Allied Corp., and Martin Marietta was left with heavy debt and a substantial chunk of its stock in Allied’s hands. A sense of how the tactic was perceived is seen in the comments of a takeover specialist quoted in a Wall Street Journal article in the middle of the battle: “I’m afraid that people may conclude that if businessmen can be this reckless, we ought to get government involved in boardroom decision-making.”

1982 — NLT Corp. tries to fend off an attempted takeover by insurer American General. NLT eventually agrees, on a friendly basis, to be acquired by American General for $1.5 billion.

25 junho 2008

Reajuste no minério


Observe o texto abaixo e o negrito (meu). Como seria a contabilização nesse caso? Esperamos sugestões e discussões. (E como ficaria a questão teórica do reconhecimento?)

Depois de meses de negociação com as maiores siderúrgicas chinesas, as gigantes da mineração Rio Tinto PLC e BHP Billiton Ltd. conseguiram ontem um reajuste de 85% no preço de referência do minério de ferro. (...)

O reajuste, maior do que o negociado pela Companhia Vale do Rio Doce, foi acertado entre as mineradoras e a Baosteel Group Co., a maior siderúrgica da China, mas será válido para todas as siderúrgicas que compram ferro das duas mineradoras. (...)

O aumento é retroativo a 1o de abril. Isso significa que as siderúrgicas que compraram ferro da BHP e Rio Tinto desde essa época terão de pagar a diferença, que provavelmente resultará em bilhões de dólares a mais. (...)

Para a Rio Tinto, a linha dura nas negociações foi importante não apenas para aumentar os lucros, mas também para ajudá-la a se defender da oferta da BHP, ou forçá-la a aumentar o valor para além de 3,4 ações da BHP para cada ação da Rio Tinto. (...)

A Vale fechou um acordo este ano que reajustou o preço do ferro entre 65% e 71%. A BHP e a Rio Tinto rejeitaram-no, argumentando que merecem um pouco mais por causa do frete menor, já que o minério da Austrália está bem mais perto da China do que o da Vale. (...)

Analistas disseram que a diferença entre o preço do acordo anunciado ontem e o acordo da Vale é de US$ 2 bilhões para a Rio Tinto e de metade disso para a BHP. A Rio Tinto está tentando aumentar ainda mais a diferença com um incremento de 14%, ou 30 milhões de toneladas, na produção de minério de ferro deste ano em relação à de 2007.

(Colaboraram Ellen Zhu, de Xangai, e Dana Cimilluca, de Londres)

BHP e Rio Tinto fecham reajustes por minério maiores que o da Vale
Robert Guy Matthews, The Wall Street Journal
24/06/2008
The Wall Street Journal Americas

09 novembro 2007

União entre BHP e Rio Tinto

A imprensa (comentou a possibilidade de união de duas mineradoras: BHP e Rio Tinto.

BHP Billiton, a primeira empresa do mundo no setor, propôs um acordo com a Rio Tinto, que rejeitou a idéia. A perspectiva era de um movimento de 150 bilhões de dólares, o que teria, inclusive, um reflexo interessante no mercado de fusões e aquisições.

A razão da rejeição foi que a administração achou o valor reduzido.

Notícias anteriores, clique aqui

17 outubro 2017

Rio Tinto

O regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos acusou a empresa Rio Tinto, e dois ex-executivos, de fraude numa mina em Moçambique. Já o regulador do Reino Unido anunciou que chegou a um acordo com a empresa, que pagaria uma multa de US$36 milhões por ter violado as regras contábeis com os ativos no país da África. Em 2011 a Rio Tinto adquiriu uma mina de carvão por US$3,7 bilhões; logo após a aquisição, a empresa descobriu que a compra tinha sido ruim e tentou dissimular o erro. O problema continuou até janeiro de 2013, segundo a SEC. Logo a seguir, a empresa vendeu a mina por US$50 milhões.

26 dezembro 2007

Marca Vale

A importância da marca numa empresa de mineração foi tema de um artigo no Wall Street Journal. O foco foi a Vale do Rio Doce e a sua recente campanha publicitária.

Num setor em consolidação, Vale espera que marca seja vantagem
25/12/2007 - Antonio Regalado - The Wall Street Journal, do Rio

Será que as pessoas realmente se importam com que empresa extrai o minério de ferro que é usado para fabricar seus aparelhos ortodônticos, trompetes ou rodas-gigantes?

A Companhia Vale do Rio Doce acredita que sim. Com a campanha de identidade corporativa de US$ 50 milhões que lançou este mês, a segunda maior mineradora do mundo quer disseminar a mensagem de que seus minérios vão a muitos dos produtos que todo mundo usa, ela tem orgulho de ser brasileira, é uma empresa global e uma boa cidadã em termos ambientais. Além dos comerciais de TV no Brasil, ela usa anúncios em grandes jornais dos Estados Unidos e da Europa.

Identidades corporativas podem ajudar a motivar empregados e convencer governos. Mas, no caso da Vale, uma marca forte pode também ajudar a determinar quem domina um mercado mundial que foi recentemente tomado por uma onda de fusões.

Nos últimos anos, a mineração de ferro ganhou proeminência por causa de um enorme apetite por metais para alimentar o boom de construções na Ásia, que provocou uma forte alta nos preços de commodities. Isso transformou empresas como a Vale em grandes motores de lucro, de cujos produtos as economias de muitos países dependem.

