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26 junho 2008

Uma solução para Agrenco?

O grupo francês Louis Dreyfus Commodities (LDC) anunciou ontem que fechou um acordo que poderá lhe conferir o controle da Agrenco Holding, que, por sua vez, controla a Agrenco Limited. (...) Ainda não se trata, contudo, de um acerto definitivo.

Segundo fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a operação dependerá, entre outras condicionantes, de "due dilligence", análise da viabilidade legal do negócio, ausência de oferta pública de aquisição aos acionistas da Agrenco Limited e está condicionada também à não insolvência da Agrenco.

De acordo com comunicado da LDC, a operação teria a seguinte estrutura: aumento de capital da Agrenco Holding, no valor de US$ 33,521 milhões, de maneira ainda indefinida; aumento de capital da Agrenco Ltd., por meio de emissão de novas ações, de US$ 65 milhões. A LDC subscreveria, no mínimo, também US$ 33,521 milhões. A proposta incluiria ainda empréstimo conversível em ações de US$ 35 milhões, com prazo de cinco anos e juros de 7,75%.Uma variante do acordo inclui o exercício de bônus de subscrição, que venceriam em três anos.

Dreyfus fecha acordo para assumir Agrenco
Valor Econômico - 26/06/2008

Uma das alternativas propostas é a de aquisição de ações pelo valor de US$ 0,70 por ação ordinária (R$ 1,12 ao câmbio de R$ 1,60), o que, equivaleria a um valor nove vezes menor do que o valor da Oferta Inicial de Ações (IPO, sigla em inglês) - R$ 10,40 - em outubro do ano passado e um pouco abaixo do valor atual das ações da companhia - R$ 1,25. A Agrenco assumiu recentemente problemas de caixa para quitar dívidas de curto prazo, crise que se agravou, na semana passada, com a prisão de três de seus principais executivos.

Em comunicado oficial, o grupo LDC informou que assinou um memorando de entendimentos com a Agrenco pelo qual se dispôs a realizar um aumento de capital na empresa, desde que cumprida uma série de condições, entre elas, a realização de auditoria na empresa, etapa que, segundo o comunicado, começa de imediato. Caso concretizado, esse aumento de capital deverá fazer do Grupo o principal acionista da Agrenco. Até a conclusão do negócio e a assinatura dos contratos definitivos, não haverá qualquer participação do grupo Louis Dreyfus Commodities na gestão da Agrenco.

(...) Agressiva, Louis Dreyfus propõe compra da Agrenco - 26/06/2008
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 10)(Fabiana Batista)

24 junho 2008

Escândalo da Agrenco

O grupo Agrenco, que abriu seu capital em outubro do ano passado, teve seus principais executivos presos na operação Influenza da Polícia Federal (Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008) .

As acusações são de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e lavagem de ativos.

A partir da constatação de que a empresa recolhia ISS em Itajaí, apesar de não operar no porto de Santa Catarina, chamou a atenção e iniciou as investigações.

Num dos golpes, há indícios de que os três sócios da Agrenco simularam compra de grãos desse produtor e pegaram nota fiscal inidônea. “Em vez de pagar a fatura para o produtor, o dinheiro era dado a um laranja, que distribuía os lucros para todos. O laranja, por acaso, é parente do produtor. Ele recebeu algumas dezenas de milhares de dólares para emprestar a conta bancária”, explica o delegado, que pediu anonimato.
Segundo informações do último balanço financeiro da companhia, a Agrenco é responsável por quase 15% da soja exportada pelo Brasil. Caso as investigações comprovem as operações fictícias, apenas uma parte desse volume realmente foi comprada e vendida.
Os sócios também são acusados de trazer dinheiro de suas contas particulares no exterior para o Brasil por meio de contratos fictícios de prestação de serviços de consultoria. Segundo a PF, as empresas eram criadas para esse fim e desfeitas após a distribuição do dinheiro.( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)



Conforme normas brasileiras, a empresa Agrenco, que é uma empresa com ações na Bovespa, foi considerada vítima pois os três sócios estariam lesando os outros acionistas.

A conseqüência é que no dia anterior o preço das ações caiu quase 50%, o que determinou a suspensão das negociações.

Para manter a saúde aparente da empresa, os sócios teriam forjado documentos, segundo investigação da PF. No começo do ano, a KPMG, responsável pela auditoria da Agrenco, identificou cerca de 60 irregularidades no balanço, que depois teriam sido sanadas, afirma a polícia. Em 2007, o grupo faturou R$ 3,4 bilhões e teve um prejuízo de R$ 123 milhões. Sua dívida supera R$ 1 bilhão.
A contabilidade da Agrenco é naturalmente complexa. O grupo, criado há 16 anos na França por Iafelice, é formado pela Agrenco do Brasil S.A.; pela Terlogs, que opera o Terminal Marítimo de São Francisco do Sul; por empresas de distribuição na Itália, Reino Unido, Cingapura e Ilha da Madeira, em Portugal; pela Agrenco Argentina; pela Agrenco Shipping and Chartering, do ramo de fretes marítimos; pela Finacom (com sede em Malta), de serviços financeiros. Na Noruega, possui ainda 40% do capital da Danofa, uma das principais processadoras e distribuidoras de soja do norte europeu. ( Executivos de megaexportadora de soja estão entre os presos, Patrícia Cançado , O Estado de São Paulo, 21/06/2008)


Em outro texto (PF prende 24 por crime financeiro, Júlio Castro, 21/06/2008, O Estado de São Paulo) a imprensa detalha mais os problemas da empresa:

Segundo a PF, a organização fazia operações cambiais ilegais, ocultava bens, rendas e movimentações financeiras com a participação de “laranjas”, além de operações comerciais simuladas com o uso de documentos falsos e fraudes em licitações. Há indícios de que a quadrilha corrompia servidores públicos de todas as esferas e níveis para alcançar seus objetivos, notadamente nos portos das cidades catarinenses de São Francisco do Sul e de Itajaí.
A PF apurou a existência de fortes indícios de fraudes em licitações promovidas pelo Porto de Itajaí/SC, como ajuste prévio de vencedora, afastamento irregular das demais concorrentes e superfaturamento dos serviços contratados. Além disso, os presos articulavam-se para praticar crimes contra o mercado acionário, ou seja, adquiriam papéis da empresa Agrenco SA, visando ao lucro indevido. A empresa exporta e importa grãos. As penas previstas para os crimes ultrapassam 50 anos de prisão, além de multas.


Como todo bom escândalo, na véspera a negociação dos papeis da empresa foi anormal:

Segundo um analista, a companhia é alvo de desconfiança há alguns dias. O volume médio de negociações, sempre abaixo de R$1 milhão, chegou a R$13 milhões na segunda-feira. A Bovespa pediu esclarecimentos, e a empresa alegou que a oscilação se deveria à convocação de uma assembléia, em 11 de julho, para discutir a emissão de 25 mil novas ações. No mesmo dia, a produtora de equipamentos Hunter do Brasil pediu a falência de uma subsidiária da Agrenco.
(...) O banco Credit Suisse tem participação de 6,89%. Ontem, no Brasil, ele foi o que mais vendeu ações, num total de R$3,2 milhões.
No ano passado, o banco emprestou US$120 milhões à empresa. Em troca, coordenou o lançamento das ações na Bolsa, quando foram captados R$670 milhões. Na época, recebeu US$10 milhões em dinheiro, além de US$30 milhões em comissão. Além disso, ficou com uma participação acionária na empresa.


