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25 outubro 2006

Vale e Inco 5 - Querer mais

Do Estadão de Hoje

Vale já garantiu o controle e agora quer comprar todas as ações da Inco

Mineradora fechou a compra de 75,6% da empresa por US$ 13,4 bi e estendeu a oferta pelos papéis até novembro

Cris Medeiros

O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, presidiu, na tarde de ontem, sua primeira reunião como novo patrão da mineradora canadense Inco. Na sede da Inco em Toronto, localizada numa torre envidraçada da King Street, a principal rua comercial da cidade, Agnelli liderou uma conferência telefônica, respondendo a questões dos funcionários da empresa.

Além dos executivos de Toronto, a conversa incluiu os dirigentes das operações canadenses - em Sudbury, no leste de Ontário, Thompson, na província de Manitoba, e Voisey's Bay, em Labrador - e das internacionais, na Indonésia e no País de Gales. Durante a conversa, que durou mais de uma hora, Agnelli confirmou que deve dissolver a atual diretoria, mas que não haverá demissões nem grande redução do número atual de cargos nos próximos três anos, como previsto no acordo de compra da empresa.

Agnelli chegou ontem mesmo a Toronto, depois que a Vale já havia fechado a compra de 75,6% das ações da Inco, uma operação de US$ 13,4 bilhões. A transação foi concluída à meia-noite de segunda-feira, quando expirava o prazo para que ao menos dois terços das ações fossem adquiridas. Durante todo o dia, os acionistas aceitaram a oferta da empresa por telefone ou e-mail.

Na maioria dos casos, os acionistas foram representados por corretores de valores ou seus conselheiros financeiros. Vários deles, no entanto, esperaram o fechamento do pregão da Bolsa de Toronto, na esperança de que uma valorização do dólar americano tornasse a oferta mais rentável. No final da tarde de segunda-feira, a Vale informou que prolongaria sua oferta de 86 dólares canadenses por ação até o dia 3 de novembro.

A Vale vai adotar uma estratégia agressiva para conquistar o controle integral da Inco. A empresa está disposta a desembolsar mais US$ 4,5 bilhões para atrair o restante dos acionistas que ainda não aderiram à oferta. Assim que a companhia brasileira assumir o controle de 85% das ações da Inco, o balanço comercial da mineradora deixará de ser submetido às autoridades fiscais do Canadá e dos EUA como empresa nacional, passando a ser catalogada como empresa de capital estrangeiro.

O interesse da mineradora brasileira é transformar a produtora de níquel em uma subsidiária integral do grupo, a exemplo do que já ocorreu com outras aquisições, como a Caemi, no Brasil. Em nota, a Vale informou ainda que pretende fechar o capital da empresa nas bolsas de valores de Toronto e de Nova York. A Inco é a segunda mineradora canadense de níquel arrematada pela companhia brasileira. Em dezembro de 2005, o grupo comprou a Canico, dona da mina de Onça Puma, no Pará.

RANKING

Após a conclusão da compra da Inco, a Vale sobe duas posições no ranking das mineradoras mundiais, ficando atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. Desde 2000, a empresa brasileira vem investindo pesado para consolidar sua participação no segmento de minério de ferro e diversificar sua atuação no mercado de metais.

Entre 2000 e 2002, o grupo comprou a Socoimex, Samitri, Samarco, Ferteco, o projeto de Sossego, parte da Caemi, Salobo e Alunorte. A partir de 2003, a companhia começou a diversificar suas atividades e a olhar mais para o exterior. A primeira aquisição foi uma empresa de ferro-ligas na Noruega chamada Rana. Depois, comprou a empresa de níquel canadense Canico e agora outra canadense, a Inco. Nesse meio tempo, ainda aumentou sua participação na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e na Valesul.

A analista Cristiane Viana, da Ágora, não acredita em aquisições de peso pela Vale nos próximos dois anos. 'Nesse período, a Vale vai ter de digerir a compra da Inco', disse. 'Se houver alguma compra, não será desse porte.' A corretora reiterou a recomendação de compra dos papéis da mineradora brasileira após a conclusão da oferta pela companhia canadense Inco.

ANÚNCIO

Nesta quarta-feira, Roger Agnelli e o atual presidente da Inco, Scott Hand, farão juntos o anúncio oficial da aquisição da mineradora canadense. O anúncio será feito no salão nobre do Le Royal Meridien King Edward, um dos hotéis cinco estrelas de Toronto, que fica na mesma rua da sede da Inco.

Agnelli e sua comitiva, que inclui o diretor-executivo de finanças, Fabio Barbosa, e o diretor-executivo de assuntos corporativos, Tito Martins, estão hospedados no hotel.

COLABOROU MÔNICA CIARELLI

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