Isso estimulou uma onda de fusões. A Vale adquiriu este ano a produtora canadense de níquel Inco. Sua maior rival, a anglo-australiana BHP Billiton, fez recentemente uma oferta pela terceira maior, a também anglo-australiana Rio Tinto, que rejeitou a proposta, considerando-a baixa.

Agora, a Vale está apostando que algo tão intangível quanto uma marca pode ajudá-la a superar as batalhas da consolidação. "Somos número 2 e sonhamos em ser número 1", diz Roger Agnelli, o presidente da empresa.

Quando se trata de criar personalidades corporativas bem definidas, a mineração ficou tradicionalmente atrás de outros setores. As fabricantes de químicos DuPont, Dow e Basf, por exemplo, têm marcas reconhecidas sustentadas por campanhas populares. James Bell, um sócio da agência de estratégia de marcas Lipincott, de Nova York, que foi contratada pela Vale, diz que um motivo para o atraso das mineradoras nesse aspecto pode ser geográfico.

"Como a maioria das grandes químicas e petroquímicas são empresas americanas ou européias que operam em locais mais habitados e interconectados, elas tiveram de ser mais atentas à reputação e à opinião pública em geral", diz. "A indústria mineradora, por sua vez, tendeu a ter sede na Austrália, Canadá e Brasil e operava nas áreas mais remotas do planeta. Isso fez com que não enfrentassem o mesmo nível de interesse — e vigilância — do público."

A Vale não é a única mineradora focada na marca. Um porta-voz da Rio Tinto diz que a empresa planeja em breve fazer seu próprio anúncio relativo a um esforço de identidade corporativa.

A marca da Vale estava precisando de uma modernização. O valor de mercado da empresa pulou de US$ 10 bilhões em 1997 para cerca de US$ 150 bilhões hoje, depois que ela adquiriu várias rivais. Isso a deixou com vários nomes — ela era mais conhecida nos EUA como CVRD, por exemplo — e sedenta de uma identidade clara que pudesse comunicar seus novos tamanho e ambições, diz Bell. A principal tarefa da Lipincott, diz, foi reposicionar a Vale de "companhia brasileira de minério de ferro" para "marca global em expansão".

Alguns especialistas em marcas elogiam a nova campanha da Vale, embora um tenha questionado se o esforço de identidade tem um foco suficientemente acurado. Grandes marcas "se resumem a uma idéia clara. No caso da FedEx, é certeza absoluta. No da GE, imaginação", diz Allen Adamson, um diretor-gerente da Landor Associates, de Nova York. No caso da Vale, diz, "parece que eles estão tentando representar tudo que é correto".

César Hirata, um sócio-diretor da FutureBrand, da Interpublic Group, em São Paulo, diz que é interessante que a Vale "tenha tido a coragem" de adotar o verde e o amarelo do Brasil em sua nova campanha. Outras empresas brasileiras com atividades globais, como a Embraer, costumavam optar por não enfatizar suas raízes de país em desenvolvimento, diz.

Para a Vale, que opera agora em mais de 30 países diferentes, associar-se mais ao Brasil pode ter suas vantagens. O país está no meio de uma expansão econômica e tornou-se um favorito de investidores estrangeiros. É também conhecido por suas relações raciais e políticas harmoniosas. Isso pode ajudar a Vale em suas negociações com alvos de aquisição estrangeiros.

"Ser querido é a diferença para os concorrentes", diz Olinta Cardoso, a executiva da Vale encarregado da promoção da marca.

19 fevereiro 2008

Vale aumenta preço

Vale fecha preço de minério e fica mais próxima da Xstrata
Gazeta Mercantil - 19/2/2007

Rio, 19 de Fevereiro de 2008 - A Companhia Vale do Rio Doce (Vale) surpreendeu o mercado e ganhou pontos para as negociações de compra da Xstrata ao anunciar, ontem, que emplacou um aumento de 65% no preço do minério de ferro junto às siderúrgicas asiáticas. Para a matéria-prima de melhor qualidade explorada na mina de Carajás, o chamado minério fino, o acréscimo foi de 71%. O reajuste chama atenção porque acontece após um aumento 185% nos últimos cinco anos, durante a expectativa de uma crise na economia norte-americana e do menor ritmo de crescimento da produção siderúrgica na China.

Seis siderúrgicas - cinco japonesas e uma coreana - fecharam novos contratos de fornecimento com a Vale que começam a valer em abril próximo. A Vale informou reajustes para a coreana Posco e as japonesas Sumimoto, Nisshin Steel, Kobe Steel, JFE Steel Corporation (JFE Steel), Nippon Steel Corporation (NSC - a maior do Japão). Também há rumores de que já teria fechado com a alemã ThyssenKrupp, informação ainda não confirmada pela companhia.

A mineradora brasileira saiu na frente das concorrentes BHP Billiton e Rio Tinto e deve determinar os preços de mercado de 2008, conforme a praxe: o primeiro reajuste sempre dita as negociações seguintes. Mas as concorrentes, mesmo assim, querem emplacar aumentos maiores do que o da Vale, idéia que já haviam manifestado antes do desfecho das negociações entre a companhia brasileira e as siderúrgicas asiáticas.

"Podem esquecer. Esse reajuste será para todas, como sempre ocorre. Se eu fosse chinês, bateria o pé para elas (outras mineradoras, que querem maior reajuste) e não daria o diferencial do frete", afirmou um analista a este jornal, que não se identificou porque está impedido de fazer comentários sobre a Vale até que as negociações com a Xstrata sejam concluídas.

