Charles Ezra Sprague (1842-1912) teve grande influência no desenvolvimento inicial da profissão contábil nos Estados Unidos. Era um homem de cultura e chegou a ser fluente em 16 idiomas. Formou-se em 1860, e serviu no Exército da União durante a Guerra Civil. Em 1870, começou a trabalhar como escriturário no Union Dime Savings Bank, em Nova York. Subiu rapidamente na hierarquia do banco e em 1892, foi eleito presidente do Union Dime Savings Bank, cargo que ocupou até sua morte. Durante sua gestão, introduziu diversas inovações bancárias, como cadernetas e talões de cheque pequenos, livros contábeis em fichas removíveis e uma máquina de lançamento de lançamentos contábeis.
Sprague viajava com frequência à Europa e nessas viagens conheceu práticas contábeis de outros países, como Inglaterra e Alemanha. No primeiro, aprendeu a importância de haver procedimentos formais para o reconhecimento de profissionais da contabilidade. Introduziu o sistema de um conselho de examinadores para contadores públicos e tornou-se um dos primeiros contadores públicos certificados no estado de Nova York. Na Alemanha, conheceu as abordagens contábeis do país, que influenciaram seus escritos posteriores.
Escreveu diversas obras, incluindo: The Accountancy of Investment (1904), Extended Bond Tables (1905), Problems and Studies in the Accountancy of Investment (1906), Tables of Compound Interest (1907), Amortization (1908), The Philosophy of Accounts (1908) e Logarithms to 12 Places (1910). Antes disso, envolveu-se com a publicação The Bookkeeper, para a qual escreveu e atuou como editor associado de 1880 a 1883.
Seu livro mais importante, The Philosophy of Accounts, teve enorme impacto sobre a prática contábil, passando por cinco edições em menos de 15 anos. Antes dessa obra, a maioria dos livros de contabilidade eram manuais práticos, com exemplos e exercícios. Sprague tentou explicar o "porquê", e não apenas o "como", da contabilidade, um afastamento da abordagem tradicional americana ou inglesa, aproximando-se do estilo alemão.
No livro citado (The Philosophy of Accounts) ele propôs uma nova classificação de contas. Antes, as contas eram divididas em pessoais e impessoais. Sprague propôs uma divisão mais simples: um grupo com ativos e passivos, e outro com capital e contas de lucros e perdas. Um conceito introduzido por ele em The Bookkeeper - ativos igualam passivos mais patrimônio (A = P + PL) - foi usado para representar a teoria das contas de forma algébrica.
Adaptado do verbete escrito por Rodney Rogers, The History of Accounting. Foto: aqui