(PF prende 24 pessoas por lavagem de dinheiro em SP e Santa Catarina, 21/06/2008, O Globo, p. 34, Adriana Baldissarelli*e Juliana Rangel)

(Veja também a reportagem no Wall Street Journal que mostra a participação do Credit Suisse (aqui)

30 setembro 2010

Agrenco II

Eram 6h do dia 20 de junho de 2008, quando Antonio Iafelice, dono da Agrenco, uma das principais empresas do agronegócio no Brasil, desceu da classe executiva do voo AF 454, da Air France, proveniente de Paris, com destino a São Paulo. Acompanhado da esposa e da filha, o empresário, que residia na França desde 1992, chegava para o casamento de um sobrinho.

No controle de passaportes do Aeroporto Internacional de Guarulhos, veio o susto. Ele era aguardado por três policiais armados com metralhadoras. Ali, foi dada a voz de prisão. Segundos depois, dezenas de policiais receberam a ordem para dar continuidade à Operação Influenza, que prendeu outros 30 executivos da Agrenco em São Paulo e em Santa Catarina. Iafelice passou um dia em Guarulhos prestando depoimento.

Em seguida, foi transferido para o Aeroporto de Congonhas, de onde foi embarcado – já algemado – para Florianópolis. Na capital catarinense, ele se juntou a outros executivos da Agrenco na superintendência da Polícia Federal. Ficou numa cela de dez metros quadrados, com outras três pessoas. “Ali, eu tentava entender o que estava acontecendo”, disse ele à DINHEIRO.

“Ninguém sabia de nada e nunca suspeitamos que pudéssemos estar sendo investigados.” Iafelice conta que jamais tinha mantido contato com qualquer advogado da área criminal. “Tentei apenas tranquilizar meus funcionários”, diz ele. “Levaram até uma secretária da Agrenco, que estava grávida e ficou desesperada.”

Antonio Iafelice passou 15 dias no cárcere, em regime de prisão temporária. Como tinha implantado um stent no coração e tomava medicações pesadas contra outras doenças, ele obteve autorização da Justiça para cumprir mais duas semanas em prisão domiciliar, no seu apartamento em São Paulo. “Meu fígado foi para o espaço”, afirma.

“Depois disso, fiquei traumatizado, com medo da própria sombra, sem sair de casa”, diz ele. O empresário José Monforte, ex-diretor do Citibank e sócio de Iafelice na Agrenco, chegou a adiar a volta de uma viagem internacional à Ásia, também com receio de ser preso. De lá para cá, Iafelice viveu 27 meses praticamente na clandestinidade.

Ele obteve um salvo-conduto da Justiça para deixar o País e voltou a morar na França, tendo pouquíssimos contatos com o Brasil. E foi nas proximidades de Annecy, onde ele reside atualmente, que recebeu a melhor notícia dos últimos três anos: em decisão unânime, a 7a Turma do Tribunal Regional Federal da 4a Região trancou a ação penal contra ele e os outros 30 executivos da Agrenco, alegando a nulidade dos grampos telefônicos que foram usados como prova pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

A operação policial, deflagrada com estardalhaço e encerrada melancolicamente como muitas outras que ocorreram recentemente no Brasil, não teve repercussão apenas na vida privada do empresário. A companhia criada por Iafelice, executivo que começou como office-boy e chegou ao comando de empresas como Dreyfus, Continental Grain e Ceval (hoje da Bunge), foi duramente afetada.

Em outubro de 2007, ela teve ações lançadas na bolsa, com sucesso, numa operação coordenada pelo Credit Suisse. Captou mais de R$ 550 milhões para investir em três fábricas de proteína vegetal: uma no Paraná, uma em Mato Grosso e outra em Mato Grosso do Sul. Em junho de 2008, a ação da companhia estava cotada a cerca de R$ 4.

Depois que a Operação Influenza foi deflagrada, o papel virou pó e chegou a ser negociado por mísero R$ 0,11. Depois, só subiu em função de um plano de recuperação judicial e da ação de especuladores. Além disso, os quase três mil empregos da companhia também foram perdidos.

Procurada pela DINHEIRO, a assessoria da Polícia Federal informa apenas que não tem mais responsabilidade sobre operações encerradas e já enviadas à Justiça. O fim da ação penal não serviu apenas para tirar um peso das costas de Iafelice. Deu a ele também ânimo para tentar retomar as rédeas da companhia.

Em 2008, a gestão da Agrenco foi assumida pela consultoria Íntegra, do empresário Nelson Bastos, especializado em recuperação de empresas em dificuldades – foi ele, por exemplo, quem tocou a Parmalat no Brasil depois do estouro de um dos maiores escândalos contábeis de todos os tempos.

Na Agrenco, Bastos chegou a um acordo para reestruturar uma dívida de R$ 1,2 bilhão, que tem como principais credores o Credit Suisse, o Deutsche Bank, o Bank of New York e o Bradesco – o CS é o maior deles, com um crédito de cerca de R$ 80 milhões, decorrente de empréstimos para financiar o próprio IPO da companhia.

De acordo com pessoas próximas a Bastos, a Íntegra teria encontrado a companhia numa situação pré-falimentar. Na semana passada, no entanto, Bastos e outros três conselheiros renunciaram a seus mandatos no conselho de administração da Agrenco. Isso porque Iafelice utilizou uma brecha do estatuto da companhia para nomear novos conselheiros e reassumir o comando da empresa.

“Havia um claro conflito de interesses”, diz a advogada Lúcia Figueiredo, que atua em favor de Iafelice. Segundo ela, a Íntegra tinha uma remuneração mensal de R$ 120 mil e uma comissão variável, entre 1,5% e 2,5%, que seria obtida com a venda de ativos. “Em vez de recuperar a empresa, o interesse passou a ser o de vender os ativos o mais rápido possível”, afirma. Ela cita como exemplo a venda da fábrica de biodiesel da cidade de Marialva, no Paraná, que foi alienada por R$ 35 milhões para a empresa gaúcha BS Bios.

“Dois meses depois, a Petrobras comprou metade da mesma fábrica por R$ 55 milhões”, diz ela. “Ou seja: valia, no mínimo, R$ 110 milhões.” Essa venda, no entanto, foi acompanhada e aprovada pelos credores. Cerca de 50 empresas foram consultadas e apenas a BS Bios apresentou proposta de pagamento à vista.

Antonio Iafelice, que tem 17% das ações da Agrenco, argumenta que o mais importante é fazer com que a companhia volte a operar, com a sua fábrica em Alto Araguaia, em Mato Grosso, e com a unidade de Caarapó, em Mato Grosso do Sul. “Isso atende aos interesses dos credores e de todas as partes interessadas, incluindo os funcionários, acionistas e o próprio governo, que arrecadaria mais impostos”, diz ele.

Ele acredita que, em 2011, a Agrenco poderá faturar cerca de US$ 800 milhões. “Mas se não tivesse acontecido a operação policial, estaríamos vendendo US$ 6 bilhões e lucrando US$ 350 milhões por ano.” Iafelice não sabe dizer quais teriam sido as motivações da Polícia Federal.