Aliás, com o fechamento de contratos a valores tão positivos, e antes do que o mercado esperava, pode reforçar a proposta de aquisição da mineradora da inglesa Glencore, para o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan. "Há uma mensagem subliminar aí. A Vale está dizendo que vai aumentar a produção e, além disso, vendê-la a preços 65% maiores, mesmo diante de tantos aspectos que poderiam estar enfraquecendo o mercado, como a crise norte-americana e o menor ritmo de aço na China", avaliou Ferraz.

Roger Downey, do Credit Suisse, também avaliou que o reajuste foi "bem positivo, bem à frente do consenso". O mercado, segundo os três analistas, esperava no máximo 50% de aumento do minério. Nenhum deles acredita que as mineradoras consigam melhor percentual junto a siderúrgicas. "Os preços para 2008 refletem a continuidade do excesso de demanda no mercado global de minério de ferro. (...) A Vale reitera seu compromisso com os clientes, investindo montante substancial de recursos para aumentar sua capacidade de produção. Apesar da considerável alta de custos operacionais e de investimento, a Companhia foi capaz de expandir a produção de minério de ferro à taxa média anual de 14,1%, entre 2001 e 2007", informou a Vale em comunicado.

A partir das negociações com as siderúrgicas japonesas e a coreana Posco, a tonelada de minério de ferro passará de US$ 46 para US$ 76,60, sem considerar o custo do frete. Com o preço de transporte, o preço final chega a US$ 110 por tonelada. Mineradoras como BHP e Rio Tinto tentam quebrar a tradição de seguir o primeiro negociador a concluir novos preços. Mais próximas do mercado consumidor em relação à Vale, querem reajustar o minério a ponto de o preço final chegar aos US$ 110, o que poderia significar um reajuste de 100%.

Com o anúncio dos acordos fechados, ontem as ações da mineradora brasileira registraram um crescimento expressivo.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Sabrina Lorenzi

24 setembro 2010

Vale valiosa

É talvez a maior empresa que você nunca ouviu falar. O Boston Consulting Group diz que criou mais valor do que qualquer outra grande empresa do mundo na última década. No entanto, poucas pessoas sabem como pronunciar o nome da Vale (que é "vah-lay").

Esta gigante mineradora brasileira tem ficado fora dos holofotes da mídia, mesmo com a demanda voraz da China tem impulsionado, em dez anos, da insignificância a uma capitalização de mercado de US $ 147 bilhões. É agora a segunda maior mineradora do mundo: menor do que a BHP Billiton, mas maior do que a Rio Tinto e outros rivais mais conhecidos.

(...) ela era uma empresa estatal antiquada, até que foi privatizada em 1997. (...) No entanto, ainda não diversificaram muito além do minério de ferro ou de seu país de origem. É de longe o maior produtor mundial de minério de ferro, desenterrando 230m toneladas de material em 2009 (um peso equivalente a 1.000 das estátuas do Cristo Redentor, com vista para o Rio de Janeiro, todos os dias). A Rio Tinto, a segunda produtora de minério de ferro, extrai meros 172m toneladas por ano. A
Vale depende de minério de ferro em 65% das suas receitas. Outros gigantes da mineração espalham os seus riscos através de múltiplas commodities e uma variedade de países seguros e perigosos. Vale, por outro lado, nas minas, principalmente no Brasil.

As suas ambições de ampliar seus interesses para além de cara brasileira de minério de ferro em dois obstáculos. Será que ela tem a capacidade? E ele tem permissão? De acordo com Rene Kleyweg do UBS, banco suíço, a Vale ainda tem que provar que pode operar como uma mineradora diversificada. E sua relação com o governo do Brasil, que preferiria que investisse em casa, é ao mesmo tempo complicada e obscura.

O minério de ferro é uma grande empresa de logística. (...) O truque é o transporte de grandes quantidades em todo o mundo rapidamente. Com isso, destaca a Vale. A empresa possui cerca de 10.000 km (6.200 milhas) de ferrovias, nove portos e uma enorme frota de navios.

(...) Muitos na indústria afirmam que a estrutura acionária da Vale dá a presidente do Brasil (atualmente Luiz Inácio Lula da Silva) o poder de forçar a Vale a investir e criar empregos em casa. Na teoria são os acionistas que controlam a Vale e o governo detém apenas 5,4% das ações. (...)


Valuable Vale

18 janeiro 2013

Baixa na Rio Tinto

A empresa Rio Tinto atua no setor de mineração, com receita de 60 bilhões de dólares por ano. São quase 120 bilhões de ativos, com investimentos em diversas partes do mundo. A empresa anunciou uma baixa contábil de 14 bilhões. Junto com o anúncio, a saída do executivo, Albanese, que foi responsável por uma série de investimentos polêmicos, muitos deles durante a alta de preços dos commodities.

04 março 2008

Qual a razão da Vale + Xstrata


Ofertas da Vale e BHP têm mesmo objetivo: o aço
Por Robert Guy Matthews - The Wall Street Journal - 3/3/2008

As duas propostas de fusão, embora diferentes nos detalhes, almejam dominar os minerais fundamentais da fabricação de aço, no que pode ser um ótimo período para a siderurgia global. China, Índia e outros países em desenvolvimento estão num processo histórico de urbanização e precisam de todo o aço que puderem encontrar para construir máquinas, carros, eletrodomésticos, pontes, prédios, estradas e sistemas de esgoto.

(...) O boom das commodities e a demanda por trás dele não vão durar para sempre. Alguns observadores até acreditam que certas commodities já chegaram ao pico. Essa é a razão pela qual as mineradores não estão esperando para localizar reservas virgens: leva mais de três anos entre a descoberta de um novo depósito e o início de produção. A compra de rivais permitiria à BHP e à Vale levar mais ingredientes de aço ao mercado enquanto a demanda continua forte.

(...) O preço do minério de ferro mais que triplicou nos últimos cinco anos. Na semana passada, a Vale negociou altas de 65% e 71% com grandes siderúrgicas ao redor do mundo, o que se segue a uma alta de 9,5% no ano passado. E as siderúrgicas podem ter de pagar até mais para negociar com a Rio Tinto, que já sinalizou intenções de pedir um aumento acima de 70%. Se a demanda na China não enfraquecer, é provável que o preço do minério de ferro suba de novo no ano que vem. Uma fusão da BHP com a Rio Tinto daria mais controle sobre o preço e a produção do minério.

A proposta da Vale para comprar a suíça Xstrata tem mais a ver com o preenchimento de uma lacuna em sua carteira siderúrgica e diversificação para outros metais do que com dominar o mercado de minério de ferro. (...)

O carvão é um negócio lucrativo porque o coque é um ingrediente central na produção de aço, e a Vale quer capitalizar a força desse mercado, diz José Carlos Martins, diretor executivo da Vale para metais ferrosos. "Os preços do carvão estão bem altos", diz ele.

A Vale também quer mais níquel, que é uma liga necessária para fazer aço inoxidável. Uma combinação da Vale com a Xstrata poderia controlar cerca de 28% da produção mundial de níquel, tornando-se o maior produtor de metal em volume. Analistas esperam que, se o negócio for consumado, a Vale tenha de vender parte de seu níquel para contornar problemas regulamentares. Mas provavelmente continuaria sendo o maior produtor de níquel. Os preços do níquel caíram cerca de 7% desde o fim de 2007, mas ainda estão relativamente altos.

31 janeiro 2013

Vale

A Vale vai registrar novas baixas contábeis de ativos na divulgação dos resultados do último trimestre do ano passado, a serem anunciados em 27 de fevereiro. Isso poderá impactar ainda mais o balanço da companhia. As projeções de analistas são de um prejuízo da mineradora no período entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões decorrente da baixa contábil de US$ 4,2 bilhões, comunicada ao mercado em 20 de dezembro.

A informação foi dada ontem por Luciano Siani, diretor-executivo de finanças e relações com investidores da companhia, durante seminário sobre o preço dos metais e do minério de ferro, na Apimec-Rio. O evento foi promovido pela própria Vale. Siani admitiu ao Valor que serão baixas contábeis menores que a já anunciada e que envolveram ativos de níquel (Onça Puma) e a participação acionária de 22% que a empresa detém na norueguesa de alumínio Norsk Hydro.

Depois do anúncio da Vale, outras mineradoras informaram baixas contábeis, como a concorrente australiana Rio Tinto, de US$ 14 bilhões por conta de ativos de alumínio (antiga Alcan) e de carvão e, a Anglo American, que comunicou ontem uma baixa de US$ 4 bilhões no ativo Minas-Rio em seu balanço. (...)

Vale fará novas baixas contábeis de ativos - 30 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Vera Saavedra Durão e Marta Nogueira

01 junho 2006

China x Vale


Reportagem do Wall Street Journal informa de uma luta entre a China, grande consumidora de insumos para sua indústria crescente, e os grandes produtores. A reportagem cita o exemplo do gás GNL, que a China considerou caro demais. Para tentar vencer os produtores, a China decidiu substituir o gás por carvão mineral doméstico.

Nesse momento a China procura evitar o aumento nos preços do minério de ferro. Esse produto é controlado por três grandes empresas no mundo, entre elas a brasileira Vale do Rio Doce. Em 2005 os consumidores tiveram que pagar mais de 70% pelo produto. Isso naturalmente refletiu no lucro recorde da Vale em 2005, quando a margem líquida foi de quase 50%. Em 2006 os produtores já conseguiram um aumento de 19% com alguns países asiáticos, mas a China quer resistir.

A seguir, a reportagem completa:

China quer usar tamanho de seu mercado para conter os preços das commodities
June 1, 2006 4:05 a.m.

Por Patrick Barta
The Wall Street Journal

Um confronto entre a China e as maiores mineradoras do mundo sobre o preço do minério de ferro ressalta o desejo do país de usar seu poder de barganha como um grande comprador de matérias-primas num esforço para deter a desenfreada alta dos custos, algo que pode ter implicações para a economia global.

A economia chinesa é uma força propulsora por trás do recente aumento da demanda e dos preços de petróleo, cobre e uma série de outras commodities. Pequim está tentando usar essa força para empurrar os preços para baixo. Se bem-sucedida, a iniciativa pode beneficiar indústrias e consumidores mundo afora que hoje arcam com os mais altos preços das commodities em uma geração — e geralmente culpam a China pela situação. Mas se os esforços chineses terão algum efeito significativo, ainda é uma questão em aberto.

Em alguns casos, a China está se recusando a comprar commodities que ela considera muito caras, retirando uma fonte de demanda do mercado. Em outros casos, está aumentando os esforços para desenvolver fontes alternativas ou acumular estoques de minerais, podendo assim puxar o tapete das mineradoras, que querem limitar o número de novas minas para manter os preços altos.
[iron]

Muitos especialistas em commodities duvidam que a China vá conseguir derrubar os preços tão cedo. As táticas do país têm sido até agora atrapalhadas e anticompetitivas, argumentam muitos analistas, e muitas de suas tentativas de escavar novas fontes de oferta não tiveram sucesso. Além do mais, a China precisa tanto de matérias-primas para construir estradas, fábricas, conjuntos habitacionais e outras coisas que seu poder de barganha é limitado no curto prazo.