Ele desconfia da mão invisível de concorrentes e também de eventuais interesses políticos – num dos grampos, Marcelo Sato, marido de Lurian e genro do presidente Lula, foi citado como uma pessoa que atuaria em favor da Agrenco. Com o novo conselho de administração, pela primeira vez no mercado de capitais brasileiro o presidente será um representante dos acionistas minoritários. Trata-se de Edgard Salomão, que conseguiu reunir um grupo que representa 12% do capital da companhia.

Ao todo, a Agrenco tem cerca de seis mil acionistas minoritários, que vivem uma situação comparável à do Plano Collor. Desde fevereiro deste ano, a negociação das ações está suspensa por determinação da Comissão de Valores Mobiliários porque a empresa deixou de apresentar seus balanços.

Com o dinheiro bloqueado, existem investidores de vários perfis – desde um garoto de 15 anos de Palmas, no Tocantins, que aplicou R$ 750, até um empresário de São Paulo, que investiu R$ 6 milhões. Salomão tem pendurados cerca de R$ 200 mil. “O que importa é botar as fábricas em funcionamento, gerar caixa, pagar os credores, voltar a publicar balanços e criar valor para os acionistas”, diz ele.

Um passo seguinte, estudado pelos acionistas, seria propor ações indenizatórias contra a União, em função dos reflexos da Operação Influenza numa empresa com ações em bolsa. “Muita gente foi lesada”, diz o presidente do conselho. Iafelice pensa da mesma maneira. Se a ação policial não tivesse ocorrido, ele diz que a Agrenco hoje valeria cerca de US$ 2 bilhões em bolsa.

Quanto a suas ações, valeriam no mínimo US$ 300 milhões. “Em vez de US$ 300 milhões, tenho só US$ 300”, diz ele. “Nem isso”, grita sua esposa. Iafelice, então, se corrige e diz que vive de empréstimos de amigos e de algumas consultorias que faz, ligadas ao agronegócio – ele estuda projetos em países como Rússia e Gana. Quando liga da França para o Brasil, utiliza o serviço gratuito Skype.

“Se não fizer isso, e tiver que pagar conta telefônia, perco meu último dedo do pé”, diz ele. De todo modo, Iafelice vive perto de Annecy, uma das cidades mais badaladas da França e muito próxima a Genebra, na Suíça. Para voltar a reinar no agronegócio, ele terá antes de convencer os credores, que podem, a qualquer momento, pedir a falência da companhia. “Ele tem que tomar cuidato para não dar um tiro no próprio pé”, disse à DINHEIRO um grande banqueiro.


A vida depois da prisão - Por Leonardo Attuch - Isto é Dinheiro - 24 set 2010

25 junho 2008

Mais sobre Agrenco


A empresa de agronegócios Agrenco anunciou, nesta terça-feira, ter aceitado os pedidos de demissão de Antonio Lafelice, que ocupava a presidência da companhia, Antonio Augusto Pires Jr, diretor Operacional, e Francisco Carlos Ramos, diretor de Relações Institucionais. (...)

Em nota, a empresa ressalta "não ter recebido nenhuma notificação ou acusação por parte da Justica e que as ações realizadas pela Polícia Federal estão relacionadas estritamente a investigação dos executivos detidos".


Agrenco aceita pedido de demissão de executivos e anuncia novo presidente - Juliana Rangel - O Globo - 24/06/2008

Acionistas da trading agrícola Agrenco já estudam formas de buscar compensação para os prejuízos que tiveram com o investimento na companhia, cujos três principais executivos, incluindo o maior acionista, foram presos na sexta-feira. (...) Fóruns de investidores na internet deixam claro a ansiedade dos minoritários, que enfatizam a importância de união em busca de uma defesa comum para tentar recuperar parte das perdas de quase 90% desde a chegada do papel no mercado.

Investidores estudam ações contra perdas na Agrenco - 25 June 2008 - Valor Econômico

O advogado Cláudio Gastão Filho, que defende os três executivos do grupo Agrenco, Antônio Augusto Pires Jr., Antônio Iafelice e Francisco Ramos, irá na manhã de hoje para Porto Alegre, no 4º Tribunal Regional Federal (TRF), pedir para que seja revogada a prisão preventiva dos seus clientes. O argumento do advogado é que não há os pressupostos para que seus clientes fiquem presos em uma prisão preventiva. Segundo Gastão, eles têm total interesse para que o caso seja esclarecido rapidamente, uma vez que estão tendo prejuízos com isso. "Eles estão dispostos a colaborar, possuem passado ilibado e não vão se evadir porque possuem patrimônio e família no Brasil". (...)

Gastão, que atua na área criminal e não faz parte dos advogados da própria empresa, disse ontem que não corresponde à realidade o fato de que a empresa teria maquiado balanços. (...)

Advogado tenta soltar sócios - 25 June 2008 - Valor Econômico (grifo meu)

O debate envolve a discussão dos direitos dos BDRs, recibos de ações, pois a companhia tem sede nas Bermudas e seus papéis estão listados na Bolsa de Luxemburgo - onde despencaram ontem. Para completar, o nome de grandes instituições estão ligados à ida da companhia à Bovespa e a responsabilidade delas será questionada por aquelas que buscarem ressarcimento para suas perdas. O Credit Suisse emprestou dinheiro à Agrenco e depois coordenou a oferta. A KPMG é auditora independente do negócio e assina os números. Além disso, dois dos maiores escritórios de direito societário do país assinam os documentos da distribuição: Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. Os investidores que se sentirem prejudicados pela Agrenco podem entrar na Justiça contra a companhia ou contra os coordenadores da oferta, acredita o advogado Frederico Stacchini. Ele lembra que, nas ofertas públicas, tanto a companhia emissora quanto coordenador líder têm responsabilidade civil sobre as informações divulgadas ao mercado durante o período de distribuição. "A própria Instrução 400 da CVM prevê isso no artigo 56, sobre a responsabilidades em níveis diferentes da companhia e do coordenador." Ambos são responsáveis pela veracidade, consistência e suficiência das informações. "Se provar que a empresa ou o organizador foram omissos ou forneceram informações incompletas, o investidor pode pleitear uma indenização."Quanto estreou na Bovespa, os controladores da empresa já estavam sob investigação da PF. Na prática, significa dizer que tanto a CVM como a Bovespa permitiram, sem saber, a listagem de uma companhia com alto potencial de escândalo. Os trabalhos da polícia começaram em agosto do ano passado e os BDRs da companhia estrearam no pregão em 25 de outubro. Consultada, a assessoria de imprensa da superintendência da PF em Santa Catarina explicou que, inicialmente, as investigações são tratadas como suspeitas e, por isso, as ações práticas só ocorrem após a obtenção de dados mais consistentes pela PF. Questionada, a CVM informou que mantém permanente relacionamento institucional com todos os órgãos públicos que guardam relação com suas atribuições legais, o que inclui a Polícia Federal. Nesse sentido, a autarquia explica que o intercâmbio de informações do mútuo interesse da CVM e das autoridades policiais faz parte da rotina das atividades. "Não obstante, não se pode afirmar, com os elementos ora disponíveis e à luz da legislação aplicável, que a CVM deveria ter sido informada anteriormente acerca dos fatos."João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa, acredita que não há meios legais de a bolsa ser alertada pela PF em casos como o da Agrenco. "Se pudesse haver algum convênio de informações, seria ótimo. Mas não sei se isso é possível." No momento, a preocupação da bolsa, segundo ele, é dar transparência aos acionistas sobre os processos envolvendo os executivos.