Funcionários do Ministério do Comércio e da Comissão Nacional do Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento do país, dizem que o governo não se envolve na negociação de preços de commodities industriais específicas, deixando isso para empresas individuais. Mas o governo chinês já disse que está preocupado com o impacto econômico dos altos preços das commodities, e muitos economistas acreditam que as últimas medidas sugerem uma estratégia mais coordenada. Isso seria fácil de pôr em prática, já que muitas das empresas que mais consomem recursos naturais na China são estatais.

No ano passado, a petrolífera estatal chinesa Cnooc Ltd. recusou-se a assinar novos contratos para gás natural liquefeito, ou GNL, depois de ter concluído que o preço havia subido demais. Em vez disso, a China está contando mais com o carvão mineral doméstico para alimentar suas usinas energéticas, embora fazê-lo aumente a degradação ambiental. A decisão retirou uma das maiores fontes de demanda nova no mercado internacional de GNL e pode resultar em preços menores do que se esperava anteriormente, se a demanda da China não voltar a subir.

A China está batendo o pé em relação ao minério de ferro. Geralmente, o preço do minério de ferro é decidido em discretas reuniões todos os anos entre as produtoras e as siderúrgicas que o consomem. Três empresas — a Companhia Vale do Rio Doce e as gigantes anglo-australianas BHP Billiton e Rio Tinto — controlam cerca de 75% do mercado mundial de exportação do minério, o que lhes dá mais poder de barganha. No ano passado, elas obrigaram as siderúrgicas a engolir um aumento sem precedentes de 72%.

Este ano, siderúrgicas do Japão, Coréia do Sul e Europa aceitaram um aumento de 19%. Mas a China, rompendo com a tradição, recusou-se a aceitar esse jogo. Os líderes da indústria siderúrgica chinesa dizem que as mineradoras precisam considerar o enorme tamanho do mercado da China quando negociam preços lá e oferecer seus recursos minerais com um desconto. A China já é o maior consumidor mundial de minério de ferro.

A maioria dos analistas acredita que a China vai perder na atual rodada de negociações, e pode entregar os pontos a qualquer momento. Mas no longo prazo, a teimosia pode levar a mudanças na maneira como o preço do minério de ferro é negociado. A China pode, por exemplo, decidir comprar mais no mercado à vista de países como a Índia. Embora isso possa custar-lhe mais atualmente, pode também provocar uma mudança que diluiria o poder das mineradoras no longo prazo.

25 outubro 2006

Vale e Inco 3 - Efeito no custo do capital de terceiros

A reportagem (Estadão de hoje) a seguir informa que o negócio irá trazer benefício para o custo do capital de terceiros pois a Vale seria agora uma empresa internacional. Temos que analisar isto com cuidado pois uma aquisição geralmente aumenta o risco da empresa. Além disto, o mercado acionário geralmente não gosta de empresas compradoras de outras, punindo com a queda na cotação das ações destas empresas.


Com Inco, Vale alcança juros de 1º mundo

Operação abre caminho para que mineradora reduza taxas e tenha custo de financiamento igual ao dos rivais

Agnaldo Brito

Os gastos da Vale do Rio Doce com novos empréstimos no mercado financeiro internacional, o chamado custo de capital de terceiros, devem agora chegar muito próximos aos dos concorrentes diretos da mineradora brasileira, a BHP Billiton, a maior do mundo, e a Rio Tinto (a terceira). A compra de 75,66% do capital da Inco em dinheiro vivo significa mais que a transformação da Vale em segunda mineradora do mundo: é o passaporte para a companhia alcançar níveis de juros só cobrados nos países ricos.

A diversificação geográfica e de produtos reduzirá a expectativa de risco dos investidores em relação à Vale. Hoje, ao se deparar com um papel emitido pela companhia brasileira, o investidor cobra o dobro dos juros que exige para um título emitido pela BHP Billiton. Levantamento feito a pedido do Estado pelo banco de investimentos WestLB mostra o quanto a Vale deve economizar com seus empréstimos no exterior.

A Vale lançou recentemente um título no mercado internacional (bond) de dez anos, com vencimento em 2016. A BHP também lançou um papel em condições semelhantes. Os investidores do chamado mercado secundário de títulos compraram os dois papéis, mas cobraram da Vale 6,25% ao ano, enquanto exigiram da BHP 5,60%.

A mineradora brasileira pagou 1,51 ponto porcentual a mais do que os juros dos títulos do Tesouro americano (a referência nestas operações), enquanto a BHP pagou a metade, 0,73 ponto porcentual. 'A diferença decorre do fato de a Vale ser uma companhia com os pés somente no Brasil. Neste custo de capital mais elevado está embutido o risco país. Com a Inco, a Vale provavelmente chegará muito mais perto da BHP e de outras concorrentes no mundo', explica Claudio Pitchon, diretor responsável por mineração e siderurgia do West LB na América Latina.

Parece uma diferença irrisória, sobretudo no Brasil, onde as empresas pagam juros de 30%, 40% ao ano, ou os consumidores que entram no financiamento rotativo do cartão de crédito são punidos com taxas de 7% a 10% ao mês, ou mais de 100% ao ano. Mas, para operações milionárias (as vezes bilionárias), essa diferença no custo de capital pesa, e muito. Nesta diferença entre os títulos da Vale e BHP, numa operação de US$ 500 milhões, a companhia brasileira pagaria US$ 3,5 milhões acima do que a BHP pagaria ao ano aos investidores.

Custo de capital neste negócio é um fator de competitividade tão importante quanto a eficiência na gestão. 'O fato de ter quase toda a operação no Brasil se torna um grande peso para a Vale. Neste caso, a empresa pode até ser muito competitiva na operação, mas o fato de outras companhias terem maior presença lá fora, garantem a elas custo de capital inferior', diz Pitchon. Por isso, a compra da Inco é um lance tão importante.

GRAU DE INVESTIMENTO

Há um pequeno percalço na aquisição da Inco. A Vale terá reduzida as notas nas agências de classificação de risco. O motivo é o elevado endividamento necessário para a realização do negócio. Entretanto, a Vale não deverá perder a condição de 'grau de investimento', um seleto grupo que paga juros mais baixos. Nem o Tesouro brasileiro alcançou esta condição ainda. Aliás, os investidores que compram papéis da Vale cobram menos do que exigem do Brasil. Um título da Vale com vencimento em 2013 paga 5,7%% ao ano, enquanto o Brasil paga 5,96%.

A entrada da Vale neste seleto grupo mundial de crédito não se deu em pouco tempo. Em 2003, a companhia fez a emissão de papéis com vencimento em 2013. Pagava então 8,43% de juros ao ano. Neste ano, o mesmo papel tem juros menores, 6%. 'Não é pouca coisa, significa economia de US$ 2,43 milhões numa operação de US$ 100 milhões', diz Pitchon.

02 agosto 2007

Evidenciação a moda Russa

Uma história interessante de como o capitalismo russo lida com os problemas de evidenciação.

Na expansão da Rusal, o dono foge dos holofotes
Por Andrew Osborn
The Wall Street Journal

A gigante russa do alumínio United Co. Rusal prepara sua estréia nas bolsas internacionais de um modo nada convencional: mantendo um muro de silêncio sobre o bilionário que está por trás dela.

Oleg Deripaska, um magnata de 39 anos cujo visto de entrada nos Estados Unidos foi negado por conta de questionamentos sobre seus negócios no passado, é dono de dois terços da Rusal, fundou a empresa e já foi seu diretor-presidente. Ele tem um papel importante na Rusal, que através de uma série de fusões agora concorre com as maiores mineradoras do mundo. Em novembro, quando colocar no mercado pelo menos 25% de seu capital, a Rusal pode captar US$ 7,5 bilhões.

(...) A abordagem da Rusal mostra como as empresas russas, em busca de reconhecimento internacional, geralmente enfatizam seus planos futuros mas continuam relutantes em falar sobre seu passado empresarial suspeito, durante os anárquicos anos 90 na Rússia. Com os cofres cheios pela economia em crescimento rápido e o boom dos últimos quatros anos nos recursos naturais, as empresas russas estão ansiosas para investir em sua expansão internacional.

Dúvidas sobre seu passado já atrapalharam esse objetivo. No ano passado, a falta de informações sobre outro magnata russo, Alexey Mordashov, contribuiu para o fracasso da tentativa da empresa que ele controla, a siderúrgica russa OAO Severstal, de comprar a rival Arcelor SA.

A Rusal enfrenta concorrência cada vez maior pela liderança dos produtores de alumínio. A Rio Tinto PLC deve se tornar a maior do mundo em produção quando completar a aquisição da Alcan Inc., do Canadá. A Alcoa Inc., dos EUA, é considerada um potencial alvo de aquisição para outra grande mineradora, como a BHP Billiton Ltd. da Austrália ou a Companhia Vale do Rio Doce.

23 dezembro 2006

Preço em alta


O minério deverá sofrer um novo reajuste este ano. As empresas Rio Tinto e Vale do Rio Doce conseguiram um aumento de 9,5% neste mês. Este aumento é possível diante da demanda pelo minério, em especial da China.

Isto significa dizer que provavelmente a Vale deverá ter outro recorde de lucro no próximo ano.

Ontem a Gazeta noticiou que a Merril Lynch recomendava a compra da ação da Vale. Conforme a notícia (MINERAÇÃO: ML reitera recomendação de compra para Vale, Gazeta Mercantil News, 22/12/2006)

"Recomendamos fortemente a compra das ações PN da Vale, dado que o atual desconto de 18% sobre as ações ON é injustificável, pois ambas classes de ação dão os mesmo direitos a voto."

De acordo com Merrill Lynch, a rapidez no processo de negociação é uma clara indicação de que os fundamentos de mercado seguem firmes e que as relações da empresa com os chineses estão cada vez mais saudáveis. O banco reitera sua expectativa de estabilidade nos preços do minério para 2008, com o risco de alta no preço caso a relação oferta/demanda se mantenha justa.

O banco acredita que o patamar de negociação das ações da Vale deve mudar dado o acordo para o preços e pelo fato de que, agora, cerca de 30% das receitas operacionais da companhia serão geradas pelo negócio de níquel.

(...) Para o Merrill Lynch, os próximos catalisadores para a Vale são: maior preço para o níquel em 2007; redução de custos no Brasil, que podem resultar em um aumento de US$ 3 por ADR; sinergias com que podem gerar outro US$ 1 por ADR e notícias positivas resultantes da integração e reestruturação com a Inco.