Minoritários da Agrenco buscam meios para compensar prejuízos - 25 June 2008 - Valor Econômico

A escândalo da Agrenco é emblemático por ser o primeiro depois do renascimento do mercado de capitais brasileiro. Acabou a festa, chegam as cobranças. E esse jogo de achar culpados os auditores conhecem bem.A mãe de todos os escândalos contábeis, a Enron, não quebrou os bancos que operavam com a companhia americana de energia, que estava entre as cinco mais admiradas do país: quebrou a Arthur Andersen, a mais respeitada auditoria do mundo até então. (...)
Atuação dos auditores mudou depois do caso Enron - 25 June 2008 - Valor Econômico

24 junho 2008

Abertura de capital no Brasil e o lado perverso

O texto abaixo é de 20 de junho de 2008 e foi publicado no Wall Street Journal Americas. Fala das ofertas públicas no mercado acionário e a decepção com os preços após a oferta inicial.


Febre de aberturas de capital no Brasil tem um lado perverso
Antonio Regalado, The Wall Street Journal, de São Paulo
20 June 2008
The Wall Street Journal Americas

(...) Dois terços dessas companhias têm ações negociadas agora abaixo do preço da oferta pública. E alguns investidores reclamam dos bancos, dizendo que eles adotaram uma abordagem de Velho Oeste, faturando com o frenesi por mercados emergentes ao apressar as ofertas públicas iniciais de companhias que não estavam preparadas para isso. Ao mesmo tempo, dizem os investidores, os bancos adotaram práticas questionáveis, como fazer grandes empréstimos a algumas empresas antes da abertura de capital delas e então receber remunerações extras no dia em que elas chegam ao pregão.
(...) Mesmo nos mercados mais maduros, as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) sempre foram apostas de risco — afinal, as companhias que captam recursos no mercado aberto pela primeira vez tendem a ser pequenas e com pouca experiência. Tradicionalmente, os investidores eram duplamente cautelosos com operações desse tipo nos mais voláteis mercados emergentes. Como a tolerância dos investidores para risco aumentou nos últimos anos, mais deles estavam dispostos a mergulhar no mundo especialmente arriscado das aberturas de capital de mercados emergentes. Esses países representaram 44% de todo o capital levantado mundialmente com emissões iniciais no ano passado, segundo a firma de pesquisa Dealogic.

Agora, alguns investidores estão lamentando sua ousadia. Mais de 60% das novas ações de 2007 na Índia valem menos do que no dia em que estrearam nas bolsas. Na China, uma das poucas economias emergentes onde ainda há novas emissões, a autoridade do mercado está receosa que investidores pessoa física estejam sendo prejudicados por terem acesso limitado às ações até que elas já tenham subido. O governo começou recentemente a observar as aberturas de capital mais atentamente, estabelecendo inclusive novas regras para apertar a fiscalização sobre bancos. Empresas que recebem uma grande injeção de recursos agora têm de esperar um ano antes de abrir o capital.

(...) As dificuldades que o mercado brasileiro confrontam mostram como um ambiente regulamentar menos rigoroso pode ter ajudado a alimentar a febre. No ano passado, cerca de uma em cada nove companhias que abriram o capital no Brasil o fizeram depois de receber grandes empréstimos dos subscritores que coordenaram suas ofertas públicas. Os empréstimos foram usados para preparar as empresas rapidamente para uma emissão de ações, em alguns casos com a compra de novos ativos. Em troca dos empréstimos, os coordenadores líderes receberam remunerações extras depois da oferta inicial, seja na forma de dinheiro ou de opções de ações.

Esses empréstimos têm o potencial de criar enormes conflitos de interesse. O papel de um subscritor (normalmente um banco) é agir como um intermediário, assessorando uma empresa para definir o preço da oferta e reunindo investidores para a compra dessas ações. Ele então embolsa uma pequena comissão para cada ação que vende. Mas quando um banco tem um interesse maior do que o normal no resultado da oferta — como um grande empréstimo que quer recuperar ou a promessa de ações — especialistas dizem que ele pode definir preços muito altos ou apressar a operação de uma empresa despreparada.

Os bancos “pegaram empresas sem credenciais e lhes deram as credenciais”, diz Octavio Castello Branco, sócio responsável pela assessoria corporativa da gestora Pátria Investimentos.




A partir daqui o texto usa o caso da Agrenco para exemplificar a situação das IPOs no Brasil:

Veja-se o caso da Agrenco LTD., uma empresa de commodities agrícolas cuja ação caiu 78% desde a abertura de capital, em outubro. O Credit Suisse, que é o líder em subscrições de ofertas públicas iniciais no Brasil, levou a Agrenco ao mercado numa transação de R$ 666 milhões. O banco conseguiu investidores e fixou o preço da oferta a R$ 10,40 por ação.

Oito meses antes da operação, o Credit Suisse emprestou à empresa, que já estava bastante endividada, US$ 120 milhões para a construção de duas fábricas esmagadoras de soja e uma unidade de biodiesel, que foram os principais ativos alardeados depois aos investidores.

Em troca do empréstimo, a Agrenco concordou em pagar ao Credit Suisse um bônus em dinheiro de US$ 11,5 milhões e 6,9% de suas ações, caso tivesse uma abertura de capital bem-sucedida. No dia da estréia na bolsa, essas ações acabaram valendo R$ 110 milhões. (O Credit Suisse ainda não vendeu suas ações, que valeriam cerca de R$ 27 milhões hoje.) Além disso, a Agrenco pagou ao banco R$ 30 milhões em comissões de subscrição. Entre a liquidação do empréstimo original, bônus e comissões, a conta da Agrenco chegou a quase 60% do dinheiro que captou na oferta.

“Foi sem dúvida bem caro”, diz o diretor de relações com os investidores da Agrenco, Marco Antônio de Modesti.

Os investidores, por sua vez, ficaram com ações de uma empresa que não cumpriu as expectativas. Mesmo com o salto nos preços dos grãos, o lucro da Agrenco em 2007 ficou em R$ 43 milhões, 50% abaixo do que havia sido prometido. A companhia argumenta que perdeu dinheiro com a disparada do preço do milho, entre outras causas.

O Credit Suisse afirma que em seu papel como financiador e coordenador líder da oferta, não é responsável pelo fraco desempenho da Agrenco. O banco argumenta que, se a Agrenco tivesse esperado para obter um empréstimo mais barato do governo, não teria sido capaz de crescer na mesma velocidade.

Antonio Quintella, presidente do Credit Suisse no Brasil, disse num email que, em transações nas quais o banco emprestou dinheiro a empresas cuja abertura de capital depois coordenou, “os clientes queriam assessoria, financiamento e acesso aos mercados de capitais, todas áreas nas quais somos fortes, e portanto tínhamos a oportunidade de satisfazer todas as necessidades deles em várias frentes”.