26 janeiro 2008

Vale: ganhadora da semana

No blog Wall Street Journal a Vale do Rio Doce aparece como vencedora da semana. A empresa poderá ser a maior mineradora do mundo com o acordo com a Xstrata. A empresa seria a maior empresa brasileira multinacional e poderia competir com a BHP Billiton e a Rio Tinto. Dois problemas apontados: o acordo ainda está longe e pode afetar o balanço da empresa.

24 janeiro 2018

Materialidade

A empresa de mineração Rio Tinto comprou, em 2011, em Moçambique, uma mina de carvão por 3,7 bilhões de dólares. O negócio foi péssimo para a empresa e seus acionistas e dois anos depois vendeu-se a mina por 50 milhões. A SEC, no segundo semestre de 2017, acusou a empresa e seus executivos de fraude.

Agora, o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos rejeitou os argumentos da empresa e dos executivos. Um deles indicava que o problema representava somente 3% dos ativos da empresa. A SEC considerou que a questão da materialidade deve ser decidida por um juri.

24 novembro 2014

Péssimo desempenho das Estatais

ON NOVEMBER 14th Brazilian police raided the offices of Petrobras, a vast state-controlled oil firm at the centre of a corruption scandal. Back in 2010 Petrobras was a symbol of Brazil's economic rise. It conducted the largest global equity raising on record, to pay for the development of fields off Brazil's coast.

Now, bribes are the least of it. Despite an investment binge its production growth has been anaemic. Its returns on capital and its shares have slumped. Its balance-sheet is shot, former executives have been arrested and its accounts may be restated. Petrobras is today an exemplar of something else: the lousy performance of state-owned firms.

Ronald Reagan said the nine most terrifying words in the English language were "I'm from the government and I'm here to help." For investors the scariest words may be, "I'm from a state-owned firm and I want your capital." Across the world, big, listed state-owned enterprises (SOEs) that were floated, or raised mountains of equity, between 2000 and 2010 have had a dismal time.

Their share of global market capitalisation has shrunk from a peak of 22% in 2007 to 13% today. Measured by profits their decline is less stark, mainly because big Chinese banks continue to report inflated profits that do not accurately reflect their rotten books. Exclude them and SOEs' share of earnings has slumped, too (see chart). It will probably fall further.

In Russia, Gazprom, which the Kremlin once predicted would be the first firm to be worth $1 trillion, has crumpled: it is worth $73 billion today. India's mismanaged state-owned banks command miserly valuations compared with their private peers. Since 2009 the Shenzhen stockmarket's index, which is dominated by private firms, has rocketed past that of its rival in Shanghai, which is mainly made up of state companies, notes Sanford C. Bernstein, an analysis firm.

Once, investors swooned at the rise of China Mobile, a state-owned operator. Now they admire Xiaomi, a wily private handset-maker. Shares in Vale, a Brazilian miner in which public-sector pension funds have a big stake, have lagged those of its private-sector peers, BHP Billiton and Rio Tinto, by over 40% in the past three years.

Overall, the SOEs among the world's top 500 firms have lost between 33% and 37% of their value in dollars since 2007, depending on how one treats firms that were unlisted at the start of the period. Global shares as a whole have risen by 5%.

It was not meant to be like this. As the West slipped into a crisis in 2007-08, state capitalism supposedly took the business world by storm, particularly in the emerging world. It had two elements. Sovereign wealth funds (SWFs) gathered the excess savings that oil-rich and Asian countries accumulated, investing them overseas. And a new, hybrid kind of SOE was in vogue.

When Europe and Latin America privatised firms in the 1980s and 1990s, they often went the whole hog, with the state selling out completely--think of British Gas or telecoms in Brazil. But in the 2000s private investors were invited to play only a subordinate role, with the state keeping a controlling stake and making enlightened decisions in the interests of all. Investors lapped it up: they forked out more than $500 billion in SOE equity raisings between 2000 and 2012.

What went wrong? As trade surpluses and commodity prices have fallen, SWFs have accumulated cash at a slower rate and spent less on buying stakes in firms. In 2013 their investments were $50 billion, under half the level of 2008, reckons Bernardo Bortolotti of Bocconi University in Milan.

SOEs, meanwhile, have been through hell. Tumbling commodity prices have hurt energy and mining firms. Sanctions have clobbered Russian firms. Corruption scandals have erupted, and not just in Brazil. Jiang Jiemin, PetroChina's ex-boss, was arrested in 2013, for example.

But at the root of the underperformance is what looks like a huge misallocation of capital by SOEs. Given licence by politicians, and with little need to pacify stroppy investors, their capital investment surged, accounting for over 30% of the global total by big listed firms.

More than $2.5 trillion has been invested in telecoms networks, hydrocarbons fields and other projects by SOEs since 2007. Gazprom built an alpine ski resort for the winter Olympics. Etisalat, a telecoms firm in the United Arab Emirates, blew $800m on an operation in India whose licence was cancelled after an anti-graft inquiry. To counteract the global slowdown after 2007-08, state banks went on a lending binge in China, India, Russia, Brazil and Vietnam. The resulting bad debts are only now being recognised.

As the balance-sheets of SOEs have grown faster than profits, return on equity has slumped from 16% in 2007 to 12% today, less than the 13% achieved by private firms. China's four biggest banks, with their inflated earnings, flatter this picture. Excluding them, SOEs' return on equity falls to 10%. Cash returns to investors are poor: SOEs' dividends and buy-backs are typically only 10-15% of the global total. Flabby and stingy, SOEs are now priced by investors at about their liquidation value.