A seguir o texto faz um relato de como é a situação nos Estados Unidos:

Nos Estados Unidos, uma série de regras limita a capacidade de um banco de fazer um grande empréstimo a uma empresa e depois subscrever a oferta pública inicial desta. Por exemplo, se uma companhia usa mais de 10% do dinheiro que capta com a venda de ações para pagar um empréstimo a seu subscritor, um subscritor independente tem de ser trazido à mesa para determinar se o preço da oferta foi definido corretamente.

Os bancos de investimento nos EUA tampouco podem cobrar comissões de mais de 9% do valor total de uma oferta. Isso inclui comissões de subscrição, prêmios em ações e quaisquer outras remunerações especiais relacionadas a um empréstimo recente.
Essa supervisão independente da definição do preço de uma oferta não é exigida no Brasil, nem há limites para os bancos. Autoridades de mercado dizem que o único requerimento é que os prospectos ofereçam a informação completa sobre empréstimos e pagamentos especiais.



A questão, para o Journal, diz respeito aos empréstimos captados antes da abertura de capital:

No Brasil, empresas que receberam grandes empréstimos antes da abertura de capital tiveram desempenho bem inferior ao de outras ações em ofertas iniciais. Essas ações caíram cerca de 52%, em média, desde seu lançamento.

O UBS, que concorre ferozmente com o Credit Suisse no país, também fez empréstimos para os controladores de empresas que depois levou ao mercado aberto, como o Banco Cruzeiro do Sul. A instituição tinha um patrimônio líquido de R$ 287 milhões antes de estrear na bolsa. Mais de metade daquilo — R$ 150 milhões — vinham de um empréstimo do UBS apenas três meses antes, segundo o prospecto da oferta. A ação do Cruzeiro do Sul caiu 51% desde a emissão, em junho.

O UBS se negou a responder a questões sobre ofertas específicas. Numa declaração por email, informou: “O UBS oferece uma ampla gama de produtos e serviços de assessoramento a nossos clientes. Nosso objetivo principal é determinar soluções mais apropriadas às necessidades dos clientes.”

Fausto Guimarãos, diretor de relações com os investidores do Banco Cruzeiro do Sul, diz que o empréstimo do UBS “teve o efeito de preparar o banco para a abertura de capital e aumentar seu tamanho”. Guimarães diz que a operação foi bem e que até agora os resultados do banco estão “de acordo com as projeções antes da oferta pública”. Ele atribuiu a culpa pelo declínio na ação do banco a uma retração geral do mercado causada pela crise do “subprime” americano.
(Colaboraram James T. Areddy e Romit Guha)

30 setembro 2010

Agrenco

A Agrenco Limited nomeou hoje Mehraz Rafat para ocupar o cargo de presidente da companhia. A empresa também escolheu Edgard Mansur Salomão, atual presidente do Conselho de Administração, para acumular a função de diretor de relações com investidores.

Além disso, a companhia publicou seu balanço relativo ao primeiro trimestre de 2009. A trading agrícola apresentou prejuízo líquido de R$ 639,373 milhões no período, contra um lucro de R$ 26,426 milhões apurado no mesmo trimestre de 2008. A Agrenco não gerou receitas no período. Com isso, encerrou com um passivo a descoberto de R$ 587,720 milhões em 31 de março de 2009.

Os números mostram o impacto financeiro da "Operação Influenza" sobre as operações da Agrenco. Realizada pela Polícia Federal em junho de 2008, a operação culminou na prisão dos principais executivos - entre eles, o fundador da empresa, Antônio Iafelice, acusado de crimes como sonegação fiscal e fraude de balanço - e na paralisação das atividades da trading.

Na semana passada, a 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou uma decisão de junho de 2009 da Justiça Federal em Florianópolis que rejeitou a denúncia contra todos os 31 acusados, sob a alegação de que as provas obtidas por interceptação telefônica eram nulas.

No final de agosto, a Agrenco NV - empresa que controla indiretamente as operações da Agrenco no Brasil - entrou com um pedido na Justiça da Holanda para suspender as ações de cobrança de dívidas contra a companhia. O pedido foi aceito pela Justiça, permitindo a reabertura das negociações com credores.

A suspensão de pagamentos não afeta o plano de recuperação das empresas brasileiras do grupo. A Agrenco NV tem dívidas vencidas e não renegociadas com onze bancos internacionais, no valor original de US$ 268 milhões. Destes, sete bancos, que representam 93% da dívida, estão incluídos no plano de recuperação judicial no Brasil.

A expectativa do mercado agora gira em torno da reabertura das transações com os BDRs da Agrenco, listados na Bovespa, que estão com negociação suspensa desde fevereiro.

A suspensão ocorreu por causa do atraso na divulgação das demonstrações financeiras da companhia. Ainda resta publicar os números dos demais trimestres de 2009. Somente depois disso, a Comissão de Valores Mobiliários e a Bovespa deverão analisar o caso e avaliar se liberam ou não a negociação dos papéis.


(Téo Takar | Valor)Agrenco escolhe presidente e publica balanço do 1º trimestre de 2009 - Valor Econômico - 29/9/2010

26 junho 2008

Agrenco e Política


No mês de maio de 2008 postei um link sobre o uso de um indicador na análise das empresas: Um contra-indicador - quando uma empresa começa a fazer doações para políticos é tempo de alerta (Nos Estados Unidos!)

E a Agrenco fez doações para políticos em Santa Catarina. O indicador parece funcionar o Brasil:

Agrenco doou R$ 1,2 milhão a políticos de Santa Catarina
Valor Econômico - 26/06/2008

O grupo Agrenco aparece nas últimas duas eleições em Santa Catarina como um dos principais doadores de recursos para campanhas políticas. Somando as duas campanhas mais recentes, os pleitos de 2004 (eleições municipais) e 2006 (eleições para governo do Estado e deputados estadual e federal), a empresa doou cerca de R$ 1,2 milhão para candidatos a prefeito e a deputado pelo PT, PSDB e PMDB de Santa Catarina. A maior parte dos recursos foi doada na disputa eleitoral de 2004: R$ 655 mil.De acordo com as contas prestadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi o atual prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (PT), então candidato, que recebeu a maior quantia doada pela empresa: R$ 440 mil, o equivalente a 35% do total de despesas da campanha. O porto de Itajaí é administrado pela prefeitura.Morastoni, que atualmente é candidato à reeleição, não concedeu entrevista.