For governments and managers of SOEs the immediate task is firefighting. While SOES' aggregate balance-sheet is passable, some companies are too indebted. Vietnam has had one big SOE default, by a shipyard. Petrobras has net debt equivalent to four times its gross operating profit. Rosneft, a Russian oil firm, must refinance $21 billion of bonds before April. Its bond yields have risen sharply and it wants state aid. Many SOE banks in the emerging world need to be recapitalised.

Next, investment levels and costs need to be cut, so as to lift returns on capital. There is little sign that this is happening yet. Natural-resources SOEs will probably be slower to react to lower commodity prices than their private-sector peers. All state firms find it hard to lay off people--the SOEs among the world's 500 most valuable firms employ 8m, and their workforce has risen by a fifth since 2007. Those in industries facing disruption from the web, particularly banking and telecoms, will probably need redundancy schemes.

In the longer term, managers need to rethink how firms are run. Interviewed by The Economist in April, Xi Guohua, the chairman of China Mobile, talked of introducing incentive-based pay, awarding staff shares and establishing stand-alone units with freedom to innovate. "The old organisation will restrict our development and stand in our way, and we are fully aware of the urgency of such changes," he said.

China Mobile's efforts are part of a wider drive in China to make SOEs more efficient by deregulating prices and interest rates, introducing more private investors and increasing competition. Narendra Modi, India's newish prime minister, has a similar plan to open up Coal India, a notoriously inept monopolist, to competition and to resuscitate India's state-run banks.

Yet at the heart of all these efforts, a tension remains: who are SOEs run for? The public good, as interpreted by politicians? Or shareholders? Only some countries have resolved this, either by the state selling out completely, or by establishing robust mechanisms to keep firms at arms' length from the government, such as at Temasek, Singapore's state holding company.

Until this question is resolved the value-destroying impulses of SOEs will remain, and investors will be wary of both established firms and newcomers. That is why, as the box alongside describes, not a single foreign investor took part in Vietnam's latest flotation of a state firm.


The Economist via aqui

16 maio 2020

Melhores práticas e Vale

A Vale criou recentemente novas metas de sustentabilidade e governança para balizar a remuneração de seus executivos, em mais um movimento para reconquistar a confiança dos investidores – que por sua vez estão aumentando as cobranças neste sentido. Embora a mineradora venha apresentando resultados robustos, mesmo em tempos de pandemia do novo coronavírus, o ambiente continua desafiador para seus planos de longo prazo.

(...) De acordo com a Vale, 12% da remuneração total dos executivos agora está vinculada a métricas de ESG. Os compromissos para 2030 também foram revisados, com metas mais “ambiciosas”, conforme informou a companhia.

Entre elas, estão carbono neutro até 2050 – alinhado ao acordo de Paris – e 100% de autoprodução de energia limpa globalmente.

(...) “Na mineração, adotar metas claras de ESG [melhores práticas ambientais, sociais e de governança] é um caminho inovador, a Vale está subindo a barra em seu setor”, diz. O analista lembra que suas principais concorrentes – Rio Tinto, BHP e Fortescue – não definiram claramente números e metas na área, o que coloca a mineradora brasileira em destaque nas práticas de ESG.


Fonte: Aqui

19 janeiro 2013

Fato da Semana


Fato: A abordagem conceitual do IPSASB

Qual a relevância disto? O setor público sempre esteve atrás na normatização contábil. As principais novidades demoram a chegar para as entidades governamentais. Enquanto a estrutura conceitual já existe, e tem sido usado, no setor privado há anos, somente agora se pode dizer que o setor público possui – parte, é verdade – sua estrutura conceitual.

O International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB)  é uma entidade independente, ligada ao IFAC. Esta entidade é responsável por normas contábeis do setor público. Apesar do foco do IPSASB ser o setor público, as normas emanadas tem por base as IFRS do Iasb, confirmando uma tendência de aproximar o que se faz na contabilidadepública da contabilidade empresarial.

Para embasar as normas, o IPSASB está trabalhando na estrutura conceitual. Nesta semana esta entidade divulgou a primeira parte do trabalho. Para o IPSASB o setor público deve adotar o regime de competência, deve usar as características qualitativas já aprovadas pelo Iasb (que corresponde ao CPC 00), deve preparar as demonstrações para os usuários dos serviços públicos, os fornecedores de recursos e os representantes, com a finalidade de tomar decisão e prestar contas.

Positivo ou Negativo? – Positivo muito embora talvez neste caso o endosso fosse a atitude mais sensata. Mas talvez ainda exista a necessidade de mostrar que o setor público possui peculiaridades, sendo necessária norma específica – mesmo que seja baseada no Iasb. Outro ponto positivo é que a emissão de uma norma como esta evitaria certas “aventuras intelectuais” no setor público.

Desdobramentos – Será que o Brasil irá adotar? Talvez sim, pois trata de um documento abrangente. Mas não tenhamos ilusões: em 2010, Nelson Machado, então homem forte do governo para este assunto, afirmou, para um jornal brasileiro que a adoção das normas de contabilidade pública seria seletiva: somente aquelas que interessavam ao governo seriam adotadas. Talvez o CFC e o Ibracon traduzam as normas. 

Outros candidatos fortes a fato da semana: as baixas contábeis de empresas como a Rio Tinto; a possibilidade de aproveitar crédito tributário nos bancos brasileiros para atingir a meta do Basileia 3; e a discussão sobre a contabilidade criativa das contas públicas (mas isto jáfoi fato da semana passada)