O chefe de gabinete, Adiel Truppel, argumentou que não há como saber o que ocorre dentro de uma empresa, e que desde que "ela tenha CNPJ e esteja em situação regular, ela pode ser doadora de campanhas". Além do prefeito de Itajaí, outros candidatos de cidades vizinhas receberam recursos da Agrenco, caso do atual prefeito de Balneário Camboriú, Rubens Spernau (PSDB), do prefeito de Camboriú, Edson Olegário (PSDB), o prefeito de São Francisco do Sul, Odilon Ferreira (PMDB) e o prefeito de Imbituba, Beto Martins (PSDB). Nem todos deram entrevistas. Spernau disse que foi apresentado a Francisco Ramos, executivo do grupo, por amigos. Ramos morava em Balneário Camboriú na época. Segundo Spernau, não era possível prever que poderia haver operações irregulares. "Meus amigos pediram ajuda dele e ele contribuiu. Como poderia sonhar que a pessoa teria esse envolvimento todo? Imaginava que estava interessada no abatimento de Imposto de Renda com a doação."De acordo com o delegado da PF, Airton Takada, à frente da Operação Influenza, há indícios de que a Agrenco trabalhava nas campanhas com "a política do toma lá dá cá". "As pessoas que financiaram as campanhas costumavam dizer isso. Temos nos autos essa frase. Não falavam nomes de políticos, mas deixavam claro o lema", disse o delegado.Cerca de R$ 170 mil foram recebidos pelo ex-superintendente do Porto de Itajaí, Décio Lima (PT), na campanha de 2006. Ele foi superintendente de janeiro de 2005 a março de 2006 e atualmente é deputado federal. Lima diz que "doador ninguém escolhe" e comenta que àquela época, a Agrenco era "acima de qualquer suspeita, tinha feito acordo com o grupo japonês Marubeni, atua nos mercados europeu e americano e que se trata uma sociedade anônima, que recebe uma fiscalização rigorosa da bolsa de valores", disse. Lima afirma que não houve má-fé de partido algum que recebeu recursos da empresa. "Quem declarou os recursos não pode ser rotulado como conivente com as irregularidades da empresa."A vice-prefeita de Itajaí, Eliane Rebello (PMDB), e que também foi superintendente do porto, de fevereiro a junho deste ano, concorda com Lima e diz que a Agrenco não levantava suspeitas, especialmente por ter ações listadas na bolsa. Ela afirma que não conhecia pessoalmente ninguém do grupo, tendo sido a doação feita para membros do seu partido.Para a deputada estadual, Ana Paula Lima (PT), esposa de Décio, sua imagem está sendo prejudicada, assim como a de todas as pessoas que receberam recursos da Agrenco e foram transparentes, declarando-os. "O Brasil inteiro acreditou nessa empresa. Ela lesou não só a nós, como também a imagem da cidade de Itajaí e do porto". Além de candidatos de SC, a empresa doou R$ 20 mil para a candidatura de Rosa Lopes (PTB) à prefeitura de Barra de São Miguel, em Alagoas.

12 fevereiro 2010

Agrenco

CVM cassa registro e tira Agrenco da Bolsa
Folha de São Paulo - 12/2/2010

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) suspendeu os negócios com os papéis da Agrenco, uma das maiores exportadoras de soja do Brasil. O motivo foi que a empresa deixou de cumprir, por mais de 12 meses, com as obrigações de prestação periódica de contas e de informações.

Executivos da Agrenco chegaram a ser presos sob acusação de fraude ao simular vendas de grãos, falsificar documentos, lavar dinheiro e sonegar impostos, entre outros crimes.

Apesar de ter a maior parte do negócio no Brasil, a Agrenco foi admitida à Bolsa como empresa estrangeira e não podia ser processada por ferir regras do mercado local.


Mais sobre Agrenco, aqui

25 junho 2008

Agrenco e Governança



O caso da Agrenco tem um tempero adicional pela presença de José Guimarães Monforte, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), no conselho de administração da companhia. Ele foi eleito, no ano passado, membro independente do colegiado, ao lado de James Wright. O mandato oficial vai até 2009.

Monforte é largamente conhecido no mercado de capitais brasileiro justamente pelo seu trabalho de divulgação e desenvolvimento das boas práticas de governança corporativa pelas companhias abertas nacionais.

Procurado pelo Valor, o executivo não retornou às ligações para comentar os recentes acontecimentos e os possíveis trabalhos de governança que vinha desenvolvendo na empresa.

Em reunião na segunda-feira, ele assumiu, junto com Wright e Theodorus Antonius Zwijnenberg, que também é diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, a co-coordenação do conselho da Agrenco.

A Agrenco infringia umas das regras básicas da boa governança: o presidente executivo era também presidente do conselho de administração - além de sócio controlador do negócio. (...)

Outro pecado de governança da Agrenco era a ausência de um conselho fiscal. Poucas companhias listadas no Novo Mercado têm tal colegiado instalado. (...)

Agrenco infringia regras de governança
25/06/2008
Valor Econômico

22 agosto 2008

Agrenco

A Agrenco, empresa de capital aberto do setor agrícola que está no foco de um escândalo por fraude, prepara-se para pedir recuperação judicial e, com isso, ganhar uma proteção contra os credores que não param de bater às suas portas com faturas vencidas nas mãos.

(...) O ideal para a empresa, até por uma questão de imagem, seria acertar com o novo controlador antes do pedido de recuperação judicial. Mas as conversas não parecem caminhar nessa direção. Os acertos para uma empresa assumir a Agrenco ocorrem num ritmo mais lento do que a delicada situação financeira da Agrenco permite suportar. Tudo indica que a recuperação judicial virá mesmo antes. (...)

Agrenco prepara-se para pedir recuperação judicial
22/08/2008 - Valor Econômico


Mais sobre Agrenco, aqui

26 junho 2008

Como era a operação na Agrenco


(...) A investigação concluiu que a a TC Transportes fazia de conta que praticava serviços para a Agrenco em Itajaí. "Isso dava a entender que poderiam estar lavando dinheiro porque a única forma de praticar essa ação hoje é dando a impressão que você tem uma atividade lícita que na verdade não existe e ainda começar a pagar imposto municipal - o que era o caso da Agrenco", diz Takada. Segundo o delegado, a Polícia Federal também comparou notas fiscais dessa operação que lhe foram fornecidas -ele não quis revelar a fonte- e constatou que a ordem numérica de emissão não era coerente com as datas das notas. "Por exemplo, se a nota de número 1 está datada 25 de março, a nota 2 tem que ser do dia 25 daquele mês em diante, mas às vezes encontramos datas retroativas."Foi instaurado então um procedimento preliminar investigatório, no qual ele diz que foram observadas "situações estranhas": "Um dos acionistas da Agrenco, o senhor Francisco Ramos, que tinha um salário regular de cerca de R$ 40 mil (salário oficial), possuía uma despesa dez vezes maior", afirma o delegado. A Polícia Federal descobriu que os gastos do executivo eram infinitamente maiores do que os seus ganhos porque solicitou a quebra de seu sigilo bancário. Segundo o delegado, foi observado a partir dessas informações iniciais -a investigação começou em agosto de 2007, antes mesmo de a empresa lançar BDRs, recibos de ações, na Bovespa, em outubro- que Francisco Ramos tinha uma "rede de pessoas que trabalhava para ele".

Neste esquema, eles compravam carregamentos de soja que não existiam e dividiam o dinheiro desviado. Parte do valor também era usado no pagamento de propina, para legalizar o negócio.


Diretor da Agrenco comandava esquema
Valor Econômico - 26/06/2008

Pechincha


A Dreyfus, a despeito dos problemas de imagem que recaem sobre a Agrenco, encontrou meios econômicos de ficar com o negócio. E não deixou muito espaço de manobra para os minoritários. A capitalização da holding na qual estão os sócios controladores presos pela Polícia Federal é um meio ágil e barato de ficar com a Agrenco. Ao se tornar acionista indireta, consegue se desvencilhar da cláusula que limita a participação de um sócio a menos 20% - a chamada pílula de veneno. Qualquer acionista, exceto os controladores, que atingirem essa proporção teriam de fazer oferta aos minoritários. Mas tal veneno não é disparado nesse caso, pelo fato de o negócio passar pela holding.No entanto, a Dreyfus será, na prática, a nova controladora da Agrenco Limited. Pela Lei das Sociedades por Ações, a transação poderia demandar oferta por troca de controle aos minoritários, o chamado direito de "tag along". A companhia francesa, porém, condicionou a capitalização da Agrenco à ausência dessa obrigação.

A fatia dos acionistas minoritários, incluindo Credit Suisse e MFC Global, custaria R$ 100 milhões a preços de mercado. O acordo com a Dreyfus resgataria a Agrenco de uma possível insolvência. No mercado, está claro que a empresa enfrentaria dificuldades adicionais de conseguir dinheiro. A situação, antes mesmo do escândalo, já não era confortável: dívida de curto prazo de R$ 1 bilhão e R$ 50 milhões em caixa. Na Bovespa, as ações seguem suspensas desde sexta-feira. A bolsa quer informações sobre os problemas com a PF. Ontem, também na Bolsa de Luxemburgo as transações foram bloqueadas.

Minoritário entre a cruz e a caldeirinha
26/06/2008 - Valor Econômico

22 agosto 2012

Agrenco

A companhia de agronegócios Agrenco, cujas subsidiárias brasileiras estão em recuperação judicial, abriu 12 ações judiciais para anular dívidas fiscais no Estado do Mato Grosso que afirma serem "inexistentes" e originadas no período da administração anterior da empresa. (...)

O valor da dívida fiscal não foi divulgado. A Agrenco afirma que as subsidiárias "confessaram dívidas fiscais inexistentes" e que a administração anterior "absteve-se de apresentar defesa em inúmeros autos de infração para combater dívidas também inexistentes e/ou inconsistentes".

As 12 ações foram abertas na sexta-feira passada e "outras 9 serão ajuizadas nesta semana, visando a comprovação de que toda a quantidade de soja e milho que saiu do MT para exportação foi de fato, efetivamente exportada".

Segundo a companhia, os processos podem reduzir sensivelmente o passivo fiscal das subsidiárias. [1] A Agrenco ainda denunciou o assunto ao Ministério Público de São Paulo e afirmou que o MP paulista instaurou investigação para "apuração dos fatos e de eventual prática de crime". (...)


Agrenco abre ações para anular cobrança de dívida "inexistente" - 20 de Agosto de 2012 - Estado de São Paulo

Na realidade a redução do passivo não depende somente dos processos. Conforme a teoria informa (vide Capítulo 7 do Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva) ainda existe a possibilidade real da dívida ser cobrada. Neste caso, somente quando a empresa tiver uma garantia que vencerá o processo contra o fisco estadual é que a mesma deveria ser retirada do balanço.

24 junho 2008

Agrenco: teste do mercado?

(...) Entre as acusações sobre os envolvidos no esquema investigado estão sonegação fiscal, remessa ilegal de dinheiro ao exterior, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva."O problema é que se trata de um cardápio de acusações muito ruim para o mercado", afirma Edison Garcia, superintendente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais. Ele acredita que o caso pode gerar cautela adicional por parte dos aplicadores. Além disso, pode afastar investidores que pensavam em colocar dinheiro na bolsa. "O caso terá que ser averiguado em profundidade e, para isso, terão de ser usados todos os procedimentos de regulação e auto-regulação. Que se façam as punições necessárias."

João Batista Fraga, superintendente de relações com empresas da Bovespa, também admite que o impacto para o mercado de capitais brasileiro é negativo. "Acusações desse tipo sempre têm reflexo ruim. Não há como ser diferente."

(...) Até então, a desvalorização era fruto dos problemas de liquidez financeira da companhia. Ao final de março, a empresa tinha dívida de R$ 1,2 bilhão, dos quais mais de 80% venciam em doze meses. Para honrar esses compromissos, contava com um caixa de R$ 52,5 milhões. Para tentar aliviar as dificuldades, planejava uma possível nova emissão de ações, da qual poderia obter cerca de R$ 110 milhões - antes do tombo da sexta-feira.A companhia já estava entre as piores histórias de abertura de capital. O fato de ter sido assessorada por instituições com larga experiência no processo de abertura de capital não impediu que decepcionasse logo na estréia. No primeiro dia, os recibos de ações (BDRs) da companhia caíram 14,23%. Atuaram na coordenação da Agrenco na bolsa o banco Credit Suisse, os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados.

(...) É, porém, de amplo conhecimento que os bancos e escritórios de advocacia também estimularam essa expansão. Bateram na porta de companhias e ofereceram a abertura de capital como um produto: promessa de crescimento e liquidez para parte do patrimônio dos controladores.

No auge das estréias na Bovespa, os investidores começaram a criticar alguns modelos usados pelas novatas. Um dos mecanismos alvo dessas críticas foram os empréstimos fornecidos às empresas pelos bancos que coordenavam as emissões de ações. A Agrenco está justamente entre as companhias que vieram à mercado com essa estrutura. De acordo com o prospecto da oferta de ações, 67,5% da captação na bolsa foi usada para pagar empréstimos e 24,5% para abastecer a empresa de capital de giro - o que já indicava a fragilidade financeira. Dos R$ 425,5 milhões dedicados a honrar as dívidas, mais da metade foi destinado ao Credit Suisse, coordenador da abertura de capital, principal credor da companhia.

(...) Ao iniciar as conversas preliminares sobre a estréia na bolsa, a faixa de preço pensada era de R$ 16 a R$ 21 por ação. Quando efetivamente foi lançada a oferta, esse intervalo foi reduzido para R$ 13 a R$ 17. Mas os BDRs foram vendidos a R$ 10,40. Na sexta-feira, os papéis da Agrenco estavam cotados a R$ 1,25, quando veio a suspensão das transações. (...) (Colaborou Célia de Gouvêa Franco, de São Paulo)

Escândalo da Agrenco testará mercado
23/06/2008
Valor Econômico

29 junho 2008

Agrenco: o valor da governança

Segundo fontes ligadas aos fundos de investimento, além do suposto esquema, eles também estariam intrigados com a revelação feita pelo Wall Street Journal, publicada no dia da operação da PF. A reportagem diz que 60% do dinheiro captado no IPO foi para o caixa do Credit Suisse (entre pagamento de dívidas, bônus e comissões). A Agrenco levantou R$ 666 milhões na abertura de capital. (...)

O ex-presidente do Instituto Brasil de Governança Corporativa (IBGC), José Guimarães Monforte, é um dos conselheiros da Agrenco. Para investidores, seu nome funciona como um aval da credibilidade da companhia. Além de conselheiro, Monforte foi contratado como consultor para preparar a Agrenco para a abertura de capital. O acordo previa pagamento de R$ 75 mil, além de uma taxa de sucesso de 0,3% do valor da operação, o que dá quase R$ 2 milhões. Monforte não quis dar entrevista.

Fundos querem investigar o que aconteceu com a Agrenco
Patrícia Cançado
28/06/2008
O Estado de São Paulo

24 junho 2008

Agrenco: Reação da Empresa

SÃO PAULO, 23 de junho de 2008 - A Agrenco informou ao mercado que a prisão de três de seus executivos pela Polícia Federal, na última sexta-feira, causou "surpresa e estranheza". Em comunicado enviado ao mercado, a empresa informa desconhecer a natureza das acusações relativas a estes profissionais ou as razões que motivaram a detenção, visto que a companhia ainda não teve acesso aos autos da investigação. "Porém a Agrenco se compromete a divulgá-las ao mercado tão logo tenha ciência destas", afirma o documento.

AGRONEGÓCIO: Para Agrenco, prisão de executivos é 'surpresa'
23/06/2008 - Gazeta Mercantil News (Tempo Real)

25 junho 2008

BDR sob suspeita


CVM investiga negociação com BDRs
25/06/2008
Valor Econômico

O volume de negociação com os BDRs (recibos de ações) da Agrenco disparou exatamente uma semana antes da operação da Polícia Federal no dia 20. O número de negócios salta de menos de 50 por dia para 530 no dia 13 de junho, mantendo-se perto de mil nos dias seguintes. No dia 16, o volume negociado chegou a R$ 13 milhões, um dos mais altos desde o lançamento do papel em outubro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) disse que está analisando as operações para ver se houve uso de informação privilegiada.Ontem, quatro dias depois do escândalo envolvendo a prisão dos controladores e principais executivos da Agrenco, a Credit Suisse Corretora enviou relatório aos clientes retirando a recomendação de compra ("outperform") para os BDRs (recibos de ações) da empresa e anunciou a suspensão da cobertura do papel.

A corretora, que pertence ao banco que coordenou a oferta de ações e era a única casa a acompanhar a Agrenco, mantinha preço alvo de R$ 19,00 para o BDR, o dobro do preço de lançamento, e quase 20 vezes maior que a última cotação do BDR antes de ser suspensa na tarde de sexta-feira, a R$ 1,25.Em relatório enviado aos clientes, com data de 24 de junho, o analista Luiz Otávio Campos informa que suspendeu a cobertura da Agrengo até que se torne mais clara a investigação sobre os três executivos da companhia. "Nossa mais recente classificação ('outperform') não deve ser mais considerada", diz o relatório, acrescentando que a corretora "continuará a monitorar o BDR durante a investigação e manterá os investidores informados de qualquer notícia".A suspensão da cobertura não significa que a corretora recomenda a compra ou a venda do papel, explica um executivo do mercado que pediu para não ser citado. Ela é uma prática comum das corretoras quando há um fato muito grave e não há condições de entender o que está acontecendo com uma empresa em determinado momento. "Se os próprios executivos da companhia não podem dar informações, emitir uma ordem de compra ou venda seria especulação", diz esse executivo. Além disso, a negociação do papel está suspensa, o que tornaria inútil uma recomendação. A suspensão também não significa que a corretora deixará de cobrir o papel.

Uma visita aos fóruns de discussão de investidores mostra a força que a recomendação da Credit Suisse tinha sobre os aplicadores. No fórum do site financeiro ADVFN, é possível ver várias histórias de aplicadores que acreditavam na empresa, citando a avaliação da corretora. No dia 11, por exemplo, quando os BDRs da Agrenco chegaram a R$ 3,50, um investidor se animou e escreveu: "Agora é meu preço, esperei e chegou agora. Vou dobrar o capital nela." E continuou: "Vamos acompanhar, essa malvada não vai apanhar mais não", escreveu o investidor, lembrando ainda da estimativa de "outperform" para os papéis feita pelo Credit Suisse.Já no dia 16, outro investidor ressaltava o papel, lembrando que a ação era "considerada 'outperform' pela Credit Suisse". "Com projeção de valorização de 165% em 365d. Comprei mais um pouquinho a 2,76 hoje e to vendo o negócio despencar." (sic)

10 janeiro 2011

Auditoria, CVM e Agrenco

Após a decisão da CVM, os papéis [da Agrenco] ficam imediatamente liberados para a negociação. Mas é preciso aguardar posicionamento da BM&FBovespa sobre quando e de que forma elas serão retomadas. Pelos procedimentos operacionais da bolsa, o papel deverá ficar em leilão durante uma hora antes que o primeiro negócio seja fechado.

A BDO, auditoria responsável pelo balanço, apresentou parecer com "negativa de opinião", o que significa que os dados apresentados não estão de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Andrade [superintendente de Relações com Empresas em exercício da CVM] ressalta, no entanto, que questões envolvendo a suspensão de registros são basicamente referentes à prestação das informações. "Nós não estamos examinando a qualidade das informações. O que nos interessa é que elas estejam disponíveis e tenham passado pela auditoria. Se houver um parecer ressalvado, por exemplo, nós não iremos suspender a negociação. Apenas se o informe não for divulgado periodicamente", afirmou o superintendente da CVM.


CVM libera negociação de papéis da Agrenco - Ana Paula Ragazzi - Valor - Sex, 07 Jan 2011

24 junho 2008

Caso Agrenco: responsabilidade de quem?

(...) O único especialista que acompanha a empresa é Luiz Otávio Campos, do Credit Suisse. Em relatório de 15 de maio, o analista recomendou a compra das ações da Agrenco e atribuiu preço-alvo de R$ 19,00. Mesmo depois do noticiário do final de semana, Campos não publicou nenhuma alteração em suas análises. O Credit Suisse coordenou a abertura de capital da empresa, em outubro. Além disso, é acionista do negócio, com uma fatia de quase 7%. Por fim, cerca de 40% dos R$ 666 milhões captados na oferta de ações foram usados para pagar empréstimo feito pelo banco à Agrenco, antes da listagem na bolsa. A instituição não foi a única a assinar a abertura de capital da companhia. Os escritórios Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados produziram o material da oferta. A KPMG é auditora dos números do balanço da empresa. Além de ter a estréia na bolsa chancelada por instituições renomadas, a companhia conta com José Guimarães Monforte, ex-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como membro independente do conselho de administração da companhia. Foi eleito em agosto de 2007. Diretor comercial irá acumular cargos vagos - Valor Econômico 24/06/2008 - (Colaborou Nelson Niero)

26 junho 2008

Governança na Agrenco


É possível que em uma empresa que siga os princípios da governança corporativa ocorram casos de desvio de dinheiro, fraude no balanço e sonegação fiscal? Esta é uma das perguntas que têm sido feitas nos últimos dias a José Monforte, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e membro do conselho administrativo da Agrenco, empresa do setor de agronegócios que está sendo investigada pela Polícia Federal por suspeita exatamente desses crimes, em um processo que levou à prisão na sexta-feira dois dos seus sócios e mais um executivo.

(...) E quanto às auditorias? Ele lembrou que auditorias internas e externas são feitas por amostragem e é possível que desvios ou mesmo ações criminosas não sejam identificados por essas análises das contas. Seria preciso um sistema extremamente minucioso, detalhista, para ser possível levantar qualquer e toda inadequação.

"Processo de governança na Agrenco avançava" - 26/06/2008 - Valor Econômico


Uma boa auditoria, mesmo que feita sob amostragem, poderia conseguir descobrir os problemas da empresa. A afirmação de Monforte é infeliz e temos aqui duas justificativa: ou não conhece como funciona a auditoria ou tenta justificar o injustificável.